“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mateus 19:9) (grifo meu)
A velha máxima fascista dizia que a mentira contada várias vezes transformava-se em verdade. A ideia, nutrida de uma imaginação fértil, ganhou adeptos e serviu para justificar os horrores causados no Holocausto, onde mais de seis milhões de judeus foram covardemente mortos na Segunda Guerra Mundial.
O projeto de tentar transformar a Verdade em mentira ou vice-versa não teve como autores iniciais os homicidas comandados por Adolph Hitler. Na verdade, esse toque sutil, refinado e perverso teve início lá no Éden, no princípio de tudo, na criação humana. A história até já cansamos de ouvir e de ler: DEUS havia dito ao primeiro homem e à primeira mulher que de toda árvore do jardim poderiam comer livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não podiam comer; porque no dia que fizessem isso, certamente morreriam. A partir dessa ordem, entra em cena satanás incorporado na serpente, tentando transformar a Verdade de DEUS em meia-verdade ou em mentira absoluta. O final também já conhecemos: o homem culpa DEUS por tê-lo dado uma companheira perversa, astuta, maliciosa. A culpa, enfim, foi de DEUS…
Consideradas as devidas proporções, o homem, depois de muito tempo, continua desejoso de repassar as responsabilidades do que faz a terceiros. Esse é um mal que ele acha que vai eximi-lo de uma caminhada tortuosa com DEUS. No caso específico de separações e divórcios, tanto um quanto o outro ficam atirando dardos inflamados entre si, na tentativa de mostrar que a culpa nunca recai em quem atira a pedra, mas em quem a recebe. Foi exatamente isso que aconteceu no encontro de JESUS com os fariseus, quando estes levaram à presença do Filho de DEUS uma mulher pega em flagrante adultério. Os atiradores estavam ali todos sedentos, armados com suas pedras afiadas. De um lado, JESUS; e bem no centro, como se no meio de um círculo, a pobre e condenada mulher. Rápido no gatilho do Seu pensamento, JESUS muda completamente o panorama: os acusadores seriam transformados em igualmente culpados. Quem, afinal, nunca havia cometido nenhum pecado, a ponto de estar habilitado para atirar a primeira pedra naquela desprotegida senhora?
Hoje, quando alguém se dirige à sua liderança religiosa e conta, com uma dramaticidade impressionante, o seu problema matrimonial, diz logo que foi traída (o). Então, a primeira coisa que o líder faz é abrir a Bíblia (pois não há maneira mais correta de averiguar algo se não for na Palavra de DEUS), especialmente no Evangelho escrito por Mateus, mais precisamente no capítulo 19, versículo 9. É como se somente esse versículo, em todo o Novo Testamento, tratasse do problema em questão. Pronto: parece conter ali a solução, o remédio, para toda a perturbação daquela irmã ou daquele irmão. Ao invés de falar-lhe a Verdade de JESUS sobre casamento e família, o pastor, quase sem respirar, com uma firmeza impressionante em sua voz, olha para a sua ovelha e diz: “pode se divorciar, irmã, e se casar outra vez. A Bíblia permite que se faça isso em caso de adultério. Esse teu marido não tem mais jeito. Desista dele”.
O que deveria ser o fim de um problema conjugal e o recomeço de uma vida tranquila no futuro, se tornará um tormento espiritual na vida daquela pessoa. Vou explicar por quê.
O Novo Testamento foi escrito com a finalidade de nos revelar a pessoa e os conselhos de JESUS CRISTO, o mediador da Nova Aliança, aquela pela qual os nascidos de novo iriam nortear a sua conduta cristã. Oito homens receberam a grande responsabilidade de escrever sobre o alimento que iria fortalecer a vida de todo cristão, dos quais, quatro (Mateus, João, Pedro e Paulo) foram apóstolos. Dois, Marcos e Lucas, foram companheiros dos apóstolos e dois, Tiago e Judas, eram irmãos de JESUS. Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram livros que chamamos de Evangelhos (que significam “boas-novas”), e, por isso, são chamados de evangelistas. Os três primeiros Evangelhos são chamados Sinóticos, porque apresentam uma sinopse, um resumo da vida ministerial de CRISTO. O Dr. Van Dyke afirmou: “suponhamos que quatro testemunhas comparecessem perante um juiz para depor sobre certo acontecimento e cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz, provavelmente, concluiria que ambas haviam concordado em contar a mesma história”, com o estilo peculiar de cada uma. A grande diferença que há nos livros Sinóticos é o público para qual cada manual se destina, de maneira bem particular. O Evangelho de Mateus é endereçado aos judeus, para mostrar-lhes o tão esperado Messias. O de Marcos, aos romanos; e o de Lucas, aos gregos. Veja bem, o único que não se preocupou em excluir os judeus da história Sagrada foi Mateus. Ele procurou convencê-los de que JESUS era o cumprimento de todas as profecias e que toda a lei de Moisés tornar-se-ia antiquada com o surgimento DELE.
A passagem em que JESUS se encontra dialogando com os fariseus e escribas, por exemplo, acerca do casamento, foi transcrita pelos três primeiros evangelistas, com uma notável diferença: cada qual extraiu apenas os elementos da narrativa, que interessariam ao seu público-alvo. Portanto, é fácil entender a razão pela qual Mateus foi mais detalhista no ponto que se refere à citação da suposta cláusula de exceção (grifada no versículo de abertura desse nosso estudo), e que dava direito a uma pessoa repudiar o seu cônjuge. Os outros dois, Marcos e Lucas, não citaram. Há quem tente justificar o apreço pelo divórcio, afirmando que o primeiro evangelista (Mateus) tinha um estilo mais minucioso, detalhista, de abordar os fatos, em relação aos outros dois, sendo, portanto, o seu Evangelho de maior credibilidade para entendermos o assunto. Mas, ao lermos todas as passagens que aparecem de maneira comum nos três Evangelhos, veremos, de imediato, que tal justificativa alegada por alguns pastores divorcistas não é verdadeira. Por exemplo, Mateus retratou o encontro de JESUS com os fariseus sobre o casamento em 10 versículos (capítulo 19, do versículo 3 ao 12). Marcos o relatou em 11 versículos (capítulo 10, do versículo 2 ao 12) aos romanos; enquanto que Lucas preferiu relatar apenas o essencial da questão aos gregos, citando-o em apenas um versículo: “Qualquer que deixa sua mulher e casa com outra adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também” (16:18).
Por que será que nem Marcos nem Lucas se interessaram em escrever a suposta cláusula de exceção em seus escritos? Já vimos que não foi pelo fato dos dois terem um estilo de escrita mais sintético em relação a Mateus (basta comparar todas as passagens apresentadas nos três Evangelhos para comprovarmos que em muitas outras, Mateus abrevia bem mais a narrativa, enquanto os outros são mais demorados. Só para lembrar, o Evangelho de Lucas é o único dos três onde encontramos informações detalhadas sobre a infância de JESUS e seu período pré-Ministerial).
O que o texto afirma no grego (língua em que foi escrito o Novo Testamento) é o que já foi revelado por muitos estudiosos: que a palavra principal da suposta cláusula de exceção é PORNÉIA, que significa em Língua Portuguesa, FORNICAÇÃO, no sentido restrito. Porém, os inimigos de JESUS e das famílias tentam, a todo custo, encontrar uma brecha para justificar o divórcio no meio cristão, e a consequente destituição da família, como se o pecado do adultério fosse uma quebra total de uma aliança, um caminho sem volta, sem chance de remissão. Para isso, dizem que a palavra PORNÉIA tinha um sentido amplo nos tempos antigos, sendo extensiva para a inclusão do termo adultério. Esse argumento não é verdadeiro, visto que no grego havia uma palavra específica para adultério, que é MOICHÉIA, presente em todos os versículos onde os autores do Novo Testamento quiseram se referir a adultério, a infidelidade no casamento. Se adultério pudesse entrar na significação de PORNÉIA, por que então Mateus teria escrito o versículo (19:9) com a presença das duas palavras? Ademais que, PORNÉIA, referindo-se apenas à FORNICAÇÃO (relação sexual antes do casamento) é citada também pelo evangelista João, quando de uma referência ao nascimento de JESUS, trazendo-nos uma grande luz conclusiva: “Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de PORNÉIA (no original); temos um Pai, que é Deus” (João 8:41).
Estudando e refletindo sobre a maneira como JESUS nasceu, iremos encontrar a real justificativa de o termo PORNÉIA ter aparecido apenas no Evangelho escrito por Mateus. Lembram-se de que Mateus escreveu o seu Evangelho especificamente para os judeus? Pois só no livro de Mateus iremos encontrar uma informação preciosa da Lei (que veremos no próximo parágrafo), em que Moisés apenas permitiu repudiar a mulher em caso de fornicação. A tal Lei foi escrita e assinada apenas para o cumprimento dos judeus, simplesmente, “pela dureza do coração” deles, como bem disse JESUS, em Mateus 19:8. Para os que têm um coração duro, o apóstolo Paulo escreveu: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará cada um segundo as suas obras” (Romanos 2:5-6); “E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Efésios 4:17-18). Ou seja, a Lei que Moisés assinou permitindo o repúdio em caso de fornicação não poderia jamais ser aplicada por um cristão, uma pessoa nascida de novo, de coração obediente a vontade de DEUS.
A primeira narrativa de Mateus, após apresentar a genealogia de JESUS logo no início do seu livro, foi a de narrar o nascimento do Filho de DEUS. Conta-nos o ex-cobrador de impostos que Maria, estando despojada de José, noivos, próximos ao casamento (de se darem carnalmente um ao outro), achou-se grávida. Para os menos desavisados da época, era como se Maria, de uma hora para outra, tivesse abandonado a boa reputação que a sociedade e os religiosos lhe imputavam; e traído José, às escondidas, com outro homem. Era um caso claro de FORNICAÇÃO, de PORNÉIA. Era um pecado previsto na Lei de Moisés e que dava amparo ao supostamente traído José. Então, José, decepcionado, com vergonha até de sair de casa, intentou em seu pensamento abandoná-la. Era uma decepção de quem imaginava ter feito a escolha errada da mulher para se casar. José pensou abandoná-la secretamente, amparado na Lei. Logo em seguida, aparece-lhe um anjo e conta-lhe toda a verdade: “(…) José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua esposa, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1:20-21). Que alívio José sentira naquele instante! Não chegara ainda o momento de ser pai, de engravidar Maria, depois do casamento, e pela vontade da carne dos dois.
Pela Lei, José até que poderia repudiar a sua noiva Maria e se casar com outra. Repúdio, quando uma das partes em um namoro ou noivado comete fornicação, é permitido; pois o desejo de DEUS é que toda mulher-noiva se case virgem e tenha o seu marido como único homem (como esse desejo de DEUS está quase impossível de ser realizado nos dias de hoje!). Mateus, ao citar a suposta cláusula de exceção, lembrou-se do caso de José. Um caso que só foi citado por ele, ignorado por Marcos e Lucas, que escreveram para públicos desinteressados no conteúdo judaico. José, adiante, recebeu a Maria como sua esposa, com a qual veio a ter vários filhos.
Hoje, por conta dos interesses malignos e espúrios de quem traduz a Palavra de DEUS para várias linguagens, e A distorce, e A altera, repito, segundo os seus vis interesses, é que a mentira se transformou em verdade e destruiu as famílias de milhares de pessoas, que não quiseram ouvir a voz do SENHOR JESUS! Por esse motivo é que milhares já desceram condenados ao inferno e outros milhares ainda descerão; pois os adúlteros, segundo a Palavra de DEUS, já estão condenados: “não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus” (1 Coríntios 6:10) (grifo meu). Esses malditos, deturpadores da genuína Palavra de DEUS, talvez nunca venham a se arrepender da mentira que introduziram no coração de tantos líderes cristãos, e estes a repassaram como sendo Palavra de DEUS às suas ovelhas, as quais, por sinal, ao invés de orarem, ao invés de examinarem o Novo Testamento como um todo (não atentaram para o que está escrito em Marcos 10:11-12, Lucas 16:18, Romanos 7:2-3, 1 Coríntios 7:10-11 e o versículo 39. Antes, preferiram ficar com um versículo isolado e pessimamente explicado), guardaram aquilo que amenizava as suas dores por um momento apenas, que confortava o EU de cada uma. São essas mesmas pessoas que um dia estarão frente a frente com JESUS e dirão como que transferindo as suas responsabilidades: “A CULPA, JESUS, É EXCLUSIVA DO EVANGELISTA MATEUS…”. E DEUS as encaminhará ao lugar justo. Ora vem, Senhor JESUS!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
Prezados,
Mais que uma forte convicção (que nos apóia e fortalece) este texto é um ensinamento sobre a Palavra de Deus, mostra-nos as diferenças de cada um dos Evangelistas, explica com fundamentos as palavras usadas por cada um deles. Obrigado Pastor Fernando por mais esta aula, por mais este apoio, por mais estes passos em nossa caminhada de fé.
Em Cristo
LCC
Brasília-DF
Graças a Deus pela sua vida Pr Fernando,creio plenamente que o Senhor esta levantando uma nova e última geração que faça á Diferença,até que ele venha!!!
Deus abençõe e multiplique esse ministério.