Essa é uma pergunta muito comum que muitos maridos e esposas, que se encontram em um deserto espiritual, fazem, especialmente quando possuem, na família ou no círculo de amigos, pessoas que estão vivendo em um relacionamento adúltero.
Ora, a vida do ser cristão precisa ser revestida de santidade, de bons frutos, de uma conduta exemplar. Porém, sabe-se que o mesmo vive em um mundo impregnado de pessoas que ainda não conhecem JESUS nem a Sua sã doutrina, inclusive, muitas destas, fazendo parte de um convívio mais íntimo.
É preciso muita sabedoria vinda do alto para se relacionar com uma infinidade de pessoas, que ainda não conhecem a DEUS verdadeiramente, sem comprometer a santidade.
Neste humilde texto, pretendo mostrar algumas maneiras que podem conduzir um cristão a um viver agradável, especialmente entre pessoas de condição espiritual diferente, mundana, sem temor algum do SENHOR.
Olhemos para JESUS e encontraremos a forma correta de viver.
JESUS comeu com os pecadores sem ser influenciado por eles: “E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes” (Mateus 9:10-12).
Nosso SENHOR JESUS veio ao mundo para alcançar os perdidos. Para isso, precisava ter algum tipo de contato, de aproximação, com eles.
Se JESUS se isolasse, quantos deles teriam sido alcançado? É óbvio que, entre os pecadores, havia gente de toda espécie com todo tipo de vício e pecado, inclusive, pessoas adúlteras.
Não havia problema algum de JESUS estar em uma mesa se alimentando junto a pessoas pecadoras. Isso não comprometeria a natureza perfeita do Nosso SENHOR. O importante para o Filho de DEUS era influenciar aqueles que necessitavam DELE.
No Evangelho de João, temos uma outra situação. JESUS, cansado do caminho, sentado ao lado de um poço, puxando assunto com uma mulher samaritana. A condução de todo o diálogo se objetivava em apontar JESUS como centro de tudo. Em nenhum momento, vemos JESUS sendo distraído por alguma conversa paralela daquela mulher. Ao contrário, a partir de uma necessidade humana (beber água), o SENHOR transformou a conversa em um sentido espiritual (necessidade de tomar a Água viva, que é ELE mesmo).
Aquela samaritana era uma pecadora, presa ao adultério. JESUS sabia tudo da vida dela. E foi penetrando de mansinho nos esconderijos interiores daquela mulher. Finalmente, ela se convencera de que com a Água que o SENHOR oferecera, ela não tornaria mais a sentir sede. A mulher quis provar dessa Água. Mas havia um grande obstáculo em sua vida que a impediria de herdar o Reino de DEUS: ela vivia com um homem, que não pertencia a ela.
Assim como o jovem rico da parábola, que precisava abrir mão de tudo, distribuir com os pobres, se quisesse seguir a JESUS. “Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: disseste bem: Não tenho marido. Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade” (João 4:15-18).
Duas hipóteses para JESUS ter afirmado àquela mulher que ela já tivera cinco maridos. A primeira: o casamento aquela época e conforme a condição religiosa da pessoa era muito diferente do que temos hoje. Dentro da comunidade religiosa samaritana antiga era comum haver muitos casamentos mistos de judeus, que permaneceram em Samaria (que não foram levados ao cativeiro), com pessoas pagãs. Isto era proibido pela Lei de Moisés.
Muitos desses casamentos não eram legítimos aos olhos de DEUS, mas uniões clandestinas, de homens que viviam viajando e onde chegavam temporariamente contraía falsas núpcias com as mulheres. Certamente, àquela mulher que conversara com JESUS foi uma dessas. O fato de JESUS afirmar que ela teve cinco maridos não significava que aqueles cinco teriam sido lícitos; muito menos aquele último que ela se encontrava envolvida.
JESUS em nenhum momento atestou a licitude dos relacionamentos anteriores daquela mulher. Nem os cinco nem o sexto. Outro detalhe importante: as traduções para a língua portuguesa de termos como “casou”, “marido”, nem sempre corresponde, biblicamente, a coisa lícita.
Por exemplo: algumas traduções bíblicas (subtítulos colocados por homens) afirmam que Davi casou com Bate-Seba; quando, na verdade, Davi era casado com Mical, ainda que estivesse separado da mesma, por ela se encontrar viva. A outra hipótese, e menos provável, era aquela samaritana ter contraído cinco casamentos lícitos e tido ficado viúva em todos. E, por ter muito se frustrado, devido à sequência de óbitos, envolveu-se em um relacionamento errado, com um homem que não pertencia a ela.
Enfim, aquela mulher samaritana não havia ainda nascido de novo, bebido da Água viva; não havia recebido o Espírito Santo de DEUS. O certo foi que JESUS mostrou que ela deveria se livrar daquele relacionamento errado se quisesse nascer de novo, segui-LO.
Qual o problema de nos relacionarmos com pessoas que vivem presas ao adultério? Nenhum. Errado seria não nos relacionarmos com elas. Os perdidos precisam dos salvos para conhecerem o Evangelho da salvação. O cristão se relaciona amigavelmente com qualquer pessoa de outra condição espiritual, desde que não se permita ser influenciado por ela. Tenho colegas, conhecidos, viciados em drogas, homicidas, prostitutos, idólatras, homossexuais, enfim, de muita natureza ruim.
Procuro tratar bem a todos, respeitá-los, amá-los e, sobretudo, fazer a diferença na vida deles. Só não vou para celebrações de “casamentos” adúlteros. Isso, jamais. Não posso aplaudir, me emocionar, nem ser testemunha de algo que sei que é abominável aos olhos de DEUS. Como me abstenho de outras situações que possam comprometer a minha estrutura espiritual com DEUS.
Cada cristão deve conhecer o seu limite dentro de qualquer relacionamento; até onde ele pode ir e o que deve fazer, sem contaminar a sua fé. Não existe um manual para isso com regras estáticas. Qualquer casal adúltero que quiser ser meu amigo, será; desde que saiba que a minha fé bíblica não enxerga aquele relacionamento como lícito.
Mas se relacionar é preciso. Amar sem acepções mais ainda. E, vivendo como ensinou o irmão Paulo: “Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas as coisas convém. Todas as coisas me são permitidas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Coríntios 6:12).
No Amor de CRISTO,
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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