“E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (1 Coríntios 11:19).
É muito triste ver a proliferação de heresias espalhadas no meio religioso, que se diz de CRISTO. Fruto da ignorância ou da maldade extrema? Quero acreditar que seja por causa da falta de conhecimento, de um exame responsável e profundo em relação à Palavra de DEUS.
O tema dízimos e ofertas ocupa um lugar de destaque no hall dessas heresias. Versículos e mais versículos, totalmente fora da exegese bíblica, são lançados microfones a fora e adentrado nos ouvidos e nos corações dos incautos ouvintes.
Vejamos alguns deles:
“Ao que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda. A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido” (Provérbios 11:24-25);
“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; o que semeia em abundância, em abundância ceifará” (2 Coríntios 9:6);
“Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, e o mundo e aqueles que nele habitam” (Salmo 24:1).
E o mais escandaloso deles:
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes” (Malaquias 3:10).
A maioria das lideranças religiosas reconhece que um texto usado fora do seu contexto, da exegese bíblica, é produto da irresponsabilidade humana, mas, mesmo assim, essas lideranças continuam agindo dessa forma.
A pergunta, então, faz-se mais que cabível: QUAL DOS VERSÍCULOS ACIMA, COM EXCEÇÃO DO ÚLTIMO, TEM A VER, DIRETA OU INDIRETAMENTE, COM O TEMA DÍZIMOS E OFERTAS? Nenhum! E por que o uso do versículo transcrito pelo Profeta Malaquias, que se refere ao tema, contém a heresia mais escandalosa? Ao final do texto, encontraremos a resposta.
Vamos à devida e responsável explicação sobre o tema DÍZIMO na época da Graça. Antes, gostaria de repassar aos amados leitores e irmãos em CRISTO dois conceitos, na área da Linguística, que nos serão fundamentais:
SOFISMA: Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir ilusão da verdade, deliberadamente enganosa.
PERSUASÃO: Persuadir alguém é fazer com que as pessoas acreditem ou aceitem determinada ideia. Para isso, quem persuade o faz utilizando argumentos aparentemente corretos.
O exagero e o nível de irresponsabilidade humana são tantos, quando o assunto é dízimo, que até já li sobre a existência de um “Banco no Céu” para as pessoas depositarem os seus dízimos. Nem de forma ilustrativa ou figurativa essa expressão deveria ser repassada.
Não existe “Banco no Céu” nem na terra, criado e estabelecido pelo SENHOR para as pessoas depositarem os seus dízimos. O que existem, na verdade, são contas bancárias para sustento das instituições religiosas e de homens, levantados e não levantados por DEUS, não necessitados e verdadeiramente necessitados da ajuda financeira dos irmãos.
Os homens verdadeiramente necessitados, levantados por DEUS para uma missão celestial aqui na terra e dependentes exclusivamente DELE, NÃO PEDEM DINHEIRO A NINGUÉM; o coração deles não anda perturbado, inquieto, ansioso ou preocupado com o amanhã e as contas que estão para vencer (leia Mateus 6:31-34). Eles vivem da fé e da plena confiança em DEUS. Dízimo é para ser ensinado (com muita sinceridade e sem vil interesse) e não para ser pedido.
Quem dizima e oferta deve saber por que faz, a quem faz e para qual finalidade faz. Dizimar e ofertar são obras exclusivas do Espírito Santo na vida de quem dizima e oferta, para que façam com alegria; e não por mesquinhez ou obrigação.
Assim que escolheu os 12 apóstolos, JESUS lhes deu uma ordem: “E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, NEM DINHEIRO no cinto” (Marcos 6:8). A obra do SENHOR jamais pode ser relacionada a dinheiro, a interesses financeiros.
DEUS não precisa de templos suntuosos, estruturas de som e tecnológicas, nem de rádio, nem de TV, nem da Internet para salvar alguém. No tempo em que o apóstolo Pedro pregava, três mil, e depois 5 mil almas se convertiam ao SENHOR, sem tecnologia alguma. O Espírito Santo lhe era suficiente.
Hoje em dia, homens pregam com notebooks e tabletes nos púlpitos pregações sem a menor unção do Espírito Santo. O que o dinheiro tem feito é corromper milhares e milhares de homens, afastá-los da presença de DEUS, sem que eles percebam a morte espiritual em que estão envolvidos.
Homens verdadeiramente de DEUS precisam do dinheiro? Claro que sim. Mas que esse dinheiro venha por ação do Espírito Santo na vida das pessoas que ELE levantou para socorrê-los; e não como produto da persuasão, do apelo emotivo, com fundo musical etc.
O homem que pede, que persuade, recebe mais do que deveria; e não está sendo sincero com DEUS. O que vive somente da fé no SENHOR recebe a quantia certa para o seu sustento diário e para se manter humildemente na presença de DEUS.
Muitos líderes religiosos dizem viver da fé, mas as obras não demonstram isso. Dizem também fazer parte da GRAÇA DE DEUS, mas usam versículos da Lei antiga, velha e apodrecida, para persuadirem pessoas a darem o dízimo, segundo os seus interesses.
Não há um versículo no Novo Testamento sequer, onde algum apóstolo de JESUS tenha pedido dinheiro a alguém para o sustento ministerial (e já havia dinheiro, moeda corrente naquela época); assim como não há nenhum versículo onde o apóstolo Paulo tenha usado desse procedimento espúrio.
Sabe quantas vezes o termo DÍZIMO aparece no Novo Testamento? Apenas em dois capítulos: no 18, do Evangelho de Lucas; e no capítulo 7 da Carta aos Hebreus. Na primeira ocasião, em Lucas, é citado dentro de uma oração errada e mesquinha feita por um fariseu e reprovada por JESUS. A segunda ocasião, aos Hebreus, é citado como exemplo da vida de Abraão. Em nenhum momento, em todas as Epístolas às igrejas cristãs primitivas, Paulo citou a palavra dízimo.
Lembrando que uso a tradução da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, o mais próximo e fiel ao Texto original. Já o termo OFERTAS (no plural) aparece no N.T. em apenas três capítulos: Mateus 27:6; Lucas 21:1 e 4 e Atos 24:17. O texto de Mateus referente às moedas de prata recebidas por Judas Iscariotes, quando da traição ao Nosso SENHOR JESUS; o de Lucas faz referência à história da viúva pobre que lançou tudo quanto tinha (duas pequenas moedas) na arca do tesouro do antigo Templo de Jerusalém, onde os judeus depositavam as ofertas deles; e o último faz parte da defesa do apóstolo Paulo, quando preso e levado às autoridades da época: “Ora, muitos anos depois, vim trazer à minha nação esmolas e ofertas” (Atos 24:17).
Todas as demais referências neotestamentárias sobre o dar não se referem necessariamente a dinheiro, nem mesmo o texto em 2 Coríntios, capítulo 9. Ele é usado como elemento de persuasão, um sofisma, para extorquir dos seguidores e lido, geralmente, pela metade.
Por exemplo, quase ninguém lê e ensina: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós TODA A GRAÇA (e não todo o dinheiro), a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, ABUNDEIS EM TODA A VOSSA OBRA. Conforme está escrito: Espalhou, DEU AOS POBRES; a sua justiça permanece para sempre” (2 Coríntios 9:7-9).
Outro erro maior começa quando se tenta induzir na mente das pessoas que o templo, que elas frequentam, é a Casa de DEUS, e lá é onde DEUS habita, contrariando o que está escrito em Atos 7:48 e 17:24. Ora, se ainda, de fato, DEUS tivesse uma “Casa” de concreto aqui na terra, erguida por homens, esta não deveria ser adorada, exaltada e valorizada.
No tempo da Graça, DEUS quer que olhemos uns para os outros, amemos uns aos outros, perdoemos e exercemos misericórdia uns com os outros. É da vontade de DEUS que socorremos, sim, os necessitados com alimento, cestas básicas, vestuário, calçados. Veja, bem: OS NECESSITADOS.
A única casa de DEUS, aqui na terra, que deve ser produto do investimento humano são os templos-pessoas, as casas espirituais do SENHOR: “Vós também, como pedras vivas, SOIS EDIFICADOS CASA ESPIRITUAL E SACERDÓCIO SANTO, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2:5); “Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa, A QUAL CASA SOMOS NÓS, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até o fim” (Hebreus 3:6).
O apóstolo Paulo não tirava o seu sustento diário da fabricação de tendas como muitos imaginam. Ocasionalmente, uma vez em Corinto, ao encontrar Áquila e a mulher, Priscila, trabalharam na fabricação de tendas, porque era habilidade comum de ambos (Atos 18:1-3).
Paulo sentia fome e sede como também se vestia. E de onde vinha o sustento diário do apóstolo Paulo? Do socorro e da ajuda dos irmãos, que conheciam a necessidade dele.
Como naquela época não havia transações bancárias nem caixas eletrônicos, nem Internet, toda a ajuda era, como é citado na Carta aos Filipenses, entregue ao irmão Epafrodito: “Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, E VOSSO ENVIADO PARA PROVER ÀS MINHAS NECESSIDADES” (Filipenses 2:25); “Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus” (Filipenses 4:18).
Aliás, a igreja em Filipo é exemplo maior e melhor de cooperação voluntária, de verdadeiro AMOR, em relação à vida do apóstolo Paulo e seus companheiros. O capítulo 4 é a profunda expressão da verdade e da sinceridade. Aconselho humildemente que o querido leitor leia e reflita muitas vezes em Filipenses 4:8-20.
Paulo nunca pediu dinheiro a ninguém, mas ensinou o AMOR aos irmãos, contribuiu para o espírito de solidariedade e voluntariedade neles, sem mesquinhez, sem persuasão nem sofismas. Paulo somente agiu com sinceridade e pureza no coração.
Por fim, usar o texto de Malaquias 3:10, se não chega a ser crime, é uma das piores das heresias já vistas. O texto simplesmente não serve como doutrina para a igreja cristã dos nossos dias.
Ele foi dirigido exclusivamente aos sacerdotes do antigo Templo de Salomão, como se lê em Malaquias 2:1, que andavam roubando os dízimos que eram entregues à Casa do Tesouro (um compartimento do antigo Templo). Quem quiser saber que dízimos eram aqueles, leia Neemias 10:36-39.
O que está dito também em Provérbios 3:9-10 é destinado a uma atribuição religiosa no Templo antigo, que não existe mais, que foi destruído pela permissão do SENHOR.
Dízimo nunca foi moeda de troca, moeda de barganha contra DEUS: “DÊ O SEU MELHOR E RECEBERÁS QUADRUPLICADO DE DEUS”. Dízimo e ofertas, no tempo da Graça, não são resultados de obrigação, mas gesto de AMOR, espontaneidade, alegria, fruto da ação do Espírito Santo.
Não existe também essa história de ser “patrocinador”, “colaborador financeiro” do Reino de DEUS. Isso é produto da malícia humana, espírito contaminado, mente cauterizada, que têm levado a muitos a desenvolverem um coração de barganha e não puro e não sincero com DEUS. O MELHOR QUE VOCÊ TEM A DAR PARA O SENHOR É A SUA VIDA, A BUSCA PELA SANTIDADE, A OBEDIÊNCIA À SÃ DOUTRINA E O SOCORRO AOS HUMILDES E NECESSITADOS.
Em quase 4 anos, ministrando nas casas em Brasília-DF, NINGUÉM nunca ouviu a minha boca pedir dinheiro a quem quer que seja. Já fui convidado a fazer vários seminários de família pelo Brasil e NUNCA cobrei um centavo sequer a liderança alguma.
Desde 2010, intensifiquei os atendimentos, via telefone celular, pelo Brasil e pelo mundo, ajudando pessoas necessitadas e com a família destruída. NUNCA também cobrei um centavo a ninguém para fazer a obra. Uma vez, morando de aluguel, com contas a pagar, alimento para comprar, não recebi um real de ajuda de ninguém.
Aprendi, assim como o apóstolo Paulo, contentar-me com o que tenho (Filipenses 4:11), a não murmurar, não reclamar da falta de nada. Bem perto de expirar o dia para pagar o aluguel, DEUS levantou uma pessoa, que eu não via desde o início dos anos 90, para fazer um trabalho de correção linguística de sua monografia. A quantia foi exata para eu pagar as minhas despesas pessoais. Glória a DEUS! ELE NUNCA ME DEIXOU FALTAR O PÃO NEM O VESTUÁRIO NA MINHA VIDA. ALELUIA! DEUS É MUITO FIEL!
Que este estudo e esse testemunho sirvam de exemplos e inspiração para os demais, considerando também que eu vivo apenas da obra, da fé em DEUS e da ajuda espontânea dos irmãos, daqueles que reconhecem o meu chamado divino aqui na terra. Nunca pedi e não peço dinheiro.
Recuso-me a pedir. DEUS me livre! Peço, sim, ao SENHOR todos os dias que me livre da armadilha e da prisão que o dinheiro provoca no espiritual das pessoas, do pecado que tão de perto de mim está e que ELE me santifique completamente e me leve ao Céu. Esse é o meu desejo: AGRADÁ-LO PARA UM DIA MORAR NO CÉU.
Em CRISTO,
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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