O maior desafio de um cristão, ao entrar em um deserto espiritual pela restauração familiar, é o de obter saúde mental e espiritual. É sabido que toda separação conjugal deixa marcas profundas no seio familiar (cônjuges e filhos especialmente), produz desajuste mental e desestabilização emocional e psicológica. Seguem-se alguns conselhos para quem está atravessando essa fase difícil da vida.
Quase sempre e é muito comum que casais que estão se separando e à beira do divórcio nutram um sentimento negativo um pelo outro, recheado de culpas, agressões, dissabores, raiva, fatores que destroem a estrutura mental, espiritual, além das discussões relacionadas à área do Direito de Família, como pensão e divisão do patrimônio construído ao longo do casamento.
E aqui vai uma dica muito importante. Em alguns casos, o cônjuge repudiado, quando nutre a esperança de restauração familiar, no momento do divórcio, geralmente, abre mão dos seus direitos em prol do outro. O desespero, a falta de orientações corretas e a ideia de não querer desagradar o cônjuge que repudiou são fatores decisivos para que a vítima tome essa direção.
O primeiro conselho que ofereço é: não abra mão dos seus direitos, ainda que você tenha uma vida financeira bastante confortável. Mas faça isso sem um clima de revanchismo no coração nem com a intenção de prejudicar o outro. Não queira mais nem menos, mas o que a Justiça decidir.
Para isso, procure um Advogado de sua confiança para defender e proteger seus direitos na questão dos alimentos e patrimonial. Não crie a falsa ideia em seu coração de que, lutando pelos seus direitos, seu cônjuge vai ficar mais furioso e, dessa forma, mais distante a esperança da restauração familiar.
Bem, a depender de como esteja o relacionamento de ambos, procurando ou não procurando os seus direitos, quem te repudiou não vai mudar os sentimentos em relação a você nem a opressão espiritual que o (a) atormenta.
Saindo da esfera do Direito e pensando na saúde mental e espiritual, procure manter-se, o máximo que puder, distante do cônjuge opresso. Converse o mínimo possível, o básico. Quanto mais conversa, mais possibilidade de discussões, brigas, agressões e, consequentemente, a perda da paz interior. Mas nunca se omita de falar das tratativas em relação aos filhos, quando houver.
Tomando essa precaução inicial, passe a ter um posicionamento correto no deserto afim de preservar a sua saúde mental e espiritual. Já escrevi, em outras oportunidades, que o deserto tem o sentido de uma escola e de uma oficina; e não um período de dor e sofrimento.
Quando o SENHOR DEUS leva o seu povo ao deserto é com o intuito de aperfeiçoá-lo no seu amor, por meio da Palavra. Todo o deserto tem um tempo a ser cumprido. Então, aproveite o seu tempo de passagem pelo deserto para aprender e ser transformado (a). Para isso, blinde os seus sentidos. Conselhos muitíssimo importantes:
1. Feche os olhos para o seu cônjuge e para a realidade que ele (a) está vivendo. Se não tiver maturidade espiritual suficiente para suportar a proximidade física dele ou dela, mude-se. Não é fácil para muitas pessoas ver, vez por outra, o cônjuge opresso desfilar sorrindo de mãos dadas com outra pessoa. Como diz o ditado, quem não tem sangue de barata, afaste-se.
2. Feche a boca literalmente. Leve muito a sério esse conselho. Não converse sobre o seu marido ou esposa com ninguém, nem mesmo com a pessoa de sua extrema confiança. O problema não é a confiança, mas a falta de sabedoria em orientar. Guerras espirituais são vencidas de boca fechada e joelho no chão, com muita sabedoria.
3. Tape os ouvidos. Procure fugir de determinadas conversas que, no fundo, são fofocas e só contaminam a alma. Chame as pessoas amigas e diga a elas que não quer saber de nada dele ou dela. E se algum desavisado se aproximar para dizer algo, repreenda-o com amor. Mas não aceite conversas referentes ao seu cônjuge ou ao seu casamento.
4. Compreendendo os três conselhos anteriores, evite o máximo redes sociais, pesquisas de orientações sobre como restaurar o seu casamento; autores que trazem uma receita pronta, um manual de sacrifícios para você restaurar sua família. Você vai encontrar muitos oportunistas de plantão na Internet, marinheiros de primeira viagem, sem experiência alguma em deserto espiritual, muitas vezes com a finalidade encoberta de apenas angariar dinheiro das pessoas sofridas.
Tenho dito: nada do que se faz para DEUS e para o Seu reino envolve troca por dinheiro ou por qualquer outra coisa. Outra dica importante: fuja de certos grupos de WhatsApp de pessoas que estão na mesma situação que você. Ainda que esses grupos tenham a intenção de ajuda espiritual.
Neles, você vai viver parada (o) no deserto. Eu mesmo, recentemente, fiz um grupo com um número limitado de pessoas, mas tudo sob as minhas regras e coordenação. Não aceito, por exemplo, conversas paralelas de jeito nenhum.
5. Por último, não tente atravessar o deserto sozinho (a). É loucura fazer isso. Um ser humano não possui ferramentas suficientes nem sabedoria necessária para atravessá-lo. Essa história de “estou eu e DEUS” cheira mais como utopia religiosa. O próprio SENHOR, quando colocou o povo de Israel no deserto, pôs Moisés com o intuito de instruir os israelitas, como também ser instrumento de milagres quando os mesmos necessitassem.
DEUS nunca abandonou o seu povo: ELE era uma nuvem durante o dia e uma tocha de fogo à noite para os aquecer e iluminar. Mas a figura de um líder é muito importante nesse momento. Um pastor, homem, nunca mulher. Nesse processo todo de relacionamento com propósitos, você vai aprender a se posicionar com orientações diárias e se fortalecer espiritualmente.
No mais, aproveite cada minuto do seu deserto para cuidar de si. Tente identificar as áreas de sua vida que necessitam de transformação. Por incrível que possa parecer, muitas pessoas têm sérios problemas na área sexual, por exemplo. Nesse caso específico, não espere que DEUS vai enviar um anjo para realizar um tratamento.
Busque ajuda, socorro com algum profissional sério, da área. Quando estamos com dor de dente, a orientação que recebemos é a de buscarmos socorro com o dentista. Assim também ocorre na área sexual, que é a principal de um casamento. Nesse período de pandemia, de recolhimento social, há bons profissionais atendendo de forma virtual.
Mas não seja alienado (a) a ponto de achar que sua vida está muito boa, perfeita, que não necessita de mudanças. Não se acomode. Corra atrás e DEUS te abençoará.
Já passamos pelo período da criação, da crucificação e agora estamos no momento da redenção. Fomos resgatados por CRISTO para ter a Sua mente.
A saúde perfeita é uma dádiva do SENHOR para o Seu povo. Ter problemas e dificuldades, todos nós teremos, porém, permitir que esses obstáculos roubem a nossa paz é outra história.
Mantenha-se em PAZ. Não abra mão dessa PAZ por nada em sua vida. Tudo o que você está atravessando em seu casamento é uma questão de ordem puramente espiritual que, com o seu perfeito posicionamento e, segundo a vontade de DEUS, logo chegará ao fim. Creia tão somente.
Concluo este texto deixando um versículo para meditação:
“TU CONSERVARÁS EM PAZ AQUELE CUJA MENTE ESTÁ FIRME EM TI, PORQUE ELE CONFIA EM TI” (Isaías 26:3).
No Amor de DEUS,
Pr. Fernando César – É líder do Ministério Restaurando Famílias para CRISTO, escritor, palestrante, um dos principais antidivorcistas do Brasil e defensor das famílias e dos casamentos lícitos aos olhos de DEUS.
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