Essa é uma pergunta que comumente me fazem aquelas pessoas que estão atravessando um deserto espiritual da separação conjugal, na esperança pela restauração do casamento.
Há pessoas que passam pouco tempo no deserto e têm o casamento restaurado. Outras, muito tempo. Há aquelas que sequer veem o brilho do sol sobre as suas expectativas.
Também encontramos cônjuges repudiados que não estão mais nem aí para o seu casamento, pularam do barco e se entregaram a uma vida de pecados.
Olhando para o tempo de travessia do deserto do povo de Israel, descrito nos primeiros livros da Bíblia Sagrada, podemos apreender algumas lições importantes que podem servir de bússola para os desertos atuais.
Os israelitas viviam cativos na terra do Egito, oprimidos, debaixo de um jugo de escravidão imposto pelo Faraó.
Após muito sofrimento, DEUS ouve o clamor daquele povo, unge Moisés para libertá-lo (que, humanamente, não se sentia capaz de exercer tal missão). Mas DEUS o capacitou e colocou autoridade e poder na sua vida.
O DEUS, que desejou libertar o povo de Israel, foi o mesmo DEUS que endureceu o coração de Faraó e seu poderoso exército para perseguir a Sua gente: “E eu endurecerei o coração de Faraó para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o SENHOR. E eles fizeram assim” (Êxodo 14:4).
O DEUS que permite o mal é o mesmo DEUS que o destrói do caminho do Seu povo para que o Seu Santo Nome seja glorificado.
Muitas vezes não entendemos os propósitos do SENHOR quando somos perseguidos; mas devemos sempre confiar em Sua fidelidade.
O povo foi perseguido, sentiu medo, murmurou, especialmente quando a rota de sua fuga cessou diante de uma infinidade de águas do Mar Vermelho: “E aproximando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, E TEMERAM MUITO; então os filhos de Israel clamaram ao SENHOR. E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos que sirvamos aos egípcios? POIS MELHOR NOS FORA SERVIR AOS EGÍPCIOS DO QUE MORRERMOS NO DESERTO” (Êxodo 14:10-12).
Humanamente, em nenhum momento DEUS deixou o seu povo sozinho: instituiu Moisés como líder peregrino com eles e esteve a todo tempo como uma nuvem e uma tocha de fogo.
Tentar atravessar um deserto sozinho (a) é loucura, ato de rebeldia aos olhos de DEUS. Através de Moisés, a multidão foi instruída, amparada e corrigida dia após dia.
Também era muito notório que DEUS queria restaurar a vida do Seu povo, que estava totalmente contaminado pelos costumes, tradições do Egito e, de certa maneira, acomodado com a vida de escravidão.
DEUS usou o Seu poder através da vida de um homem, Moisés, que, no decorrer dessa missão, estava separado de fato da sua esposa Zípora, filha de Jetro.
O Mar Vermelho foi milagrosamente aberto ao meio, onde se formou um caminho; o povo de Israel atravessou e ainda viu todos os seus inimigos exterminados no meio do mar.
DEUS prometeu uma Terra próspera ao Seu povo, mas antes o mesmo teria que atravessar o deserto e ser aprovado nele. Segundo os estudiosos, quarenta dias era o tempo necessário para a realização da travessia. Mas os israelitas fizeram em 40 anos. As muitas murmurações, desobediência, rebeldia, impediram o povo de ver a promessa cumprida em suas vidas.
As primeiras gerações de israelitas morreram prostrados no deserto, como cadáveres consumidos pelos animais. O apóstolo Paulo, séculos mais tarde, trouxe à memória dos coríntios esse fato antigo como advertência para os mesmos:
“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto.
E estas coisas foram-nos feitas em figura, PARA QUE NÃO COBICEMOS AS COISAS MÁS, COMO ELES COBIÇARAM. Não vos façais, pois idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: o povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. E NÃO FORNIQUEMOS, como alguns deles fornicaram; e caíram num só dia vinte e três mil. E não tentemos a CRISTO, como alguns deles tentaram, e pereceram pelas serpentes. E NÃO MURMUREIS, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor.
Ora, todas estas coisas lhes sobrevieram como figuras, E ESTÃO ESCRITAS PARA AVISO NOSSO, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana, mas fiel é DEUS, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape para que a possais suportar” (1 Coríntios 10:1-13).
Que palavra enriquecedora e encorajadora para quem está atravessando um deserto espiritual! Paulo se espelhou na realidade dos antigos israelitas para criar um estado de advertência para os irmãos em CRISTO do seu tempo e do nosso também. NÃO FAÇAMOS AS MESMAS COISAS QUE OS ANTIGOS FIZERAM. NÃO TENHAMOS OS MESMOS COMPORTAMENTOS, para que possamos ter êxito na travessia; e não morrermos na metade dela.
A santificação é o ingrediente mais importante para quem deseja alcançar algo, especialmente o reino de DEUS. Quem não se santifica, morre, e não entrará na Canaã celestial. Mas ela não significa necessariamente que DEUS irá restaurar todos os casamentos lícitos aos Seus olhos.
Nem Moisés nem Davi tiveram os seus casamentos lícitos restaurados pelo SENHOR, embora tivessem morrido com o selo da salvação. Curiosamente, ambos caíram e transgrediram o Mandamento do SENHOR: Moisés teve relação sexual com uma mulher cuzita em Números 12 e Davi se deitou com a esposa de Urias, Bate-Seba, que era uma espécie de comandante do seu exército.
Precisamos entender que o casamento entre um homem e uma mulher é uma instituição terrena, que pode ser um instrumento fortalecedor espiritual como também algo que pode vim a destruir a comunhão de uma pessoa cristã com DEUS.
Isso é muito comum quando se tem uma aliança em jugo desigual e se estabelece um relacionamento abusivo, opressor, sem o menor respeito. Há também aquele tipo de marido que, no templo, na frente de todos, é uma “bênção”, porém em casa com a esposa é um homem opressor, maligno, agressivo.
Infinitamente mais importante que o casamento é a nossa Paz (que significa a presença de DEUS em nós), a nossa santificação e, por fim, a salvação eterna. E não adianta ser feliz vivendo em adultério aos olhos de DEUS (no segundo, terceiro, quarto casamento pós divórcio). Esse é um tipo de felicidade enganosa e destruidora.
A vontade de DEUS é o perdão, a reconciliação, a restauração da família, desde que isso não seja pedra de tropeço para a presença do Seu Espírito no meio dela. Se DEUS restaurar, glória a DEUS (ambos foram restaurados pela ação do Espírito Santo).
Mas se ELE não restaurar, o Nome DELE deverá ser glorificado do mesmo jeito, porque para ELE e por ELE são todas as coisas. Amém e amém.
No AMOR de DEUS,
Pr. Fernando César – É líder do Ministério Restaurando Famílias para CRISTO, escritor, palestrante, um dos principais antidivorcistas do Brasil e defensor das famílias e dos casamentos lícitos aos olhos de DEUS.
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