Existe uma afirmação muito conhecida e propagada no meio cristão evangélico que diz que o SENHOR DEUS lança todos os pecados da vida de um arrependido no mar do esquecimento. Ela representa, então, um divisor de águas na vida de alguém, o antes e o depois, o morrer para o mundo e o viver para JESUS.
Apesar de não está “ipsis litteris” (com as mesmas palavras) transcrita na Bíblia Sagrada, é possível deduzi-la em, pelo menos, três versículos clássicos:
“Quem, oh DEUS, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e TE ESQUECES DA TRANSGRESSÃO do restante da Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e LANÇARÁ TODOS OS NOSSOS PECADOS NAS PROFUNDEZAS DO MAR” (Miqueias 7:18-18).
“Eu, Eu mesmo, Sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim E DOS TEUS PECADOS NÃO ME LEMBRO” (Isaías 43:2).
“Mas DEUS, NÃO LEVANDO EM CONTA OS TEMPOS DA IGNORÂNCIA, ordena agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17:30).
Segundo a Wikipédia, o termo arrependimento é de origem grega (metanoia) que denota “conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos, caráter, trabalho, geralmente conotando uma evolução”.
Ou seja, um ser arrependido passa a ter repugnância a todo pecado praticado antes e a Luz do Espírito Santo passa a resplandecer na mente e no coração desse ser; e ele, por ação desse mesmo Espírito, permite que O mesmo o leve a um estado de arrependimento e o introduza a uma nova vida em JESUS CRISTO, um viver santo, que deseja estar longe do pecado.
Mas existem algumas peculiaridades nesse raciocínio que precisam ser levadas em consideração.
A primeira delas é afirmar que o perdão de DEUS na vida de alguém representa restituição. DEUS, quando perdoa, restitui, pela Nova Aliança em CRISTO JESUS, ao homem o seu lugar de origem, aquela comunhão que ele possuía com o CRIADOR antes do pecado no Éden.
É por isso também que se diz que JESUS CRISTO é a única e verdadeira religião (do latim religare, religar), porque, só através DELE, de sua morte na Cruz, podemos ter novamente comunhão com o PAI celestial.
Trazendo para um exemplo prático, real, adentraremos à segunda peculiaridade. Imaginemos dois homens que, durante o seu tempo de ignorância bíblica e espiritual, se uniram sexualmente, casaram-se pelas leis humanas, tornando-se homossexuais. E viveram assim durante longos anos.
Em determinado dia, ambos aceitaram, por convite de algum amigo, assistir a um culto evangélico em algum templo denominacional. Tocados pelo Espírito Santo, após a ministração da Palavra, entregaram as suas vidas a JESUS em lágrimas. Dias após, foram procurados pelo pastor da denominação que ficou sabendo que os mesmos vivem um relacionamento homossexual, algo que é abominável aos olhos de DEUS. O pastor, então, mostra a Verdade doutrinária e os aconselha mediante a Palavra de DEUS.
Duas perguntas se fazem necessárias: o estado homossexual de ambos precisa ou não ser desfeito? Ou simplesmente, como passaram a praticar o homossexualismo no tempo em que não conheciam o SENHOR, DEUS lançou no mar do esquecimento o passado e ambos podem continuar sendo homossexuais?
Passemos à terceira peculiaridade. Há pecados cometidos no tempo da ignorância que são impossíveis de serem restituídos. E esses, quase sempre, estão relacionados ao tema morte. Por exemplo: uma mulher que abortou um filho não tem como voltar o tempo e restituir a vida à inocente criança.
Um homem que, no passado, assassinou uma família inteira. Depois de conhecer a JESUS, não terá como trazer à existência as vidas que anteriormente ele ceifou. No máximo, poderá pedir perdão aos parentes que ficaram da família assassinada. Porém, há pecados que são facilmente de serem restituídos.
Um homem que, mesmo depois de ter entregue a vida dele a JESUS, está de posse de um bem roubado, ou seja, que não pertence a ele. A pergunta é: o Espírito Santo exige a este homem que o mesmo se desfaça do objeto roubado para que siga em uma vida de paz e de santidade com o seu SENHOR?
Para muitos, não são respostas fáceis de serem respondidas. Mas, se a sua resposta para a última pergunta é NÃO, que DEUS não exige que o homem abra mão do objeto roubado, você estará admitindo que a homossexualidade daqueles dois homens citados anteriormente também não precisa ser desfeita.
E por qual razão? Porque para DEUS o pecado do roubo não é nada diferente do pecado da homossexualidade. O DEUS que abomina uma “mentirinha” dita, por exemplo, é o mesmo DEUS que se aborrece com a prática homossexual. Não existe diferença, para DEUS, entre a restituição de um produto roubado (quando possível) e o perdão do pecado em si.
Lembro-me de um testemunho de um rapaz que costumava frequentar um templo denominacional evangélico sem ter experimentado a verdadeira e genuína conversão. Ele vivia desejando sexualmente as mulheres e furtando pequenos objetos dos “irmãos”.
Esse último fato, inclusive, causou um grande rebuliço no meio da congregação: reuniões foram feitas e nada de descobrirem a origem dos furtos. Até que esse rapaz, certa vez, depois de perder a mãe, teve um encontro verdadeiro com JESUS. Ele ainda estava na posse de vários desses objetos furtados.
Humilhado, procurou cada irmão para devolver o que não lhe pertencia acompanhado do pedido de perdão a cada um.
A história dele muito se parece com a de Zaqueu, o cobrador de impostos na Bíblia, que, após teve um encontro com JESUS, sentiu o desejo de doar a metade dos bens aos pobres e o de restituir quatro vezes mais aquilo que ele teve se apropriado indevidamente. A imediata resposta de JESUS foi: “Hoje veio a salvação a esta casa, porque este também é filho de Abraão” (Lucas 19:9).
Uma pessoa quase sempre não vai conseguir restituir um objeto furtado ou roubado nem ressuscitar uma vida que ceifou. Porém, há restituições de outra natureza que precisam incontestavelmente acontecer para que se tenha uma vida com JESUS. É o caso dos casamentos ilícitos aos olhos de DEUS, ou seja, os que ocorreram, ainda que no tempo da ignorância, após um divórcio. JESUS chama isso de adultério:
“E Ele lhes disse: Qualquer que despedir a sua esposa e casar com outra, comete adultério contra ela. E se a mulher despedir a seu marido, e casar com outro, ela comete adultério” (Marcos 10:11-12).
“Porque a mulher que tem marido está ligada pela lei do marido, enquanto ele viver; mas se o marido morrer, ela estará livre da lei do marido. Então assim, enquanto seu marido viver, se ela se casar com outro homem, será chamada adúltera; mas, se seu marido morrer, ela estará livre da lei e assim não será adúltera, mesmo que ela venha a se casar com outro homem” (Romanos 7:2-3).
Adultério, adulterium em latim, significa falsificação, adulteração, fraude. A expressão “ad alterum torum” é traduzida literalmente por “na cama de outro”. DEUS não abençoa nem reconhece nenhum relacionamento dessa natureza. Quem se deita com uma pessoa que não lhe pertence, está contribuindo para uma espécie de furto; apropriar-se de quem não é seu (ou sua).
Um casal, que contraiu um segundo casamento após um divórcio e formou uma nova família no tempo da ignorância, depois que conhece a CRISTO, precisa ou não desfazer do pecado para ser acolhido como igreja do SENHOR? Ou, é possível ser igreja do SENHOR estando na prática do adultério?
Por mais que o NÃO seja uma resposta óbvia para a última pergunta formulada, muitos, que se dizem cristãos nos templos, não veem necessidade de abrir mão do adultério continuado e, o que é pior, são orientados pelos seus líderes a viverem dessa forma, visto que já foi constituída nova família (muitas vezes com filhos envolvidos) e que o adultério fora cometido no tempo da ignorância. Conclui-se: o pecado abominável que fora construído no tempo da ignorância continua de pé, muito firme, na era “cristã”.
Com esse tipo de pedagogia e estratégia, muitas são as lideranças protestantes que têm conduzido a vida dos seus seguidores ao tormento espiritual eterno, considerando que o apóstolo Paulo advertiu à igreja em Corinto que “adúlteros não herdarão o reino de DEUS” (1 Coríntios 6:9-10).
Para caminhar para a glória de DEUS, é preciso abrir mão de qualquer tipo de pecado, tanto os fáceis e simples, como os mais difíceis e complicados, aqueles que farão sangrar a alma e comprovarão a verdadeira renúncia.
Outra passagem muito conhecida da Bíblia Sagrada é a da mulher que foi pega pelos fariseus em flagrante adultério e levada à presença de JESUS. Depois de sofrer uma tortura psicológica enorme, ouviu do Filho de DEUS que o pecado dela estava perdoado, mas que não voltasse mais a pecar, ou seja, abrisse mão de um viver que não pertencia mais a ela.
Em uma de suas epístolas, o apóstolo Paulo advertiu aos irmãos em Éfeso sobre a importância de se preservar e perseverar em busca da santidade cristã; que os costumes dos filhos de DEUS devem ser radicalmente diferentes dos costumes dos ímpios, daqueles que não conhecem o SENHOR:
“E, portanto, digo isto e testifico no SENHOR, PARA QUE NÃO ANDEIS MAIS COMO ANDAM TAMBÉM OS OUTROS GENTIOS, NA VAIDADE DA SUA MENTE; COM O SEU ENTENDIMENTO OBSCURECIDO, SEPARADOS DA VIDA DE DEUS, PELA IGNORÂNCIA QUE HÁ NELES, PELA CEGUEIRA DO SEU CORAÇÃO, os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à lascívia para cometerem toda impureza com ganância. Vós não aprendestes assim a CRISTO; se é que o tendes ouvido e por Ele fostes ensinados, como a verdade está em Jesus, que, concernente ao procedimento anterior, VOS DESPOJEIS DO VELHO HOMEM, QUE É CORRUPTO SEGUNDO AS COBIÇAS DO ENGANO; E VOS RENOVEIS NO ESPÍRITO DA VOSSA MENTE; E VOS REVISTAIS DO NOVO HOMEM, QUE, SEGUNDO DEUS, É CRIADO EM JUSTIÇA E VERDADEIRA SANTIDADE. POR ISSO, DEIXAI A MENTIRA E FALAI A VERDADE CADA UM COM O SEU PRÓXIMO; PORQUE SOMOS MEMBROS UNS DOS OUTROS. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. AQUELE QUE FURTAVA NÃO FURTE MAIS; antes, trabalhe, fazendo com suas mãos aquilo que é bom, para que tenha o que dar ao que tiver necessidade” (Efésios 4:17-28).
Pegue a última frase em destaque e substitua por qualquer outro pecado: AQUELE QUE MENTIA NÃO MINTA MAIS; AQUELE QUE PRATICAVA A HOMOSSEXUALIDADE NÃO PRATIQUE MAIS; AQUELE QUE PRATICAVA O ADULTÉRIO NÃO PRATIQUE MAIS.
Os pecados sexuais quase sempre estão envoltos de outros vínculos ilícitos e perigosos como o vínculo emocional, sentimental, psicológico, além do sexual em si. Libertar-se de um pecado, quando há esses vínculos, é algo muito sofrível e doloroso, mas necessário. Não existe ser cristão sendo escravo de algum pecado, das concupiscências carnais. Se DEUS nos perdoou e lançou nossos pecados no mar do esquecimento, não faz sentido algum mais estarmos mergulhados no mar da podridão dos pecados. Se há escravidão é porque ainda não houve conversão; e o velho viver ainda persiste.
Que o Espírito Santo te convença da Verdade, da Justiça e do Juízo, que muito em breve virá!
No Amor de DEUS,
Pr. Fernando César – É líder do Ministério Restaurando Famílias para CRISTO, escritor, palestrante, um dos principais antidivorcistas do Brasil e defensor das famílias e dos casamentos lícitos aos olhos de DEUS.
Muito se tem falado acerca do perdão.
A bíblia nos ensina a prática do perdão.As referências ao mar do esquecimento decorrem da própria palavra “Per doar”
Doar 100%,totalmente. Sendo o pecado uma dívida contraída, ao perdoar esta dívida será esquecida.
Uma pergunta incômoda: Deus perdoa pecados? Não perdoa. Se o fizesse não precisaria ter sacrificado seu filho. No entanto se aceitarmos Jesus, os nossos pecados estão JUSTIFICADOS EM CRISTO
E para os que por um sentimento de auto suficiência não se renderam a Cristo?
A conta continua .