Um pai tinha dois filhos. Um bem dedicado, focado na sua espiritualidade, exemplar, orgulho da família. Outro, mais novo, irrequieto, puramente carnal, desejoso por viver as descobertas mundanas. Dois filhos de um mesmo pai, mas tão diferentes…
Essa é uma história da Bíblia que, por mais que a conheçamos, sempre vai nos instigar a descobrir novas lições e conhecimentos.
O homem, séculos mais tarde, não por inspiração do SENHOR, decide intitulá-la de “A Parábola do Filho Pródigo”. Parábola é uma pequena história literária, na qual se encerra uma grande verdade, um profundo ensinamento.
Mas por que o título recaiu sobre a trajetória do filho mau? Por que são as atitudes erradas desse jovem que ganharam o contorno principal da escrita? Por que o mal e não o bem?
DEUS tem esses dois tipos de filhos em preparação para o Seu Reino: o que se julga bom demais, santo demais, infalível; e o que é visto como errado, rebelde, desobediente às normas do PAI; o que, aos olhos humanos, morrerá e irá direto para o inferno.
Quase sempre nutrimos essa mesma impressão do filho mais velho. Queremos ser iguais a ele. Raramente uma pessoa se olharia no espelho e veria a face podre do filho mais novo com um desejo enorme de se rebelar e ir para o mundo.
Não digo que seja bom, mas vejo como um caminho necessário para o crescimento e para o aperfeiçoamento de alguns filhos de DEUS.
O problema é que insistimos em não conhecer e ter um DEUS-PAI, que, em muitos casos, permitirá que os seus filhos de debatam no mar da podridão do pecado e da rebeldia; sem ao menos perdê-los de vista na condição de PAI.
Queremos viver DEUS apenas na plenitude de uma bondade que não deixa, de forma alguma, algum dos seus filhos seguir pelo caminho de morte (sem que morra). E assim olho para a história de Adão, de Noé, de Jacó, de Moisés, de Davi, de Pedro, de Paulo, e vejo o muito da minha história hoje no pouco esfacelado da história de cada um deles.
Filhos são filhos, selados eternamente pela promessa redentora de Nosso Senhor JESUS CRISTO, independentemente de como se encontrem hoje. Eles podem até desistir da condição de filhos pelas suas atitudes, mas DEUS nunca desistirá da condição de PAI na vida deles.
Não estou afirmando que eles vão para o Céu de qualquer jeito nem que não sofrerão as consequências amargas das escolhas erradas. Mas o SENHOR não os abandonará. O que afirmo é que filhos verdadeiros, gerados no coração de DEUS, embora se afastem por um tempo, voltarão para o lugar de origem, ainda que com marcas e cicatrizes profundas no corpo e na alma.
Filhos nunca deixarão de ser assistidos pelo SENHOR. Há também outros, que fogem do mundo, conhecem a DEUS, vivem experiências espirituais, depois se afastam e não voltam mais. Esses não são filhos gerados no coração do PAI. A Bíblia relata passagens referentes a esse tipo de pessoas, que apostataram e não voltarão mais:
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim,, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério” (Hebreus 6:4-6);
“Porque se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários” (Hebreus 10:26-27);
“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada ao espojadouro de lama” (2 Pedro 2:20-22).
Só se perderá quem, de fato, for filho da perdição, como foi Judas Iscariotes, como cumprimento das Escrituras:
“Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura (João 17:12)”.
A trajetória daquele filho mais novo da Parábola, além de não se encaixar em nenhum dos exemplos citados acima pelo seu fim, demonstra o quanto fora necessário ele viver tudo o que viveu; quanto o Amor do Pai fora imenso pela vida dele.
O mal, na vida de muitos filhos de DEUS, não representa morte, mas aperfeiçoamento espiritual, para que volte amadurecido, firmado e fundado na Rocha.
É preciso entender a alma de um filho que, como o filho mais novo da Parábola, nutre um grande desejo pelas coisas do mundo. Só compreende quem, um dia, apartou-se da casa do Pai, lambuzou-se com os manjares do inferno, viveu as etapas de felicidade e de desgraça; e depois voltou profundamente arrependido.
Quem não passou por essa experiência, jamais conseguirá ver esperança de cura, de libertação, de redenção na vida de quem vive comendo as migalhas do pecado. Ao contrário, fechar-se-á em um mundo repleto de vaidades, de conceitos favoráveis a si mesmo, de autoexaltação, como o irmão daquele jovem pródigo.
Ele não abandonou a casa de seu pai, entretanto, ao final de tudo, revelou-se com um coração extremamente amargo e invejoso. Talvez fosse a hora de ele, também, ir se esbaldar com a podridão mundana.
A fé de muitos é muito imediatista e visual, regida pelas circunstâncias. Mas não é essa fé que nos ensinam e nos desafiam as Sagradas Escrituras. A fé verdadeira consiste em jogar uma carga imensa de esperança sobre a vida de quem está completamente perdido hoje: “Ele vai sair dessa!”.
Os erros que o outro comete longe de DEUS não são diferentes dos que cometemos na presença DELE. Imagine um marido sucumbir ao inferno porque morreu enlaçado no adultério continuado e uma esposa ter um mesmo fim, por ter morrido insubmissa e rixosa, mas na “presença” de DEUS…
Quando vejo a trajetória de um marido ou de uma esposa caídos, logo me lembro da minha história e da história de um dos filhos mais famosos do Novo Testamento. Como cristão, preciso crer, com 100% de certeza, que a situação que está diante de mim, é um caso parecido com o meu e de milhares, que DEUS fará o mesmo, que terá o mesmo fim glorioso.
Só não posso é desistir por achar que se trata de uma pessoa com o fim parecido com o de Saul, de Judas Iscariotes ou o fim de Ananias e Safira (referência a Atos 5). Eu preciso aplicar no outro a mesma fé que DEUS sempre aplicou em minha vida.
Esse é um princípio cristão básico, elementar e muitíssimo importante, presente no chamado de JESUS para o Seu povo: “Ide e fazei discípulos”. Sem fé, eu até poderei ir, mas não farei discípulo algum para o Reino.
Como disse anteriormente, filhos sempre serão filhos, e serão livres da morte pelas mãos e promessas poderosas do SENHOR:
“Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Isaías 43:10-13).
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:27-28).
Por fim, ouvir de DEUS hoje que, quando eu me encontrava mergulhado no lamaçal do pecado, as Suas maravilhosas mãos estavam sobre a minha vida, faz-me crer no meu chamado e no selo redentor e definitivo de minha alma.
E ainda hoje, como pastor, sou desafiado a cruzar caminhos de morte, para provar a minha fé, o meu temor no SENHOR, e restaurar em mim, cada vez mais, a certeza de que DEUS sempre estará comigo. ELE, como meu PAI, só permitirá que eu, Seu filho, conheça o profundo da escuridão, com o propósito que eu possa sair de lá mais fortalecido no Seu Amor, à medida da estatura de um varão perfeito.
Não atire pedras em ninguém para não recair em um erro maior que o seu próximo. Ore e creia somente! Confie que DEUS permanece no controle de todas as coisas e que só ELE dará a Palavra final…
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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