“Daí, e dar-se-vos-á. Boa medida, recalcada, sacudida e transbordante, generosamente vos darão. Pois com a mesma medida com que medirdes vos medirão também” (Lucas 6:38).
O que tenho mais ouvido ultimamente dos cônjuges são lamentações como a que dá título à nossa reflexão. E quanto mais busco saber as explicações, geralmente as culpas recaem sobre o outro. Quase sempre o ser humano não consegue enxergar o seu próprio erro, em que momento exato contribuiu para o fracasso do matrimônio.
A palavra “fracasso” está imbuída na frustração de quem se casou com a expectativa de que esse estágio de vida (o casamento) seria um imenso mar de rosas. E surgem perguntas do tipo: “se casamento é instituição de DEUS, por que então o meu fracassou?”, como quem quisesse culpar DEUS pelos maus resultados. Costumo dizer que a expectativa do fracasso começa quando há uma má orientação nas igrejas sobre relacionamentos, muito antes do casamento. Ouço conselhos superficiais de líderes dirigidos à juventude, tais como “espere no Senhor DEUS…”; “ore, tão somente”; “DEUS vai te dar a bênção perfeita”, “DEUS é dono do ouro e da prata, ELE também te dará casa, carro, emprego…” e coisas desse tipo, isentando o homem de seus deveres e responsabilidades. Por isso, já encontrei muitas mulheres à beira dos 40 anos achando que foram chamadas para o celibato por terem passado a vida inteira em oração, na expectativa de que algum anjo viesse trazer o homem tão esperado por ela; homens de DEUS viverem com sérias dificuldades financeiras por não terem elaborado algum planejamento. Alguns líderes evangélicos adoram usar versículos soltos para endossar os sonhos e os idealismos de cada um. Eles mesmos criam a expectativa de que casamento é esse “mar de rosas”, sem espinhos. E quando o casal vai vestir a mesma calça, logo percebe profundos incômodos e faz de tudo para se livrar deles.
Um bom casamento provém de uma orientação consciente, racional e, claro, do cumprimento de uma série de expectativas traçadas. Quais os possíveis incômodos que um casal sente ao vestir uma mesma calça? Incômodos geram o quê? Inconformismo. Que causa o quê? Reclamações, queixumes… Que produzem o quê? Brigas, desavenças… Que deságuam onde? No mar da separação e do divórcio. Tudo isso resulta numa só palavra: fracasso! Duas coisas considero essenciais para um casamento: análise do temperamento e a busca pelos objetivos comuns. Uma do lado emocional; outra no aspecto mais pragmático. Vou dar um exemplo bem simples: se uma moça estuda e tem ambições de prestar um vestibular e cursar uma universidade, formar-se e se profissionalizar; no mínimo, o parceiro tem que seguir uma estrada parecida; ter essa perspicácia de estar nivelado à mulher na busca dos interesses profissionais. Se essa etapa estiver bem preenchida, é preciso urgentemente saber uma outra resposta: como meu futuro marido ou minha futura esposa se comporta emocionalmente? É uma pessoa calma; amável; prestativa; dedicada; organizada e responsável? Ou é uma pessoa “estourada”; “pavio curto”; que pensa muito em si e se esquece do outro? Esses detalhes devem ser observados no namoro e no noivado. Ainda que haja fervorosa paixão um pelo outro, não aconselho pessoas com essas diferenças caminharem para uma vida a dois. Não citei aqui nem o interesse que ambos devem possuir em ter uma vida dedicada a DEUS; porque o considero em primeira ordem.
Outro detalhe importante: em um casamento, os cônjuges devem estar preparados mais para dar do que receber. É o que está em Atos 20:35: “(…) Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. Então, a pergunta que se faz ao marido e à esposa não é se ambos se amam; mas se um percebe o amor que o outro lhe dá. Seu parceiro capta o amor que você diz sentir? Quando demonstramos o nosso amor ao próximo nos solidarizamos não só com suas alegrias como também as tristezas; fazemos com que o outro se sinta apoiado e valorizado. Uma professora de Sociologia escreveu certa vez: “se quiser se sentir sozinho num relacionamento, esteja com alguém que não tem nem ideia do que você está passando. Ou pior, com alguém que tem ideia, mas não consegue entender o por quê a sua dor é importante”. A falta de sensibilidade também acarreta o fracasso no casamento.
Vejamos agora duas maneiras de como demonstrar o amor pelo próximo. A primeira delas quem nos ensina é o apóstolo Tiago: “(…) Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar, pois a ira do homem não opera a justiça de Deus” (1:19). Observo aqui uma qualidade indispensável ao casal: a excelente manifestação verbal. Como você tem tratado seu marido ou a sua esposa? Com palavras dóceis? Palavras de encorajamento, de incentivo, reconhecendo o valor que ele (ou ela) tem; ainda que algo não tenha saído do jeito que se imaginava. Em outro sentido, você pode usar as palavras para fazer com que seu companheiro se sinta mais amado. O segundo aspecto: oferecer ao outro a melhor qualidade do tempo. De que forma você tem usado o seu tempo? Na frente do televisor? Ou do computador? Nos jogos com os amigos ou nas visitas constantes à melhor amiga? Você tem reservado um tempo especial para usufruir os momentos agradáveis ao lado da pessoa amada? Em Hebreus 10:24 está escrito: “consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”. Tremendo, não? Considerar o outro, reservando-lhe um tempo preciso, significa demonstrar amor verdadeiro.
Caminhar juntos, ter objetivos comuns no que se refere à visão espiritual. Quem vive verdadeiramente a Palavra de DEUS sabe que todo casamento abençoado por DEUS, independentemente onde tenha sido realizado, é indissolúvel. Casou-se? Agora lute com todas as suas forças para que o seu casamento dê certo e não fracasse. Lutas virão, mas todas existem para ser superadas no temor ao Senhor JESUS. O homem não pode separar jamais aquilo que DEUS uniu e abençoou. Portanto, caminhar juntos, na mesma igreja, em busca do conhecimento da Palavra de DEUS; orar sem cessar; vigiar; não dá causa, motivo, para que satanás não tente o casal, especialmente na área sexual e financeira. Como uma brasa se manterá acesa se não tem fogo? Como querer colher frutos maduros e saudáveis se nenhuma semente boa foi plantada? É aí que entram as responsabilidades humanas, atributos de toda liberdade que DEUS deu ao homem e à mulher. Se fizermos as coisas erradas, diferentes do que ensina a Bíblia Sagrada, é quase certo que o fracasso baterá à porta. Mas como DEUS não nos disse a hora da nossa porta é porque temos a chance de recomeçar de algum ponto da caminhada ou mesmo começar do zero. Porém, o que Nosso PAI não deseja é que desistam. Tal atitude, por mais que se levantem razões sérias, não tem a aprovação de DEUS.
Quer se casar? Saiba que só o SENHOR DOS EXÉRCITOS pode destituir o seu casamento por meio do falecimento de um dos cônjuges. Quer que se casamento dê certo? Primeiramente só se case com um homem ou uma mulher temente a DEUS. Depois perceba se há objetivos comuns entre os dois e não se esqueça também de verificar o aspecto emocional. Com esses pontos sendo bem considerados antes do matrimônio, acredito que, com muita perseverança, o seu casamento jamais fracassará. Se durante a caminhada, o seu cônjuge falhar, ore por ele, levante-o. Se ele se desviar do caminho de DEUS, ore mais ainda, procurando sempre se manter de pé, firme, para que DEUS faça a obra completa e perfeita em sua vida. O que tem levado casamentos à beira do fracasso é o querer dar e receber com a outra mão na mesma proporção; ou os mais egoístas, apenas receber, como se o outro tivesse, por estar casado, obrigação de fartá-lo. Aprenda: você se casou com o dever de fazer o outro feliz, de ser bênção na vida dele ou dela, independentemente se ele ou ela for na sua vida. A sua felicidade consiste em abençoar o outro e ter por prêmio, da parte de DEUS, galardão de honra.
Desde a infância, ouvimos histórias românticas de pessoas lindas que se apaixonavam e viviam felizes para sempre. Um estudioso do assunto escreveu: “É pouco provável que haja outra atividade, outra empreitada, que comece com tamanhas esperanças e expectativas e que, no entanto, fracasse tão regularmente quanto o amor”. De fato, nossos relacionamentos mais achegados são os mais problemáticos, resultando em fracasso em vez de alegria duradoura. Em grande número de países, 40% dos casamentos acabam em divórcio e traumas profundos; afetando, inclusive, as crianças. E quando os casais decidem não se divorciar, estão longe de serem felizes. Então: o que aconteceu ao amor, a essa pérola tão preciosa? Como no Édem, será que foi DEUS quem errou? Ou foi o outro que, enganado pela serpente moderna, induziu o seu cônjuge ao fracasso? Repense, ore, lute, mas não desista jamais do seu casamento, da mesma forma que você não gostaria que DEUS desistisse de você. Que as misericórdias do SENHOR estejam multiplicadas em nossas vidas!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é líder do Ministério Famílias para Cristo.
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