“Esta é a vontade do Senhor para a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio em santificação e honra; não no desejo da lascívia, como os gentios, que não conhecem a Deus; e que nesta matéria ninguém oprima nem engane a seu irmão. O Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santificação” (1 Tessalonicenses 4:3-7).
Quando papai e mamãe se trancavam no quarto para viverem os seus mais sublimes e intensos momentos de amor, não havia AIDS, certas doenças venéreas, preservativos, as famosas “sexy-shop”. O sexo nem falado era abertamente. Havia um pudor e uma reserva fora do comum. Era algo que só podia viver e conversar a sós, no momento mais íntimo do casal. Também não tinha tantos nomes pejorativos como nos dias de hoje. Sexo era, simplesmente, sinônimo de amor. “Fazer amor” era desenvolver uma vida sexual baseada, sobretudo, no respeito ao cônjuge. Não era nem preciso vir de uma descendência cristã-evangélica para conceber o sexo como algo puro, abençoado, do qual DEUS podia entrar no quarto e ser fiel testemunha. Meus pais eram apenas religiosos, frequentadores fiéis das missas aos domingos. Eles também foram educados por pais que viveram numa época bem distante das promiscuidades sexuais dos cabarés, das famosas “zonas de baixo meretrício” de antigamente. Nem meus avós nem muito menos meus pais foram contemporâneos da mulher que foi pega adulterando pelos fariseus e levada à presença de JESUS, e quase morta por apedrejamento. Mas certos tipos de prática sexual eram de uso exclusivo das prostitutas, chamadas “mulheres do mundo”, sem família, que viviam à margem da sociedade e eram olhadas como um câncer social. Naquele tempo, era possível perceber a diferença entre mundo e igreja. Alguém que vivesse com certos trejeitos, certos costumes, logo se sabia que era uma pessoa que não tinha o temor a DEUS. As igrejas evangélicas ainda estavam em crescimento e, pelo que me lembro, havia algumas poucas denominações: Assembleia de DEUS, Congregacional, Presbiteriana, Batista, e uma e outra que me fogem à memória nesse instante. Mundo e igreja eram duas concepções bem claras, bem distintas, bem opostas, bem extremas, bem diferentes…
Eu, diferentemente dos meus pais e avós, cresci sob os olhares de uma sociedade e de uma igreja bem corrompidas, em que pouco se diferenciam. A prática sexual, por exemplo, é igual, sem diferença de nada. O mundo “evoluiu”, mas não se desenvolveu. As descobertas científicas avançaram e nos trouxeram grandes benefícios, é bem verdade, especialmente na área da sexualidade. Mas a igreja, sob a alegação de atrair as pessoas do mundo para os braços de CRISTO, “modernizou-se” e se adaptou às práticas mundanas. Tornou-se numerosa. Hoje se vê o mundo nas igrejas, mas não se vê as igrejas no mundo para transformá-lo. Da missão de influenciá-lo, a igreja terminou por ser influenciada por ele. Ser cristão verdadeiro, ser santo, seguir a PALAVRA DE DEUS, ser o oposto do mundo, é algo “careta”, alienante, retardado, démodé, inconcebível; é o mesmo que ser levado em praça pública para ser apedrejado ou crucificado em outro Gólgota.
Sexo é um tema que atrai a atenção de bilhares de curiosos no mundo inteiro. Para se ter uma ideia, os EUA lucram economicamente por ano milhões de dólares pela simples exposição e venda de temas relacionados ao erotismo. Há algum tempo atrás, publiquei um estudo em um site cristão abordando o sexo oral e anal entre os casados. Este estudo bateu o recorde de acessos. Não só por curiosidade, não só por má intenção, mas também pela carência e pela necessidade que muitos têm de saber o que é agradável e o que não é aos olhos de DEUS. As salas de bate-papo destinadas especificamente à pornografia estão super lotadas. Até fila de espera possuem. E lá estão ímpios e pessoas que se dizem cristãs bebendo na mesma fonte, provando do mesmo fel. As locadoras de vídeos, profundamente abaladas pelo comércio da pirataria, respiram ainda devido aos clientes adeptos aos vídeos pornográficos. Os cinemas quase nem mais existem porque a Internet os sucumbiu na contramão do progresso, oferecendo sites de filmes eróticos inteiros, totalmente grátis. Basta um simples clique no mouse e logo uma exposição de sujeira aparece diante dos olhos.
Fomos afetados por toda essa “modernização”. Como cristãos nos deixamos afetar, contaminar por tão terríveis costumes. O santo não é mais tão santo assim. É meio-santo, meia-boca como afirmam alguns, se é que é possível a existência desses termos. A tal modernização veio como uma avalanche, um tsunami, destruindo tudo o que viram pela frente. Não escolheram apenas as ovelhas mais fracas, mais insignificantes, mas atingiram também, em cheio, os líderes, aqueles que estão à frente, na condução do rebanho de CRISTO aqui na terra, com a genuína e difícil missão de nos direcionar a uma vida mais santa com JESUS. Qualquer líder que pregar uma vida de renúncia, de obediência à Palavra de DEUS, de santidade, correrá o risco de ser muito criticado e ter a sua igreja esvaziada. Essa é a razão de muitos preferirem se calar em relação a alguns temas polêmicos. A igreja, enfim, prega o que o ouvinte deseja, e não o que ele precisa. E não só a igreja foi contaminada pelas coisas do mundo. A família também foi. A vida sexual do casal cristão é igual ou pior ao sexo que os ímpios praticam. Não nos atentamos para os malefícios que poderiam advir sobre nossa vida cristã, as tristes consequências que deles poderiam surgir para gerações inteiras, a partir de uma prática sexual mundana. Aceitamos, alimentamo-nos como se fôssemos fortes o suficientes para a qualquer momento dizermos: “chega! Vai embora! Não te quero mais, mundanismo, na minha vida! Agora vou voltar a ser santo.” Nós estamos contaminados. Por tabela nossos filhos também estão. Nossas famílias respiram sob aparelhos, em estado terminal. As futuras gerações estão comprometidas. As crises que ainda não se abateram sobre algumas estão bem próximas. Pouquíssimas vão resistir e sobreviver. Perdemos completamente o foco da salvação porque não tratamos com a devida responsabilidade àquilo que o apóstolo Paulo tanto escreveu e nos ensinou: “A inclinação da carne é morte, é inimizade contra Deus. Os que agradam a carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:6-8); “mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos. Nem devasso, ou impuro tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs, pois por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Não sejais participantes com eles. Pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz. E não vos associeis com as obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as” (Efésios 5:3-11) (versículos adaptados). Ou mesmo o que disse Salomão, com a sua mais profunda sabedoria: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos de morte” (Provérbios 14:12). O futuro das famílias está ameaçado.
Aos solteiros, nos dias de hoje, Paulo os diria: “acho que é bom, por causa da presente crise, vocês permanecerem como estão” (1 Coríntios 7:26). Essa presente crise faz parte também das motivações sexuais erradas que os casais possuem sobre o leito de intimidade. Motivações que também já faziam parte da igreja primitiva (leiam Romanos 1:21-32).
Muitas dúvidas ainda pairam a mente do povo de DEUS acerca do ato sexual. Há muitas doutrinas divergentes sobre o mesmo assunto. E todas procuram utilizar versículos bíblicos para justificarem as suas teses. Umas muito coerentes; outras totalmente absurdas. JESUS afirmou: “errais por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22:29). Também está escrito: “o meu povo é destruído porque lhe falta o conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, eu te rejeitarei como o meu sacerdócio; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei dos teus filhos” (Ozéias 4:6). Precisamos ter muito cuidado para não nos alimentarmos com joio, pensando ser trigo.
Papai e mamãe, meus avós é que estavam certos. Eles eram felizes e não sabiam. Vivo em um tempo em que mundo e igreja não se diferem mais em quase nada, com raríssimas e minguadas exceções. Talvez quando chegar o tempo dos meus filhos e netos, a verdadeira igreja já nem mais exista aqui. O que sobrará é um protótipo de igreja, um aglomerado de gente, com mega templos e suas plataformas motivacionais, que louva e adora o Nome do SENHOR apenas com os lábios, pois o coração está contaminado. A igreja verdadeira estará com JESUS nos céus, arrebatada, e esta, sim, será aquela dos poucos escolhidos a quem JESUS se referiu em certa ocasião. A igreja que ficar será os que foram apenas chamados, mas que não perseveraram, não santificaram as suas vestes, não puseram óleo sobre a cabeça, e apenas tiveram nome de Vida, mas a alma morta. Mas ainda há tempo de nos arrependermos de coração, abandonarmos as práticas dos gentios e santificarmo-nos para esperarmos a vinda do Nosso Salvador. Há tempo de fazermos novas todas as coisas. Basta querermos, pois à nossa disposição ainda estão a Graça e as misericórdias do PAI. Que DEUS toque em seu coração! Espero ter contribuído. Em CRISTO,
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é líder do Ministério Famílias para Cristo.
Os únicos remédios para esse mal chamam-se santificação e comunhão contínua com o Espírito Santo. Ainda bem que a misericórdia do Pai se renova a cada amanhecer…