“As muitas águas não poderiam apagar este amor, nem os rios afogá-lo(…)” (Cantares de Salomão 8:7)
Muito se discute hoje em dia sobre se o casamento continua ou não sendo indispensável na vida de um homem e de uma mulher. E é quase absoluto ouvir de uma grande maioria que o “casamento se tornou uma instituição falida” na contemporaneidade. Por quê? Sem dúvida alguma, o principal motivo que leva a esse descrédito está nos altos índices de casais que estão procurando a justiça para se divorciarem. Infelizmente, o casamento, nos tempos de hoje, com raríssimas exceções, não suporta os primeiros anos de existência. Em face dessa triste realidade, muitos jovens solteiros não desejam mais para si o espelho de matrimônio que eles presenciam, tanto no mundo como em sua própria casa, e, quando decidem por um relacionamento, preferem algo do tipo “morar junto”, esquivando-se de maiores aborrecimentos futuros.
O meu objetivo, nessa primeira de uma série de estudos sobre o tema, é mostrar que o casamento, instituído por DEUS, nunca foi e nunca será uma “instituição falida” e explicar as razões pelas quais existem tantos divórcios. Para isso, faz-se necessário voltar nossos olhos para a fase da solteirice, o começo de tudo. Ser solteiro não é nada que incomode nem produza mal-estar na saúde emocional e espiritual de um ser humano. Se as pessoas do mundo estão cada vez mais fugindo dessa etapa da vida, não significa que os cristãos devam agir do mesmo jeito. Muitos acreditam que a vida de solteiro é tediosa, cafona, fora de moda, sem sal, sem alegria. Ser solteiro tornou-se sinônimo de solidão. Para outros, “é melhor ser solteiro do que estar mal acompanhado”. A bem da verdade é que a fase de solteiro, quando bem aproveitada, gera amadurecimento pessoal e espiritual; e frutos consistentes no futuro.
Que tal começarmos falando de um assunto que é quase unanimidade entre os jovens solteiros, o sexo? O sexo é a forma que DEUS encontrou para unir e abençoar o homem e a mulher casados para que possam gerar filhos e sentir prazer um pelo outro. Mas essa prática só é permitida por DEUS após o casamento. Enquanto, esse tempo não chega, o solteiro deve alimentar e bem o seu lado espiritual, lendo a Palavra, estando sempre na Casa de DEUS, desenvolvendo atividades saudáveis, saindo com amigos para passear, respeitando a sua família e as autoridades constituídas por DEUS. Portanto, o solteiro deve fugir de tudo que o possa conduzir à concupiscência carnal, à lascívia: fugir de novelas, de conversas tolas, improdutivas, de amizades que nada acrescentam à vida espiritual, dos conteúdos eróticos na televisão e na escrita. Lembrando que a masturbação é pecado, porque leva a um estímulo sexual egoísta. Quem se masturba geralmente o faz porque a mente foi acionada a alguma imagem libidinosa. O solteiro não é livre totalmente, não é dono do seu próprio nariz. A principal característica do solteiro está exatamente na capacidade de obedecer, tanto a DEUS, a seus pais e também as demais autoridades. Ele mais ouve do que fala. Como também pergunta antes de agir, se está certo ou errado fazer determinada coisa.
O segundo passo, não menos importante, é saber a hora certa de se aproximar de uma pessoa com intenção de namorá-la: o processo de escolha. Primeiramente, você precisa entender que existem dois tipos de escolhas para um começar um relacionamento: aquela que é pautada de forma soberana e independente, sem buscar os conselhos de DEUS na Santa Palavra; e a escolha realizada debaixo da obediência ao PAI. Uma e outra não estão isentas às tempestades, às brigas, aos destemperos emocionais e às separações futuras. Mas quando se tem um bom conhecimento da Palavra de DEUS tudo fica bem mais fácil de lidar com certas situações sem abrir mão do compromisso. DEUS é a bússola, é o Guia. Saber escolher alguém é observar no outro se existe vida verdadeiramente escondida em CRISTO. É o que JESUS chamou de frutos dignos de justiça. Quando se escolhe de maneira deliberada tende a se fazer a escolha errada. É aquela que passa no âmbito carnal, da pura admiração à beleza exterior; do entusiasmo; e, por isso, os resultados são bem mais drásticos. São pessoas que não procuram ser rigorosas em suas escolhas, observando bem os princípios cristãos na vida de quem pretende se relacionar. Deixam-se apenas ser movidas pela atração momentânea, presas apenas eu “Eu” egoísta. Dessa forma, a escolha já começa errada. Ela se dá em meio a uma avalanche de precipitação, do desespero de querer logo um companheiro (a), com medo de ficar para “titio (a)”. Esse domínio da ansiedade na pessoa faz com que ela deixe de ouvir a voz de DEUS e de obedecer ao que está nas Sagradas Escrituras. E tudo que começa sob o comando da precipitação, no mínimo, está sujeito a feridas que vão desabrochando ao longo da convivência.
DEUS prepara um tempo certo para o seu filho deixar a solteirice e entrar na fase do namoro. Atualmente, os pais estão liberando seus filhos cada dia mais cedo para namorarem. Crianças, pré-adolescentes já namoram nas praças sem nenhum pudor. Pais que perderam a autoridade sobre seus filhos, que os criaram debaixo de um modelo social totalmente liberal, sem regras e sem limites, estão sofrendo pelo envolvimento dos filhos com as drogas, com a violência e com a paternidade cada vez mais precoce. Há também aqueles pais que, com medo de perderem seus filhos para o mundo, liberam as camas de suas casas para a intimidade dos menores com seus namorados, dando-lhes, inclusive, preservativos. Esse é o modelo de família sem DEUS, sem raízes cristãs, fadado ao fracasso e a dores futuras. A família estruturada segundo os conselhos de DEUS cresce no temor à Palavra e se desenvolve na congregação dos santos. Nosso SENHOR deseja que o homem e a mulher solteiros vivam para ELE. É a fase do amadurecimento espiritual, onde vão se formando todas as colunas que darão sustento a um namoro abençoado e feliz. É nesse tempo que a pessoa aprende o quanto é importante se decidir por um namorado cristão, temente à Palavra de DEUS. Não basta ser crente ou andar com a Bíblia debaixo do braço. É indispensável ver os frutos de obediência e de amor ao PAI. A Bíblia destaca que relação diferente a essa gera um jugo desigual: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis. Pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuário do Deus vivente, como Deus disse: neles habitarei, e entre eles andarei, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2 Coríntios 6:14-16). Em outras palavras, o apóstolo adverte a todos os solteiros a não se relacionarem com pessoas que se prostram diante de imagens de santos, de ídolos, homens e mulheres que ainda não experimentaram o novo nascimento em CRISTO JESUS, e que são amigas do mundo. Luz só deve se relacionar com luz. É muito importante que esse conselho seja cumprido, porque geralmente quando um cristão se relaciona com um ímpio, a tendência é que o segundo exerça influência do mal sobre a vida do primeiro, levando-o a práticas pecaminosas como, por exemplo, a fornicação e outros vícios. Já vi muitos casos de pessoas cristãs que se envolveram com ímpios na esperança de que estes fossem se converter a CRISTO. Em pouco tempo, pela paixão humana, estavam arruinados no pecado e longe de DEUS. Claro que há algumas poucas que obtiveram êxito, mas que, até chegar a esse estágio, amargaram derrotas imensas. Ninguém busque viver pelas exceções, mas por aquilo que DEUS determina. Veja a pergunta que Paulo faz sobre esse risco: “como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se salvarás a tua mulher?” (1 Coríntios 7:16).
Solteiro existe para servir a DEUS; é o maior pescador de almas que existe. Ou pelo menos deveria ser. Ele tem todo o tempo do mundo para se dedicar às coisas do Senhor JESUS, ao trabalho de evangelização; e a plenitude do tempo deve ser na Casa de DEUS. O solteiro vive para rejeitar as obras do mundo: “e não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas; mas, antes, condenai-as. Pois o que eles fazem em oculto, até dizê-lo é vergonhoso” (Efésios 5:11-12). E que obras as trevas produzem? “Prostituição e toda a sorte de impureza, ou cobiça, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpeza, nem conversa tola, nem chocarrices, que não convêm, mas antes ações de graças. Pois bem sabeis isto: nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs, pois por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto não sejais participantes com eles. Pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz” (Efésios 5:3-8). No livro aos Gálatas, a lista está mais extensa e detalhada: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, pelejas, dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos preveni, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gálatas 5:19-21).
O apóstolo Paulo, no capítulo em que ele enfatiza os relacionamentos, dedica um tempo a ensinar aos solteiros de como devem se comportar: “digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se permanecerem como eu (solteiro e se dedicando a obra do Senhor)(1 Coríntios 7:8) (grifo meu). “O homem solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor (…). A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo (santidade no corpo é não praticar sexo antes de se casar) como no espírito” (versículos 32 e 34) (grifo meu).
Para que as bênçãos sejam plenas na área sentimental é preciso muita obediência aos conselhos divinos, o que, humanamente falando, não é tão simples assim, pois para muitas pessoas a natureza carnal se torna um império de tentação e de queda. Paulo escreveu: “pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7: 19). Assim, está mais do que claro porque o verbo que abre o versículo dessa reflexão está no futuro do pretérito: “as muitas águas não poderiam…”; ou seja, águas tempestuosas e os rios da tribulação podem, sim, destruir o amor e a vida de uma pessoa que não vigia nem guarda os mandamentos de DEUS. E isto é possível porque o casamento, embora seja instituição divina, depende também do perfeito cumprimento das responsabilidades do homem e da mulher desde a vida de solteiros para que seja muito abençoado. É nessa fase onde veremos se o casamento estará debaixo da proteção de DEUS ou debaixo de maldição. Toda escolha errada gera consequências tristes e amargas. DEUS perdoa todos os nossos pecados se nos arrependermos, mas não nos isenta das consequências. Elas perduram por um longo tempo. Geralmente, os frutos ruins de um matrimônio vêm desde o começo, na escolha do companheiro e da companheira. Se escolheu e se casou, saiba: uma vez casado, só DEUS pode separá-los. Por isso, saber escolher é imprescindível. Um homem e uma mulher, por mais que tenham bons valores sociais e morais, se não conhecerem e temerem o Evangelho de DEUS, jamais terão estrutura suficiente para viverem um relacionamento abençoado. Essa é uma razão porque DEUS não avalia as pessoas, em princípio, pelas obras de justiça (boa educação, nível escolar, capacidade de fazer o bem etc.). Ser bom ou boa para DEUS significa viver debaixo e dependente da vontade DELE. Nunca existirá uma pessoa boa se não existir o temor à Palavra: “Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, Ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que Ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 3: 3-6).
Quem não é fiel a DEUS não pode ser fiel a ninguém. Os valores de um relacionamento abençoado vêm a partir de uma vida de obediência desde a fase de solteiros. Portanto, é muito importante não se precipitar na hora de escolher, de decidir por alguém. Casamento, diferentemente do adultério, é um caminho sem volta: uma vez casado, casado até que a morte o separe. Está mais que provado que é DEUS quem mostra o tempo certo para duas pessoas começarem um relacionamento: “há tempo de amar” (Eclesiastes 3:8). Esse tempo é natural, surge quando menos um e outro esperam. O homem e a mulher verdadeiramente de DEUS não se apressam: “Esperei com paciência pelo Senhor; Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (Salmos 40:1).
Um dos homens mais sábios do mundo certa vez aconselhou: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: não tenho neles contentamento” (Eclesiastes 12:1). A melhor coisa que um solteiro faz é se lembrar de DEUS, servi-LO de todo coração e de toda a alma; é esperar pelo tempo que DEUS reservou para ele todas as bênçãos celestiais. Se assim fizer, água nenhuma destruirá aquilo que cresceu a partir de uma boa semente. É preciso que você esteja atento (a) para plantar bem nesse tempo. Um bom solteiro planta no Reino de DEUS para colher bons frutos na sua vida. Enquanto o tempo de namorar não chega, viva em CRISTO e plenamente a sua vida de solteiro (a); olhai para a seara e saiba plantar uma boa semente para que, no tempo certo, dê frutos saudáveis: “A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara” (Mateus 9:37-38). Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é líder do Ministério Famílias para Cristo.
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