“Acima de tudo, lembrai-vos de que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”. (2 Pedro 1:20-21)
Desde a Reforma Protestante, datada do início do século XVI, que a igreja vem passando por sérias e preocupantes transformações. A Reforma, em si, foi um grito descontente às mudanças que o homem tentou imprimir à igreja logo após o seu surgimento apostólico. A doutrina apostólica, puramente alicerçada nos conselhos de CRISTO, ao longo dos tempos, foi sendo mudada ao bel prazer humano e redirecionada aos interesses particulares. O homem então deixa de ouvir a voz de DEUS na Palavra e passa a transformar aquilo que DEUS diz de acordo com a satisfação do EU dele. A Reforma então foi uma tentativa de ajuste, de retorno aos pilares iniciais. Mas o tempo passou, e assim, como no período pré-Reformista, o homem mais uma vez adapta os ensinamentos de CRISTO àquilo que lhe satisfaz. Toda interpretação humana que se tenta fazer da Palavra de DEUS produz sérios desvios de conduta cristã, fazendo com que um cristão se torne apenas religioso, frequentador de templos, escravo de dogmas humanos, muito longe da presença de DEUS.
Dói no fundo da alma quando temos que ouvir de JESUS que devemos renunciar as nossas vontades, se quisermos ser herdeiros do Reino da glória de DEUS. É como se tudo em nós estivesse errado, tortuoso, precisando urgentemente de mudanças: o nosso querer, as nossas boas intenções, os nossos planejamentos, os nossos sonhos e ideais. Somos uma máquina desconcertada, errante, enganada pela voz interior que nos convence que somos e estamos certos. O princípio maior de CRISTO e, consequentemente, dos apóstolos, está direcionado ao ARREPENDIMENTO DO HOMEM. A ordem expressa em palavras está logo na gênese dos Evangelhos: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus!” (Mateus 3:2). Arrepender-se é muito mais do que reconhecer-se pecador, falho, errante; significa que o homem precisa também abrir mão de tudo o que lhe prende e lhe dá prazer e felicidade interior. E isso não quer dizer que seremos tristes e infelizes, o mais melancólico e solitário dos humanos, mas que passaremos a nos afastar do mundo, a matar o nosso EU, e nos tornar escravos da Palavra de DEUS. Aceitar a CRISTO como Senhor e Salvador representa que não seremos mais guiados por nossa vontade e que sofreremos uma mudança radical de vida. CRISTO olha para mim e para você e afirma com todas as letras: “NASÇAM DE NOVO!”. Nossa vida velha deixa de existir e dá lugar a uma vida nova, de renúncia, de aflições e perseguições por Amor ao Evangelho; uma vida abundantemente abençoada, protegida, remida.
Quando enxergamos essa Verdade de CRISTO, entendemos porque é tão difícil para quem está no mundo tomar uma decisão de renúncia plena. O grande empecilho que a outra pessoa enfrenta para se tornar cristã verdadeira não são os obstáculos exteriores, mas o próprio EU dela. Por isso que muitos perguntam: “e eu tenho que abrir mão disso e daquilo para me tornar cristã?” A resposta é: “não só disso e daquilo, mas de todas as coisas. A sua vida velha, religiosa, precisa ser sepultada completamente, para que CRISTO viva em você”. O ser humano precisa, primeiramente, se enxergar crucificado na cruz com CRISTO para, só assim, ser ressuscitado com ELE. Observe o que escreveu o apóstolo Paulo: “Estou crucificado com Cristo, e já não vivo, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20). João compartilhou dessa mesma fé: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (3:30).
O homem tenta fechar seus olhos para a palavra RENÚNCIA e, para não se admitir longe da presença de DEUS, ele tenta adaptar a Palavra de DEUS aos seus interesses. Para ele, é mais fácil viver um “evangelho” adaptado sem estar longe do templo; é bem melhor servir a CRISTO e ao mundo ao mesmo tempo, do que admitir-se afastado, sem o Espírito Santo em sua vida. Esse interesse do homem em ser cristão do seu jeito não vem de hoje. A Bíblia nos mostra a história de um jovem judeu, muito rico, que, certa vez, foi ter um encontro com JESUS: “Pondo-se Jesus a caminho, correu para ele um homem que, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus. Sabes os mandamentos: não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falsos testemunhos, não defraudarás a ninguém, honra a teu pai e a tua mãe. Ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade. Jesus, olhando para ele, o amou, e disse: falta-te uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Então vem e segue-me. Mas ele, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades” (Marcos 10:17-22). O que esse jovem precisava para ser salvo era exatamente aquilo que o escravizava, que o prendia: as riquezas materiais. Ele não quis abrir mão do essencial para seguir a JESUS.
Mas como eu disse anteriormente, o homem muitas vezes tenta adaptar a Palavra de DEUS aos seus interesses. É uma forma que ele encontra de não abrir mão totalmente do seu EU; ou de dizer a JESUS: “abro mão de algumas coisas, mas de outras não abro”. Quando esse mesmo homem é confrontado na Palavra, ele responde: “é uma questão de interpretação. Um interpreta de um jeito, outro, de outra maneira. O que vale é que DEUS nos deu livre-arbítrio para fazer o que eu quiser”. Que DEUS é esse que inspirou uma Bíblia Sagrada com diversas interpretações? Que DEUS é esse que nos deu uma Bíblia confusa, onde cada um interpreta do jeito que quer? Que DEUS é esse que deu uma liberdade ao homem que, depois de ter nascido de novo, autoriza-o a desobedecê-LO? Ouvi do Pastor Marcos Moraes que houve um acampamento aberto, na Bahia, para pastores de diversas denominações. Um dos pastores lá presente, de Feira de Santana, “casado” pela segunda vez, perguntou a um pastor argentino o que ele achava do segundo casamento de divorciados. O pastor argentino então abriu a Palavra de DEUS em Lucas 16:18: “Qualquer que deixa a sua mulher, e casa com outra, adultera, e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também”. O primeiro pastor, então, tentando encontrar maneiras para justificar o seu estado civil atual ilícito, instigou o colega: “e qual a sua interpretação desse texto?”. O argentino então respondeu: “Qualquer que deixa a sua mulher, e casa com outra, adultera, e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também”. Insatisfeito com a resposta do colega, o pastor da Bahia refutou: “eu não quero que você leia o versículo, quero saber a sua interpretação dele”. Como quem não tivesse entendido, o pastor estrangeiro afirmou: “ah, você quer saber a minha interpretação? Agora, sim, entendi. Então, segue a minha interpretação: Qualquer que deixa a sua mulher, e casa com outra, adultera, e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também”. Qual outra interpretação particular existe para palavras tão claras e diretas de JESUS? O que aquele pastor nativo queria, na verdade, era encontrar um jeitinho de adaptar a Palavra de DEUS ao erro dele, ao pecado que ele estava cometendo; ou seja, o pecado do adultério.
Examinando ainda mais textos da Palavra de DEUS acerca do mesmo assunto, iremos encontrar: “Quem repudiar a sua mulher, e casar com outra, adultera contra aquela. E se a mulher repudiar o seu marido, e casar com outro, adultera” (Marcos 10:11-12); “A mulher está sujeita ao marido enquanto ele viver; está ligada a ele pela lei; mas morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se unir-se a outro homem. Mas, morto o marido, está livre da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido” (Romanos 7:2-3); “A mulher casada está ligada pela lei enquanto o seu marido vive. Mas se falecer o marido, fica livre para se casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” (1 Coríntios 7:39). Todos os textos lidos afirmam claramente uma só coisa: que o casamento para DEUS é indissolúvel, e que, se a esposa abandonar o marido ou o marido abandonar a esposa e se unirem a outra pessoa, esse ou essa será considerado (a) adúltero (a). Que dificuldade temos de entender algo tão claro?
Alguém, certo dia, chegou para mim e disse-me: “mas, pastor, minha mulher me traiu, adulterou. Não posso eu me casar com outra em caso de adultério como está escrito em Mateus 19:9?”. Os textos acima são bastante claros. Não é preciso que ninguém tenha feito um curso de Letras ou Teologia para entendê-los em sua essência. Basta saber ler, decodificar as palavras. O único caso em que se dá abertura a um novo casamento é na morte de um dos cônjuges. Se adultério fosse prerrogativa para um divórcio e um segundo casamento, JESUS e os apóstolos teriam dito “a mulher está ligada ao marido enquanto ele viver e for fiel”. Mas não é isso que está escrito. Para toda infidelidade há o perdão e o conserto de DEUS.
Quanto ao versículo de Mateus 19:9 (“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério, e o que casar com a repudiada também comete adultério” – grifo meu), precisamos substituir algumas palavras para o grego (como está no original) para entendê-lo sem manchas: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de PORNÉIA (fornicação), e casar com outra, comete MOICHOS (adultério), e o que casar com a repudiada também comete MOICHOS”. Se adultério fosse motivo de divórcio, o texto, no grego, estaria escrito assim: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de MOICHOS (adultério), e casar com outra, comete MOICHOS, e o que casar com a repudiada também comete MOICHOS”. Além disso, teríamos que jogar fora todos os outros textos lidos anteriormente, porque eles iriam contradizer o que estaria supostamente dito em Mateus 19:9.
Muitos cristãos tentam criar um evangelho para si mesmo, adaptado aos seus interesses. Vivem enganados dentro dos templos, porque, muitas vezes, DEUS os usa para curar, pregar, fazer milagres e prodígios, como se essas obras somente os levassem para o Céu. Estão todos enquadrados em Mateus 7:21-23. Como posso servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo? “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus 6:24). Como poderei servir a DEUS estando igualmente servindo ao mundo? “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). Como poderei servir a DEUS e aos prazeres da minha carne ao mesmo tempo? “O espírito é que vivifica, a carne para nada serve. As palavras que eu vos disse são espírito e vida” (João 6:63); “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito” (Romanos 8:5). Como poderei estar em comunhão com DEUS e também com os escarnecedores, que não conhecem a Palavra de DEUS? “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Salmo 1:1-2). Como poderei ser filho de DEUS insistindo em me manter longe do meu cônjuge, com o coração impiedoso e endurecido? “Assim já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu não separe o homem” (Mateus 19:6). Não! Eu não posso, definitivamente, ser cristão, nascido de novo, filho de DEUS, se eu não anular a minha vontade humana e passar a viver aquilo que DEUS tem e quer para a minha vida. Porque a Palavra de DEUS é uma afronta ao meu querer, um incômodo que gera dentro de mim e me leva a anular a minha vontade. Qualquer outra felicidade, prosperidade, bem-estar, longe da obediência à Palavra é engano, farisaísmo, ilusão, caminho que parece bom, mas cujo fim leva à morte. Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
Prezados,
Ontem mesmo passei por uma situação semelhante à relatada no texto do Pastor Fernando. Conversando com um amigo, supostamente bem preparado, membro da Igreja, alguém em quem deposito confiança nas suas palavras me veio com uma conversa que se depois de tanto tentar e minha esposa continuar resolvida que não quer a reconciliação eu devo sim entender que esta pode ser a vontade de Deus para nós. Desculpe-me, mas não posso abrir mão da FÉ que tenho em Deus que ELE irá sim cumprir sua promessa e irá nos conduzir para o caminho da reconciliação. Deus é mais forte e mais poderoso que qualquer vontade de qualquer uma de suas criaturas. Não podemos e não vamos abrir mão de lutar pelos nossos matrimônios, por mais que as pessoas queiram dizer que isso é impossível. Deus é que é o DEUS DO IMPOSSÍVEL.
Paz!
LCC
Brasília-DF
A paz de Deus! A todos que navegam nesse site. HJ, ouvi a palavra juízes 16v23. Sansão em sua última batalha. Foi seduzido pela prostituta, que descobriu o segredo de seu coração, e levou-o à humilhação. Mas arrependeu-se e suplicou ao altíssimo. Assim se encontram nossos cônjuges, com os olhos furados, mas com a súplica de nossas orações serão restauradas a fé, o temor e amor a Deus aaltíssimo. Nós o louvaremos por isso. Não seremos enganados por falsos que para se livrar de culpa querem o aval de outros. Prossigamos e não nos deixemos enganar por pessoas como as citadas no artigo. do Pr. Fernando César ,, Deus o cubra com a sabedoria do Alto.
Pastor, bom dia!
Se for lido com olhos de quem vive para este mundo o texto poderia ser chamado de “ultrapassado”, “desatualizado”, “obsoleto”, mas entendo que é justamente este o seu ponto mais importante: a palavra de Deus é a mesma desde sempre e nunca mudará,. O que muda (ou tentam mudar) são as interpretações que os homens dão ao Evangelho de acordo com sua conveniência. É como se pudéssemos dar outro significado àquilo que Deus nos diz para atender aos nossos interesses.
Muito interessante e ilustrativa a passagem que mostra o diálogo entre o pastor de Feira de Santana e o pastor Argentino. A indissolubilidade do matrimônio é determinada pela palavra de Deus, não há como dar “um jeitinho brasileiro”. Esta passagem mostra como infelizmente existem pessoas (supostamente merecedoras da confiança) que praticam a máxima da hipocrisia, adotam o estilo “façam o que digo e não façam o que eu faço”.
Quero aqui, mais uma vez, reiterar meu apoio e agradecimento ao seu trabalho neste Ministério que é tão importante para a Glória de Deus em nossas vidas. Rezemos para que o Espírito Santo toque no coração e tranforme aqueles que hoje vivem no engano do adultério, da separação, do egoísmo e da destruição das famílias.
Em Cristo
Luiz César