“As muitas águas não poderiam apagar este amor, nem os rios afogá-lo(…)” (Cantares de Salomão 8:7).
Nesta segunda reflexão da série, onde estamos abordando o tema casamento, falaremos sobre como deve ser a vida de namorados cristãos. Por incrível que pareça, a Bíblia Sagrada não cita em nenhum momento esta etapa do relacionamento. Namoro, portanto, em princípio, é um termo que não aparece nas Sagradas Escrituras. À época antiga, muitos dos relacionamentos se davam dentro da mesma ramificação familiar; pessoas da mesma tribo se davam umas às outras ou eram oferecidas pelos superiores. Não era comum, portanto, um casal experimentar o estágio do namoro. Mas nem por isso iremos cair no extremo e no radicalismo de não admitirmos a importância do namoro, mesmo considerando o grande risco que os casais correm nessa etapa, principalmente às solicitações carnais, para uma vida santa.
Seria equívoco dizer que DEUS não abençoa o namoro. Pensar assim seria o mesmo que chamar a Palavra de DEUS de omissa com relação a alguns temas que só entraram nos costumes de um povo muito tempo depois que ela foi escrita. Considerando as épocas, o namoro de hoje seria o noivado do tempo antigo e suas profundas diferenças de atitudes. Por exemplo: os casais se davam a um compromisso mais firme, com o consentimento da família e a bênção das autoridades religiosas. Era uma etapa muito mais de avaliação e de preparo para o casamento. Os namoros de hoje em dia estão muito mais descartáveis, livres de responsabilidades; tornando-se, muitas vezes, um processo de pura evasão carnal, prazerosa, sexual.
Porém, o fato do namoro não aparecer na Bíblia, segundo a maneira como atualmente é concebido, não significa que todos os namorados cristãos devam se desfazer dos seus relacionamentos. Mas com um detalhe importante: o namoro tem que ser agradável aos olhos de DEUS. Beijos e abraços devem ser moderados para que o casal não seja tentado pela concupiscência carnal. O apóstolo Paulo recomenda: “vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios” (Efésios 5:15). Embora não esteja descrito na Sagrada Escritura, o namoro pode se tornar um período de crescimento espiritual e de profundo conhecimento na vida do casal. Um namoro cristão deve ser apresentado à igreja e à família. Nada impede de que um casal de namorados receba a bênção de DEUS no altar. Um conselho importantíssimo: não construa as bases do namoro fundamentadas na beleza exterior; nos prazeres mundanos nem nos apetites sexuais. Esses são três obstáculos que o casal tem que superar juntos, em oração, na presença de DEUS. Os dois últimos, então, aprisionam os namorados e os levam a perder o sentido correto do relacionamento e a produzir grandes sequelas futuras, se um dia chegarem ao matrimônio. O fracasso de um casamento pode residir na falta de estrutura cristã ainda à época de namorados. Daí, a importância de namorar apenas pessoas tementes a DEUS, cristãs de verdade, cujas atitudes reflitam quem verdadeiramente é. Não deixe que os sentimentos carnais ou os interesses pessoais estejam acima dos frutos do Espírito Santo.
O amor tem que ser moderado e sincero; não fingido. Um namorado não pode ser um ídolo, para quem renuncia a vontade divina para agradá-lo. O centro sempre deve ser JESUS. Por isso, antes de fazer qualquer coisa durante o namoro é importante um perguntar ao outro se JESUS se agradará de tal atitude. A visão do casal tem que ser a mesma; assim como as mesmas aspirações pela santidade. Caminhar juntos e traçar metas para a vida profissional também é outro ingrediente indispensável. Se o nosso PAI não permitiu que escrevessem sobre o namoro, certamente porque nele não se observa nenhum compromisso efetivado e concreto (como os noivos detêm uma aliança de compromisso aceita pela igreja e pelos familiares). E DEUS, em todas as instâncias, firmou sempre uma aliança segura e concreta com o seu povo, instituída através de suas ordenanças e do cumprimento das promessas.
Pesquisa divulgada recentemente por um telejornal relatou que o namoro está na primeira opção no lazer dos jovens brasileiros. Para os jovens não cristãos é uma clara oportunidade de viverem uma liberalidade mais prazerosa, deixando fluir descobertas sexuais, “muito comuns” aos olhos da Psicologia. Insisto: o namoro tem que ser cristão. Se esta pré-condição não se tornar verdade para o casal de namorados, o futuro, enfatizo, trará consequências infelizes e frustrantes. Os namorados cristãos devem, em primeiro lugar, ser e viver como igreja de DEUS, sem mácula nem qualquer sujeira. DEUS, repito, deve sempre ser o alvo a ser atingido, a meta a ser conquistada. Namoro jamais pode ser visto como um lazer para os filhos de DEUS, porém como um compromisso a mais, mais um degrau na escala de valores, cuja meta é um casamento abençoado. O comportamento de um casal de namorados cristãos em nada deve ser parecido com os namoros mundanos. Quem ama verdadeiramente seu namorado ou sua namorada vai ter paciência para esperar o tempo certo de um envolvimento mais íntimo nem vai fazer sugestões indevidas para o outro. Mente sã, corpo são. Nosso corpo é templo e morada do Espírito de DEUS.
Um cristão deve permanecer firme nas promessas. E isto que escrevo agora, não faço como uma imposição, como na época da lei. Mas confiante da presença do Espírito em minha vida; pela fé natural e pela consciência cristã que nos leva ao pleno exercício de uma vida íntegra e exemplar para uma sociedade tão desgastada e desacreditada, muitas vezes, em face de tantos testemunhos infelizes de pessoas que, um dia, entregaram-se ao deleite total dos desejos carnais. Se você tem dúvida de como proceder corretamente no namoro, peça orientação aos líderes de sua igreja e procure não fazer nada precipitadamente ou em oculto, desagradando ao SENHOR JESUS. No livro de Mateus está escrito: “(…) Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se” (10:26). Paulo confirma a importância de sermos santos não só no espírito como também no corpo diante de DEUS: “que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra; não no desejo na lascívia, como os gentios, que não conhecem a DEUS; e que nesta matéria, ninguém oprima ou engane o seu irmão. O Senhor é vingador de todas as coisas (…)” (1 Tessalonicenses 4: 4-6). Os frutos de um namoro doente vão refletir adiante no noivado e no casamento.
Nunca troque a santidade em CRISTO por relacionamento nenhum. Quando for escolher bem o seu namorado ou a sua namorada observe bem se ele ou ela tem vida no altar do Senhor, produz frutos para o Reino de DEUS. Vou dar um exemplo bem claro: muitas vezes, no início de um namoro, o rapaz demonstra ter vida com CRISTO. Depois de um tempo de relacionamento, o contato físico de ambos vai ficando mais intenso, até que ele sugere à namorada um contato sexual, mais íntimo. No princípio até que ela resiste, mas depois de inúmeras insistências da parte dele, ela vai cedendo, até o dia em que os dois estarão em uma cama de motel. O mal não foi cortado na raiz. Essa jovem cedeu por acreditava existir amor entre ambos, que ele era o homem com quem se casaria e seria feliz. Preferiu dar um tiro no escuro e se deu muito mal espiritualmente. A relação que antes era uma bênção, debaixo da vontade do Senhor, transformou-se em maldição, relação entre fornicadores, longe da presença de DEUS. A morte espiritual é inevitável. Por isso, não troque sua comunhão com DEUS por nenhuma promessa carnal. Se o namorado faz convites desse porte, ele já está demonstrando quem ele é, a intenção do coração dele. Fuja do mal! Não dê um passo em dúvida nem se iluda por palavras bonitas.
À época em que eu estava desviado dos caminhos de DEUS, conheci uma jovem garota, no auge dos seus 21 anos, neta de pastor presidente de um denominação famosa, filha de levita, que frequentava os cultos todos os domingos mas que, fora dele, tinha uma vida promíscua, totalmente desregrada, longe dos princípios de DEUS. Essa moça usava muito a prerrogativa de ser neta de pastor para atrair homens para relacionamentos promíscuos. Achava que o seu avô lhe daria salvação da sua alma. DEUS não se deixa enganar com aparência nem com cargos na igreja. ELE busca “os verdadeiros adoradores que O adorem em espírito e em verdade” (João 4:23). Observe as palavras que DEUS disse a Samuel quando da escolha do novo rei de Israel: “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como vê o homem. O homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16:7). A beleza exterior nem deveria estar dentre os critérios para a escolha de um bom namorado ou boa namorada de DEUS. Outro detalhe importante: não queira se relacionar com pessoas preguiçosas, que não gostam de trabalhar, de estudar, sem objetivos, metas na vida. Há responsabilidades que devemos ter que não são nada espirituais. Namore com cristãos, mas cristãos que tenham objetivos decentes na vida, ainda que sejam humildes, pois logo, juntos, alcançarão grande crescimento intelectual, profissional e financeiro. Observe também se o seu pretendente tem bons costumes, boa educação, equilíbrio emocional; se ama a família, se é manso no falar e prudente no agir. Os frutos do Espírito devem ser bem evidentes em sua vida. Sem esses ingredientes, fuja! Saiba plantar corretamente hoje para colher bons frutos no amanhã.
Namorar é, sem dúvida, um momento inesquecível na vida de qualquer pessoa. É uma fase de profundas descobertas. Também pode ser um registro triste, o qual se deseja apagar da memória. O bom é esperar pelo tempo de DEUS e pela confirmação do PAI. Não comece nada se não houver essa confirmação. A voz de DEUS é clara e os frutos são muito visíveis. Cuidado porque há muitos frequentadores de igreja (lobos disfarçados de ovelha) que, no fundo, são piores do que os que estão no mundo. Um namoro que começa errado tende a fracassar no amanhã. Faça do seu namoro um canal de bênçãos para a vida de todos; pois, dessa forma, você subirá pacientemente cada degrau até colher os frutos de uma família segura e feliz.
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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