Poucas semanas antes de JESUS CRISTO salvar a minha vida, tive, no mínimo, uma experiência inusitada: fui convidado por um primo (que trabalhava numa dessas ordens católicas) para ajudá-lo a carregar uma imagem de escultura para uma das reuniões programadas naquele fim de tarde, numa casa de gente classe média alta do Recife. As visitas geralmente eram programadas com antecedência e, muitas vezes, por falta de espaço na agenda, muitas famílias tinham que esperar meses para que ela viesse a acontecer. O processo era o seguinte: além de uma imagem de santa enorme; pesada, de olhos reluzentes e uma coroa sobre a cabeça que impressionava, os encontros também eram “recheados” de vídeos, conferência, música e, principalmente, muita reza. As pessoas, muito religiosas, contemplavam aquela imagem como se estivessem vendo ali o próprio DEUS. Muitas, imbuídas de enorme fé, chegavam a derramar lágrimas. No final (essas reuniões duravam em média duas horas), era servido um lanche pelos presentes e eram oferecidas voluntariamente ofertas em dinheiro, que eram depositadas numa gaveta fixada logo abaixo da imagem. Além das ofertas, alguns recebiam um carnê, com o qual poderiam se tornar “fiéis depositários” à ordem religiosa (cuja matriz fica em São Paulo). Naquela noite, foram feitas três a quatro visitas. O ruim era que o meu primo deixava-me com a incumbência de carregar a imagem muito pesada. Quando o apartamento era do quinto andar para cima (e o elevador estava quebrado ou em manutenção), o trabalho era redobrado. No final do expediente, meu primo parou com o automóvel num estacionamento de um supermercado famoso e começou, ali mesmo no carro, a contar todo o dinheiro: separar as moedas e as cédulas, de acordo com o valor de cada uma. Depois, entrou no supermercado, na maior naturalidade, e encheu algumas cestinhas de compra, antes de me deixar em casa. Aquela cena até hoje paira sobre a minha cabeça e me faz refletir sobre a muita hipocrisia e corrupção existentes dentro dos templos e nas ordens religiosas.
A Palavra de DEUS diz que as igrejas cristãs devem ser mantidas com as contribuições e com os dízimos dos que ali congregam. Os dízimos e as ofertas, portanto, são bíblicos. Mas há muita gente aí, dizendo-se de DEUS, explorando a fé e a ignorância de muitos irmãos. Li, alguns meses atrás, numa famosa revista nacional, sobre a história de um ministério que se desenvolveu sobremaneira fazendo leilão daquilo que era oferecido pelos irmãos. Era o culto do “quem dá mais?” e as ofertas começavam em dez mil Reais e ia decrescendo até que o “pastor” batesse o martelo. É a chamada “Teoria da Prosperidade”: dê tudo o que você possui à igreja e em troca DEUS o abençoará abundantemente, dando-lhe automóveis importados, casa de luxo, portas de emprego, computadores de última geração etc. Conheci irmãos que até hoje estão “afogados” em dívidas e miséria. Pensaram estar servindo a DEUS, mas as contribuições não passavam de puro esforço humano. DEUS não explora os seus filhos amados; as Suas Bênçãos não acrescentam dores, pois o SENHOR é o seu pastor e nada lhe faltará. DEUS abençoa aquele que é fiel de coração. Por outro lado, é preciso ter muito cuidado. A frustração em presenciar inúmeras cenas de corrupção nas igrejas cognominadas “cristãs” tem aberto espaço para o surgimento de outras atividades religiosas ou encontros espirituais, cujo ponto doutrinário consiste em “não cobrar nada dos fiéis”, tentando passar a idéia de que os dízimos e ofertas são desnecessários. A frustração pode levar a um extremo oposto da situação, muito desagradável também aos olhos de DEUS. Por falta de conhecimento, muitos estão caindo em diversas armadilhas do diabo. Para os verdadeiros cristãos, nada disso, porém, constitui novidade alguma ou espanto.
Veja o que diz a Palavra de DEUS: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até disfarçados de ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mateus 7:15); “Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu Nome, dizendo: Eu sou de Cristo, e enganarão a muitos” (Mateus 24:4-5); “Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24:24); “Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras (…). E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade. Por ganância, farão de vós negócio, com palavras fingidas (…) (2 Pedro 2: 1-3); “Amados, não creiais em todo o espírito, mas provai se os espíritos vêm de DEUS, porque já muitos falsos profetas têm surgido no mundo” (1 João 4:1). Os dízimos e as ofertas, no tempo da Graça, são expressões de fé, de amor e da liberdade da consciência cristã; diferentemente na época da Lei que eram obrigação religiosa judaica. Quanto maior o número de dizimistas verdadeiros, maiores são as ações do Espírito Santo de DEUS. Uma igreja que dizima fielmente é uma igreja próspera espiritualmente, revestida contra “(…) as astutas ciladas do diabo” (Efésios 6:11). O dízimo é, então, um dos principais antídotos contra o mal. Foi assim em todo o Antigo Testamento e no Novo também. Entretanto, o povo de DEUS que falha nesse requisito cristão constitui-se numa igreja doente, frágil, inconstante espiritualmente. Mas preste bem atenção a esse detalhe: os dízimos e as ofertas devem ser de utilidade exclusiva para a obra de DEUS. Daí, a importância da prestação de contas de tudo o que entrou e em tudo o que foi investido, evitando, assim, a aparência do mal. Obviamente que o Nosso Criador não precisa de suas doações. Ao contrário, ELE quer encontrar em você um coração fiel e justo. Nunca dizime ou oferte com interesses em receber alguma benção especial de DEUS. Em Mateus está escrito: “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola seja dada secretamente. Então teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (6:4-5). Todo o dízimo e toda a oferta devem ser consagrados a DEUS, apresentados em oração pelos ministros da igreja. É nesse momento que ele perde o valor material ou financeiro e se transforma em gratidão espiritual. Quem assim não enxerga, tende a usurpar irmãos ou tirar proveito da ingênua fé das pessoas. Nessa hora, aparecem o “devorador”, o ladrão, o homem corrupto. Veja o que a Bíblia Sagrada afirma para essas pessoas: “Roubará o homem a DEUS? Todavia vós me roubais, e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais, vós, a nação toda” (Malaquias 3:8-9). Não dizime nem oferte se ainda não tiver tido uma experiência de conversão nessa área cristã. Não dizime nem oferte apenas para ser agradável em aparência aos irmãos no templo ou como se fosse uma obrigação. Não dizime nem oferte se a sua vida estiver errada diante de DEUS. Vi portas de templos serem fechadas porque o pastor, sabendo das atitudes erradas de uma irmã, simplesmente recebia dela os dízimos: “Mas ai de vós, fariseus! Que dizimais a hortelã, a arruda e todas as hortaliças, e desprezais o juízo e o amor de DEUS. Devíeis fazer estas coisas sem omitir as outras” (Lucas 11:42). Nesse aspecto, o dízimo tem o mesmo valor que a Santa Ceia. Quem dizima e oferta o faz com alegria e amor, sabendo o quanto está contribuindo para a expansão do Evangelho no mundo. Dízimo e oferta sem os fundamentos cristãos não são aceitos por DEUS e servem apenas para o sustento de homens. É por isso que está escrito na Santa Palavra que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens (…)” (Atos 7:48). Sejamos honestos, tanto o que contribui quanto o que utiliza. Sobre honestidade, escreveu o apóstolo Paulo: “Pois zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens” (2 Coríntios 8:21). A corrupção existirá sempre onde houver possibilidade de lucro fácil. Infelizmente, ela tende a se espalhar ferozmente no meio de muitas igrejas; porque há de se aproveitar das enormes lacunas interiores existentes e da fé muitas vezes cega das pessoas. Lembre-se: “Não vos enganeis: Deus não se deixa escarnecer. Tudo o que o homem semear, isso também ceifará. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gálatas 6:7-8).
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça” e “Antes que a Luz do Sol escureça”. Também é líder do Ministério Interdenominacional Recuperando Famílias para Cristo.
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