“Perguntais: por quê? Porque o Senhor foi testemunha entre ti a e mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. (…) Eu detesto o divórcio, diz o Senhor DEUS de Israel (…)”. Malaquias 2:14 e 16
Se formos olhar rapidamente para os versículos que introduzem a nossa devocional dessa semana, a pergunta acima pode conter uma resposta muito óbvia para alguns. Por outro lado, ela ainda desperta muita controvérsia na opinião de outros que insistem em fazer uma leitura superficial dos textos bíblicos, sem se deter no profundo manancial de figurações presentes, que podem esclarecer muito as nossas dúvidas. E uma dessas esplendorosas metáforas e analogias bíblicas está exatamente no livro do profeta Malaquias, derradeiro do Antigo Testamento, que traça um paralelo perfeito entre o matrimônio das promessas de DEUS com o povo de Israel, aliança esta renovada por intermédio de oito líderes, e a união conjugal comum de um homem com sua esposa. Essa mesma analogia fora utilizada e confirmada muitos anos depois pelo apóstolo Paulo, quando o mesmo escrevia sua epístola aos crentes em Éfeso: “Vós, maridos, amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja…” (Efésios 5:25).
Para respondermos a pergunta-título, devemos antes fazer uma síntese das duas Alianças feitas por DEUS para o seu povo: a Antiga e a Nova. O termo “Aliança” significa “acordo, pacto, ajuste; união por casamento…” Pronto! Os significados seriam por si suficientes. Se aliança é um ajuste, um conserto; isto já nos desperta a pensarmos na existência antes de um desconserto, de um desajuste. Certo? Afinal ninguém conserta o que não necessita de conserto. E o que estava desconsertado era o comportamento do homem com DEUS, que o criara para ser Sua imagem e semelhança (um casamento, unicidade no mundo espiritual). Porém o homem desobedeceu; fez o que DEUS lhe dissera para não fazer; foi infiel a essa relação de Amor que havia sido confiado a ele. Imediatamente, como conseqüência a essa desobediência, experimentou o que antes nunca tivera conhecido: a morte espiritual e depois a física. Sobreveio uma enorme tempestade; muitos seres viventes foram mortos, mas o PAI não desistira de reconstruir esse matrimônio estabelecido por ELE. Através de Noé e de uma Arca salvadora, DEUS fez valer a fidelidade de Sua promessa. E como sinal perpétuo dessa aliança, ainda deixou um arco sobre as nuvens, o qual conhecemos por arco-íris: “O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver uma aliança entre mim e a terra” (Gênesis 9:13). DEUS é Fiel! Qual outro marido, noivo, namorado suportaria tão cruel infidelidade? Da descendência de Noé, as gerações foram se multiplicando e formando nações; muitas das quais pagãs e abomináveis. A Bíblia cita Ninrode, que começou a ser poderoso na terra. Através dele, foram edificadas o reino Assírio, Nínive, Reobote-Ir e Calá, nações conhecidas pelos seus cultos a deuses pagãos. Dessa forma, o povo mais uma vez esqueceu a aliança que DEUS havia feito e O desobedeceu. Nesse momento surge a figura de Abrão (que posteriormente se chamaria Abraão), com o qual DEUS faz uma renovação da aliança, desta feita perpétua, e já apontando para o Reino eterno de CRISTO: “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, como aliança perpétua, para ser o teu Deus, e da tua descendência depois de ti” (Gênesis 17:7). Como parte dessa aliança, DEUS prometeu fazer de Abraão uma grande nação (um povo separado e escolhido) e abençoar todas as famílias da terra através dele; dar a terra de Canaã aos seus descendentes, que seriam enormemente multiplicados. E assim foi feito. O termos da aliança foram renovados em Isaque e confirmados com Jacó. Mas o povo, a grande nação, a quem DEUS prometeu uma terra maravilhosa (a Canaã), estava vivendo sob escravidão dos faraós egípcios. DEUS mais uma vez prova a Sua Fidelidade. Agora por meio de Moisés, que iria ser o grande líder e responsável pela libertação do povo de DEUS das mãos dos faraós. O casamento de DEUS com seu povo é perpétuo. Passados três meses da saída do Egito, DEUS falou ao seu povo através de Moisés, ao sopé do monte Sinai (Horebe) para, basicamente, renovar e relembrar os termos do conserto que fizera a Abraão, Isaque e Jacó: a) a terra de Canaã seria dele (o povo); b) DEUS seria o único DEUS para o povo de Israel; c) o povo, por outro lado, assumiria o compromisso de guardar suas leis e mandamentos; d) seria castigado em caso de desobediência. Uma promessa que não merece ser esquecida: “Agora, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos. Embora toda a terra seja minha, vós me sereis reino sacerdotal e nação santa (…)” (Êxodo 19:5-6). Um detalhe importante: as leis que o povo deveria obedecer se referiam aos Dez Mandamentos (lei moral), a lei civil e a lei cerimonial. O pacto foi fechado quando o povo declarou: “(…) Tudo o que o Senhor falou, faremos” (Êxodo 24:7). Antes da entrada na terra prometida, e após percorrerem um deserto durante 40 anos, os termos da aliança foram relembrados. A finalidade era de dar conhecimento das promessas divinas aos que foram nascendo durante a peregrinação, e fortalecer o povo espiritualmente a enfrentar os desafios que iam surgindo na caminhada. Os escolhidos de DEUS mais uma vez foram rebeldes; não confiaram no DEUS das promessas. A ação mais imediata veio através do rei Davi: o estabelecimento do seu reino; a edificação de um templo e a vinda de um Rei Messiânico e eterno, implícito nesse pacto. Esse Rei seria chamado “O SENHOR”, Justiça Nossa; Noivo perpétuo, cujo sangue derramado teria poder de apagar as transgressões cometidas na Nova Aliança pelo povo: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo Justo, um Rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro. Este será o seu nome, com que nomearão: O Senhor, Nossa Justiça” (Jeremias 23:5-6). E assim, até hoje e para sempre, o casamento de JESUS com os seus escolhidos foi estabelecido numa Aliança Eterna.
Durante a época da Antiga Aliança, o povo de Israel se rebelou e construiu várias alianças, outros casamentos, segundo a vontade e desobediência dele, com deuses e rituais malignos: “fizemos aliança com a morte, e com um inferno fizemos um acordo” (…) (Isaías 28:15). Em nosso tempo também muitos são os que se casam segundo a vontade humana apenas, fundamentados em namoros e noivados totalmente arruinados e amaldiçoados. Nem todo casamento que se realiza em templos religiosos e no civil é da vontade de DEUS, porque o casal no princípio não procurou ouvir os conselhos de DEUS na vida de um e de outro. Há alianças que DEUS está para desfazer mesmo, para separar; aquelas que ELE não construiu nem abençoou. O texto em Malaquias, que abre a nossa devocional, está bem claro que DEUS detesta o divórcio quando de um casamento onde ELE foi a testemunha principal. Por isso, no passado, tantas vezes a Sua Aliança foi renovada, e por meio de JESUS eternizada, para que as Promessa dELE todas fossem cumpridas: “Dizendo nova aliança, ele tornou antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido, perto está de desaparecer” (Hebreus 8:13). DEUS frustrou e frustra tudo o que está em desacordo com os seus projetos: “A vossa aliança com a morte será anulada, e o vosso acordo com o inferno não subsistirá” (…) (Isaías 28:18).
Casamento é de DEUS quando é cumprimento de Sua Promessa e de Sua Soberana Vontade. Todos os sinais dessa promessa são claros e perceptíveis. Se dentro desse estatuto divino o casal vier a desagradá-LO continuamente, é possível que exista uma temporária separação para que o PAI restaure um e outro individualmente, preparando-os para um reencontro santo e sem máculas. FAMÍLIA de DEUS é indestrutível; aprenda isso e aplique-o ao seu coração. DEUS só é a favor de um novo casamento quando há morte de um dos cônjuges. Fora essa hipótese, filhos de DEUS, casais cristãos não devem jamais procurar o divórcio e buscarem um novo casamento; pois estariam vivendo debaixo de maldição. Pela dureza dos corações dos homens, novas possibilidades foram sendo acrescentadas às leis e aos estatutos. O divórcio, por exemplo, foi uma delas, instituída por Moisés. Se o casamento é de DEUS, ELE tem que ser o principal beneficiado. Os frutos devem converter-se para Sua Honra e o louvor do Seu Nome. E muito cuidado: os conselhos que o apóstolo Paulo escreveu para casais em Corinto, capítulo 7, referem-se a uma união fundamentada no Senhor JESUS, bem elucidado logo no início da epístola: “à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos” (1 Coríntios 1:2). Que o Senhor DEUS nos abençoe.
Fernando César – Autor dos livros “Não Mude de Religião: Mude de Vida” e “Pódio da Graça” e “Antes que a luz do Sol escureça”. É líder do Ministério Interdenominacional Recuperando Famílias para Cristo.
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