“Semelhantemente, vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios maridos, para que também, se alguns deles não obedecem à palavra, pelo procedimento de suas mulheres sejam ganhos sem palavra, considerando a vossa vida casta, em temor”. (1 Pedro 3:1-2).
Há alguns dias estive dando um aconselhamento a uma jovem pernambucana, recém-separada do marido, cuja história me intrigou bastante. Ela me contou que conhecera um rapaz pela Internet e logo se apaixonaram. Namoraram, noivaram e se casaram. E ambos também eram adeptos fervorosos da religião católica romana. Vez por outra, em casa, rezavam o terço e frequentavam assiduamente reuniões de oração. Assim que se casaram, ela foi morar e trabalhar em João Pessoa e só via o marido finais de semana em Recife. Logo, a ausência do lar fez com que surgissem intrigas e descontentamento de ambas as partes. Num desses desconfortos, sua mãe lhe convidara a participar com o marido de um encontro de casais promovido por uma Igreja evangélica, com o intuito de restaurar o casamento de ambos. Para surpresa do marido, em um dos dias de reunião dos casais, a esposa confessa JESUS CRISTO COMO ÚNICO SENHOR E SALVADOR e decide, segundo ela, “mudar de religião”. De volta para casa, a mulher logo esclarece que não pretendia mais rezar o terço ou coisa parecida nem muito menos frequentar as missas; que para ela o único desejo era “seguir JESUS”. A diferença de crenças, então, causou outras fortes desavenças na vida do casal, até que a esposa, numa atitude inesperada, abandona o lar e o marido. Hoje estão próximos de assinarem o divórcio e a moça me confessa que seu ex-companheiro afirma sentir grande ódio por ela. Essa atitude radical me levou a refletir sobre como muitas mulheres e homens, dentro do casamento, têm convivido com as diferenças de crença quando essas aparecem durante a vida de casados. Terá sido correta a postura da esposa? Como e até que ponto a diferença religiosa pode interferir na continuidade de um casamento?
O fato de entregar a vida a JESUS não poderia ser um motivo desagregador dentro do matrimônio. DEUS abençoa todo o qualquer casamento, independentemente de onde tenha sido realizado. Por isso mesmo, a vida de casados deve estar além das questões doutrinárias religiosas, sabendo que, se passou a existir uma diferença na fé de ambos, esta deve ser respeitada. Ora, um marido não deixou de ser marido porque a esposa “mudou de religião”. Mas é preciso ter alguns cuidados para que essa repentina mudança não atrapalhe a vida conjugal. Vou citar alguns exemplos: se foi a esposa que passou a ser evangélica e o marido um católico fervoroso (como no exemplo do nosso texto), temos de observar que ela, biblicamente, tem de ser submissa a ele; e usar de muita sabedoria em seu procedimento diário para que, no tempo de DEUS, o marido também venha a ser alcançado pelo Espírito Santo; orando muito e jejuando pela vida do seu cônjuge. Agora, se a conversão se deu primeiro pelo marido, considerando que a esposa seja praticante assídua do catolicismo, faz-se necessário ter cuidado para que esse amor inicial e fervoroso por JESUS, misturado à responsabilidade de ser o “cabeça” sobre a mulher, não o leve a gestos de autoritarismo e de arrogância. O bom senso, o equilíbrio, a educação devem prevalecer na hora de tomar alguma decisão. Se a missa da esposa é na mesma hora do culto do marido, que ela passe a frequentar a missa em outro dia ou horário para não existir conflito com o culto evangélico frequentado pelo marido. A preferência, nesse caso, recai para ele, pois DEUS o constituiu como o líder do lar. O que eu quero destacar é que a mudança da fé religiosa não altera o estado hierárquico da família. E se a esposa for cristã e o marido seguidor da doutrina espírita kardecista? Deve ela ir às reuniões com o marido a fim de respeitar a submissão? Sem dúvida. Ir não é participar. Ela pode ir, por exemplo, e esperar no pátio ou dentro do carro até que a reunião termine. Nesse caso, essa forte diferença doutrinária deve ser conversada e mostrada em amor, sem agressão à fé alheia. O importante, repito, é que o amor, os laços matrimoniais, a família, o bem-estar e a Paz estejam à frente de toda e qualquer diferença.
É preciso entender também que confessar JESUS CRISTO como único Senhor e Salvador foi um plano de DEUS na vida dela e, sendo assim, uma ação inevitável dentro da perspectiva humana. Alguém pode evitar que DEUS salve e transforme uma vida no tempo determinado pelo Pai? E por que DEUS não salvou o marido também para que ambos pudessem ser um na mesma fé? Porque para cada pessoa DEUS tem um relógio diferente; e cada homem ou mulher um coração também diferente para aceitar ou rejeitar a Palavra de Salvação para suas vidas. Então DEUS salvou primeiro a esposa na esperança de que, através do correto procedimento dela, o marido, no tempo determinado, venha também a conhecer o único Caminho que leva a DEUS: JESUS CRISTO. Quando uma esposa tem a vida transformada pelo SENHOR durante o casamento é para que ela continue a amar o cônjuge com o mesmo amor que tinha antes, respeitá-lo; continuar a ser submissa ao seu marido e orar muito pela conversão da vida dele; se for o marido, conduzi-la com sabedoria, respeito e amor aos caminhos da Verdade, sem arrogância nem autoritarismo. DEUS tinha que começar o processo de salvação a partir de uma pessoa. ELE escolhe quem quer e no tempo estabelecido por ELE. No exemplo do nosso estudo, essa primeira coluna foi a esposa. Era indispensável então um testemunho correto; um agir santo e repleto de sabedoria. Mas por empolgação e falta de maturidade espiritual, a mulher tomou uma atitude absolutamente errada e radical, chegando a abandonar o lar, sob o pretexto de não querer mais viver e estar casada “com um ímpio”, que, segundo ela, “pudesse atrapalhar a sua caminhada com DEUS”. Agindo assim, ela desagradou o Espírito Santo e comprometeu os alicerces de uma das coisas que DEUS tem por mais preciosidade aos Seus olhos: a família. O que deve ser levado em consideração é a atitude errada e equivocada da mulher; pois quando JESUS salva uma pessoa das cadeias mundanas e espirituais não é para que devamos nos afastar das pessoas que ainda não compartilham da mesma fé que a nossa. Como, então, essas pessoas alcançarão a Verdade se não houver quem anuncie? E como anunciarão se o amor e a compaixão não estiverem plantados em seus corações? Isolar-se do mundo e das pessoas significa diminuir as chances que os outros terão de conhecer a JESUS. O que não devemos é negligenciarmos a salvação que nos foi dada por DEUS a um preço muito alto. A conversão do cônjuge que ainda não conhece a CRISTO virá a partir das atitudes sábias daquele que já conhece a JESUS. Não será por força humana nem por convencimento da Palavra, mas pelo Espírito de DEUS: “e quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo” (João 16:8). A luta não será contra o homem (a carne), mas contra o que o domina no mundo espiritual. O próprio JESUS nos alertou que “não há profeta sem honra, senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua casa” (Marcos 6:4). Nada que um diálogo educado não possa resolver. As diferenças vão se tornar imperceptíveis quando um tentar compreender o outro.
A instituição família deve estar acima de qualquer outro interesse e, principalmente, pormenores religiosos. Esposa e marido devem caminhar juntos na direção do Reino de DEUS, dando honra uns aos outros. A sabedoria é indispensável para lidar com mudanças repentinas que venham a acontecer na vida de um ou do outro. Para quem não desfruta ainda dessa sabedoria, o apóstolo Tiago aconselhou: “e, se algum de vós, tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” (1:5). Por exemplo, se a esposa é cristã e o marido católico fervoroso, na hora de limpar os objetos e a mobília da casa, não se esquecer de tirar a poeira das imagens de esculturas. Tais imagens representarão o símbolo da fé do marido, o qual tem que ser respeitado, mesmo que, para a esposa, elas não tenham valor algum. Para a consciência cristã dela, aqueles objetos representarão apenas uma ornamentação a mais do lar. Portanto, nada de ficar repreendendo nem maldizendo o lar, afirmando que o mesmo está cheio de demônios. Evitar também debates teológicos contribui para um bom relacionamento de ambos. Mas a mulher precisa saber que, a qualquer momento, poderá sofrer provocações, gracejos, ironias, instabilidades por parte do marido, quanto a sua nova maneira de viver. O diabo poderá usá-lo para provocá-la em sua fé. O melhor caminho numa situação assim é evitar confrontos, embates, pois isso só deverá trazer desgaste ao relacionamento. Uma esposa dotada de sabedoria dribla todas as situações adversas, às vezes em silêncio, às vezes com bom humor (sem ironia); mas sem nunca perder o carinho, o amor e a compaixão pelo marido. “Tendo por certo isto mesmo: aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6).
Após algumas horas de aconselhamento, fiz com que ela percebesse o quanto estava errada em suas decisões. Recomendei a ela que voltasse atrás rapidamente da decisão absurda de abandonar o lar, demonstrasse arrependimento e pedisse perdão ao marido. Seria, talvez, o primeiro grande exercício e desafios cristãos que ela teria a cumprir. Sabendo que, agora, além de conviver com a diferença religiosa, terá que colher também as consequências amargas das atitudes erradas, diante de um coração, talvez, impiedoso e que ainda não foi transformado por DEUS. E se agora ele quem não quiser mais continuar casado com ela? E se decidir, igualmente como ela fez, abandonar o lar quando ela regressar? Do que ela terá de reclamar? Atitudes repletas de emocionalismo podem resultar em graves prejuízos no amanhã. Daí, o pensar ser mais importante que o agir assim como o ouvir, mais agradável do que o falar. Quando se pensa e ouve, as decisões se tornam mais corretas. E a tudo isso dá-se o nome de PRUDÊNCIA. JESUS nos alerta: “eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10:16). Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é líder do Ministério Famílias para Cristo.
Comentários
Nenhum comentário ainda.