“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:34-35)
O “amor” está destruindo os lares, separando as pessoas que DEUS uniu e abençoou. Você pode até achar esquisita essa frase com a qual inicio a nossa reflexão, e perguntar a si mesmo: como pode o amor destruir uma família? O que se lê, na verdade, não é o Amor na plena manifestação e determinação divinas para todos os casais, mas uma péssima compreensão do que seja o verdadeiro Amor, uma forma errada como o concebemos e cremos.
É muito comum ouvirmos as pessoas relacionarem a palavra amor a um sentimento, elaborando expressões do tipo “não sinto mais amor por você”, “um vazio toma conta do meu ser. Acho que o amor não mais existe entre nós dois; vamos nos separar”. Como também já ouvi absurdos do tipo “estou orando para que DEUS volte a colocar o amor no meu coração por você” (DEUS nunca vai atender a uma oração errada como essa). O amor quase sempre é associado a uma efusão sentimental, uma indefinível força interior, que tanto pode mover um indivíduo para cima como também para baixo. Um dos mais célebres escritores de Língua Portuguesa tentou definir o amor da seguinte maneira: “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer” (Luiz Vaz de Camões). Djavan, um conceituado compositor secular, o descreveu assim: “o amor é um grande laço, um passo para a armadilha, um lobo correndo em círculo para alimentar a matilha” (Faltando um Pedaço). Cada qual cria as suas próprias divagações filosóficas, literárias acerca do Amor, de algo tão simples e claro, que é a essência do próprio DEUS.
Longe das abstrações conceituais humanas, se olharmos para DEUS e para os conselhos de CRISTO, veremos que o verdadeiro Amor está longe daquilo que as pessoas o concebem como tal. Os conceitos errados nos conduzem a uma crença igualmente equivocada. E como viver o grande e sublime Amor se mesmo não o conhecemos em sua manifestação espiritual? Se passarmos o nosso olhar para CRISTO, concluiremos que o único e verdadeiro Amor reside unicamente no campo das ações, do comportamento. JESUS entregou a própria vida por nós quando não merecíamos e éramos os mais inúteis desse mundo. Assim também devo fazer em relação ao próximo. Esse raciocínio já seria de todo suficiente. O Amor então é uma ordem, um mandamento de DEUS a ser cumprido pelos seus filhos, uma atitude proveniente da obediência à Palavra do PAI. Quando o mundo olha para nós, tem que enxergar que somos a manifestação do Amor de DEUS pelas nossas vidas. E quando JESUS olha para nós, ELE nos diz: “amem uns aos outros!”. Vejo DEUS hoje dentro dos lares, colocando os cônjuges frente a frente e ordenando com certa insistência: “amem-se!”. Enquanto DEUS nos manda praticar o Amor, paramos e tentamos refletir se sentimos mesmo o amor, ou se o nosso peito está cheio dele, como algo indefinivelmente que mexe dentro de nós e invade o nosso coração. A ausência do Amor só pode ser avaliada nas atitudes que distanciam o homem da voz de DEUS. Portanto, a falta do amor não pode ser medida apenas como um suposto vazio nem uma lacuna interior que se sentem na alma ou nas artérias coronárias. Ao contrário, o exercício do Amor denuncia a presença do Espírito Santo em nós. O contrário disso também é a expressão pura da verdade.
A questão não é se sentimos ou não sentimos amor, nem se somos capazes de senti-lo. DEUS nos coloca diante de situações que jamais desejaríamos encarar, pessoas pelas quais, emocionalmente, viríamos a sentir repugnância, e nos diz: “ame-as!”. Precisamos, assim, anular o nosso QUERER, para deixamos que o Amor de CRISTO habite incondicionalmente em nossa vida. Resistirmos a essa voz significa viver longe de DEUS, em desobediência.
Amor, cristianismo, salvação, obediência ao Livro Sagrado, no âmbito cristão, são palavras indissociáveis. Uma pessoa que se diz cristã carrega o Evangelho dentro de si, recebe o selo da salvação eterna e está sempre pronto a praticar o Amor pelo próximo. A ausência de um desses elementos conduz a uma vida espiritual deficiente, hipócrita, farisaica, religiosa, cheia de desvios e transgressões. Observe o que disse JESUS: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama (…)” (João 14:21); “Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor” (João 15:9); “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (João 15:12-14) (grifo meu). Não se pode ser cristão sem que exista a determinação contínua de amar o próximo. Quem diz que ama a DEUS e não exerce o amor sobre a vida da outra pessoa, não perdoando, não tendo misericórdia, vive uma vida de mentira e de engano: “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 João 2:4); “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:19-20). Aquele que é mentiroso (ou seja, que diz amar a Deus, mas aborrece ao próximo) não pode ser filho de DEUS, mas do diabo: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes” (João 8:44-45). Então, podemos observar que a Palavra de DEUS é uma teia de conhecimentos que constantemente se cruzam para obter um só fim: o Amor por meio da obediência. Se crêssemos e vivêssemos um único versículo da Bíblia Sagrada, seria necessário para obtermos a salvação de nossa alma: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1 João 4:16).
Para DEUS não há acordo nem meio-termo: ou se pratica o Amor pelo próximo, e andará na verdade; ou não se pratica, e, assim, andará na mentira, tendo como pai o diabo. O sentido do cristianismo puro não está naquilo que a pessoa diz ser, sentir ou pensar, mas no amor que ela exerce pelo outro. Essa verdade não é apenas no âmbito fraternal, mas social, familiar e, especialmente, conjugal.
Certa vez, proferindo o Seu Sermão em um Monte, JESUS afirmou: “amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mateus 5:44). O Filho de DEUS disse que só há uma maneira de apagarmos o mal: praticando o Amor. O maior indício da presença desse Amor (que é o Espírito Santo) na vida dos cônjuges está em não admitirem, nem aceitarem, nem alimentarem a possibilidade de viverem separados. Se JESUS ensinou que deveríamos amar os nossos inimigos, o que deveríamos fazer então em relação à pessoa que DEUS nos fez uma só carne com ela? Odiá-la? Desprezá-la? Quem age assim demonstra total incoerência com a fé em DEUS que professa. Quando um marido ou uma esposa alega que não quer mais a convivência matrimonial, alegando não sentir mais amor pelo outro, demonstra estar completamente enganado (a) por satanás. O Amor é um socorro imerecido. ELE está conosco especialmente quando mais precisamos. Não porque O merecemos. Mas porque ELE, por si só, justifica-se em nós. Só o AMOR liberta, cura, traz a paz e gera a perfeição em Seus filhos. Por isso quando alguém chega para mim e diz: “meu marido me traiu, me ofendeu, me trouxe sofrimento”, eu respondo: “ame-o! É hora de amá-lo mais ainda”. Como amá-lo? Orando, jejuando, cumprindo bem os deveres de esposa, enfim, obedecendo ao SENHOR. Quem tem o Amor verdadeiro dentro de si não despreza, não abandona, não busca a solidão. Afinal, quando éramos os piores desse mundo, JESUS não nos desprezou, não nos abandonou, não nos deixou no mundo das trevas. Ao contrário, ELE nos amou profundamente a ponto de morrer na cruz em nosso lugar. Às vezes, claro, uma convivência se torna insuportável, especificamente quando as agressões físicas se tornam constantes. Daí a necessidade de haver uma separação temporária com o objetivo de redirecionar os objetivos, buscar mais o SENHOR, aumentar a fé, orar muito, mas nunca de desistir do casamento.
Escrevo, de maneira muito especial, a todas as pessoas que se dizem cristãs, filhas de DEUS, e que estão enfrentando dificuldades no casamento. Faço um apelo no Amor de CRISTO: NÃO ABANDONEM SEUS CÔNJUGES! DEUS colocou marido ao lado da esposa no barco chamado casamento. Haverá dias em que o mar estará tranquilo, águas sossegadas. Mas haverá dias também de grande tempestade, ondas gigantes, que parecem até que nunca vão cessar. Abandonar o barco com o outro dentro, além de ser um ato de covardia e de irresponsabilidade, é uma prova incontestável da falta da presença de DEUS na vida. Se os dias parecem muito difíceis, busque incansavelmente a presença e a intervenção divina. Quem busca a presença do SENHOR encontra a solução para todos os problemas. Sem DEUS, tudo fica terrível, sem esperança. Com DEUS, há a certeza de dias abençoados.
Muitas vezes o próprio PAI, que colocou os dois naquela embarcação, permite que as tribulações apareçam. Observe a razão: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. (…) E a esperança não traz confusão por que o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5:3 e 5). As lutas geram maturidade conjugal e espiritual, que, por conseguinte, fortalecem a unidade do casal e leva-o a um Amor indestrutível. Como crescer como marido e como esposa sem suportar as ondas revoltas? Como amadurecer, como pessoa e como cristão, fugindo das experiências que aperfeiçoarão o nosso caráter? Ou você acha que, fugindo, acovardando-se, sendo irresponsável, alcançará dias melhores para a sua vida? Lógico que não. As tribulações não desaparecerão se você tentar entrar em outra embarcação. Elas sempre te acompanharão, porque o problema está em você e você não se permitiu ser moldado (a) por DEUS no estado em que ELE te colocou. Você precisa segurar a mão do seu cônjuge, confiar em DEUS, se quiser ser uma pessoa vitoriosa e madura em todos os sentidos de sua vida. Outro detalhe importante: DEUS te uniu a uma só pessoa, colocou você ao lado dela, porque só ao lado dela (com a qual você é uma só carne), poderá ser abençoado (a) e feliz. Enquanto não houver obediência a esse mandamento importante, enquanto o teu coração duro de fariseu não se converter em um coração cristão, DEUS não agirá em seu favor, porque o Amor DELE não estará em você.
Aprendi, ao longo da vida e por tudo o que vivi, que as experiências tristes, dolorosas, angustiantes, mas vivenciadas com CRISTO, fortaleceram mais o meu Amor em relação ao próximo. As dificuldades, quando vivenciadas juntos, criam um vínculo do perfeito Amor. Aprendi que o Amor não é para minha satisfação pessoal, a minha felicidade tão egoísta, mas para o sossego e o bem-estar do outro. Se DEUS tivesse sido egoísta conosco nem teria enviado o Único Filho para morrer na cruz em nosso lugar. Mas “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (João 3:16).
Cada vez que tua consciência te levar a pensar apenas nos erros do seu cônjuge, todas as vezes que tua mente te fazer acreditar que não existe mais Amor, cada vez que você se determinar a se afastar, em contribuir para a destruição da família que DEUS te deu e abençoou, eu te convido: olhe para a cruz, meu irmão e minha irmã. Na cruz, você encontrará todas as respostas para as suas dúvidas acerca do teu casamento, se ele foi um erro, quem tinha e quem não tinha razão. Olhe para a cruz! Veja quão minúsculas são as razões que te levaram a se afastar, a dizer que não quer mais, a não perdoar, a não dar quantas chances forem necessárias para que o casamento permaneça. Olhe para a cruz! E veja se aquele sacrifício foi limitado, vão, condicional, se não havia perdão nem Amor. Pergunte a si mesmo, olhando para a cruz, se CRISTO se separou de você, se ELE se divorciou de ti, quando você O traiu ou ainda O trai. Insista em olhar para a cruz porque o casamento, a união indissolúvel do marido com a sua esposa, é a única coisa, na Bíblia, que pode ser comparada ao Amor de CRISTO pela sua igreja: “As esposas sejam submissas ao seu próprio marido; como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeitos” (Efésios 5:22-27). Portanto, amado (a), eu o (a) convido a fitar por alguns instantes o seu olhar na cruz e, depois de pensar, de refletir, que te leve a perguntar a JESUS, como se estivesse perguntando a si mesmo: QUE AMOR É ESSE? Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
Olá… bem o trecho “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer” é de Camões
O amor desse mundo é o eros , amor que desgosta ,amor egoísta,amor que descarta. As pessoas hoje são descartáveis !!! O verdadeiro Amor é o ÁGAPE, Amor incondicional que o SENHOR JESUS quer que tenhamos para com o próximo.
Adriana Sousa.
O texto representa a verdade da Palavra. Tenho percebido que no processo de restauração, faz se necessário olhar e passar pela cruz…. Negar a si mesmo e amar quando não se deseja mais, ou melhor DECIDIR amar e não sentir apenas. Muito edificante!!! Karyne
Prezados,
Que belo texto de reflexão, poderia ser intitulado como verdadeira declaração de amor.
Me trouxe um nó na garganta conforme fui lendo, especialmente quando diz: “Ame-o! É hora de amá-lo ainda mais!”.
Só podemos combater o mal através do bem, este é o ensinamento ao qual não podemos abrir mão. “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12,21).
Obrigado por me ajudar a confirmar meus propósitos de perseverança, esperança, confiança, convicção e FÉ que Deus irá nos guiar pelos caminhos da restauração de nossas vidas.
Paz!
LCC
Brasília-DF
Muito interessante este estudo, é o que venho ouvindo da minha esposa desde o inicio desta provação….estou pensando se enviou a ela ou nao. Tenho medo que ela fica mais brava ainda.