“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7) (grifo meu)
Tinha tudo para ser um casamento a mais nas estatísticas, dentre os inúmeros que ocorrem no Brasil: padre, vestido de noiva, bolo enfeitado com bonequinhos personalizados, buquê e um belo tapete vermelho. Os convidados nada comuns: médicos, enfermeiras, técnicos, pacientes, alguns curiosos, além, é claro, dos familiares dos noivos. O altar fora improvisado com a mobília hospitalar. Local da celebração: setor de oncologia do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip), referência institucional no Brasil no atendimento gestacional de alta complexidade, localizado em Recife. Nome dos noivos: Daniela de Assis, 24 anos, e Renato de Souza Ferreira, 25. Este, portador de um câncer renal, diagnosticado há dois anos, e que já havia tomado conta de todo o seu corpo. Ambos jovens, bonitos que, apesar da doença, nutriam o sonho de se casarem e serem felizes juntos. Por isso, DEUS providenciou todas as coisas e realizou a vontade dos seus corações. Data que o grande sonho iria se realizar: 28 de outubro de 2010.
Não era mesmo um casamento comum. Renato e Daniela, moradores da pequena cidade interiorana de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano, dividiam o mesmo teto já há três anos, mas estavam juntos há seis. Há algum tempo planejavam e aguardavam por esse momento. O agravamento da doença, entretanto, fê-los apressar a realização do matrimônio. Renato e Daniela decidiram por realizar um sonho que faz parte do imaginário de milhares de brasileiros. Mas eles não queriam apenas se casar, queriam ser felizes como marido e esposa de fato e de direito. Buscavam mais que isso: queriam ter filhos, constituir uma família unida, alicerçada nos conselhos de DEUS. No altar improvisado, o casal prometeu estar do lado um do outro na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e que só a morte poderia separá-lo.
O casamento de Renato e Daniela foi, sobretudo, um ato de amor e fé. Casaram-se na incerteza do amanhã. Demonstraram amor quando o caminho estava escuro. Se não fosse a humilde condição financeira dele, diriam as más línguas que ela havia se casado apenas por interesse no dinheiro dele, aliás, como muitos fazem por esse Brasil a fora. Não fosse o estado avançado da doença que invadira o seu corpo, a cabeça careca, o físico debilitado, tubos de soro e oxigênio, diriam também que a razão do casamento estaria na beleza física ou na fama. Mas Renato não tinha nem dinheiro, nem fama, nem mesmo um corpo que chamasse atenção. Ao contrário, estava há dois meses internado no leito de um hospital público. Renato e Daniela tinham o principal: o amor. O amor que não olha as circunstâncias, que não estende os seus ouvidos para conselhos pessimistas, que não abre a sua boca para palavras de ingratidão. Daniela, jovem e muito bonita, poderia ter escolhido o caminho mais simples: o de continuar na situação em que se encontrava e aguardar, quem sabe, o restabelecimento da saúde do noivo. Mas ela sabia que o sonho realizado poderia fazer renascer a esperança de dias melhores. Na festa do casamento não havia convidados ilustres, recepção aos noivos em algum salão de festas pomposo. Não foi notícia nas páginas de Caras, Veja, nem de nenhum telejornal. Não teve lua-de-mel programada em alguma ilha do Caribe, com direito a hotel de luxo ou carros importados. Havia, sim, o principal: a bênção de DEUS sobre a vida do casal. Assim que a celebração terminou, os noivos cortaram o bolo, brindaram com champanha sem álcool e deram um beijo discreto na boca, mas com muito amor. Com a voz muito fraca, Renato ainda teve forças para externar toda a sua felicidade. Nem o risco de morrer foi capaz de diminuir o dom de sonhar e de ser feliz. Ao contrário, a sua alegria de viver e a busca pelo casamento contagiaram a todos. A prova é que, um dia após a realização do casamento, a coordenadora do setor, Jurema Telles, decidiu criar uma caixinha de desejos para que cada um dos pacientes em estado terminal do hospital também pudesse realizar seus sonhos.
Nos dias seguintes, Daniela sempre ao lado do marido, cumprindo bem o que havia prometido no Altar do SENHOR. Passava o dia no leito e, à noite, cochilava numa poltrona pouco confortável. O seu desgaste físico não refletia a imensa alegria que havia feito guarida em seu coração. O seu amor por Renato era capaz de suportar tudo, de sofrer tudo, de esperar tudo, como bem escreveu o apóstolo Paulo, no versículo de abertura deste texto. Renato, por outro lado, teve uma considerável evolução clínica e psicológica. Porém, na passagem do dia 10 para o dia 11 de novembro, seu estado de saúde começou a se agravar. Os médicos que o acompanhavam indicaram a aplicação de sedativos para que ele não sentisse fortes dores. Renato não quis. Antes de fechar os olhos pela última vez, perguntou ao médico se poderia doar algum dos seus órgãos. Assim, autorizou a doação das suas córneas. Daniela, como havia feito em todo o tempo, estava ali ao seu lado, acompanhando-o até o fim. A morte de Renato aconteceu de forma sutil, com o mesmo toque de rapidez com que se desenvolveu o seu casamento com Daniela. Apertou a mão da esposa, sorriu, deu um último suspiro e fechou os olhos pela última vez. A serenidade da morte do marido e a prova de amor da esposa comoveram a todos. Quinze dias apenas de casados, mas que, para Daniela, valerão a eternidade.
Essa linda história de amor bem que poderia ressuscitar sonhos nos corações daqueles que ainda não tiveram o privilégio de se casarem com as bênçãos de DEUS. Pessoas que, diferentemente de Renato, não estão com a saúde debilitada, possuem oportunidades melhores e, ainda assim, preferem viver uma vida de amasiados, em fornicação, desagradando a DEUS. Também traz lições significativas àqueles que já estão casados. Muitos vivem em discórdia, reclamam de tudo, amaldiçoam o próprio casamento. Uma história de amor em um país onde muitos se dão em separações e divórcios, onde a família virou qualquer coisa sem valor, descartável, e onde as histórias de amor não são bem histórias de amor, mas linhas fragilizadas de um romance conturbado, sem amor, porque não suportam nem uma ventania, quanto mais uma tempestade. São lares construídos com a areia da praia.
Mas DEUS convida a todos a escreverem outras histórias de amor, como a de Renato e Daniela, que só foi desfeita pelo SENHOR, na morte de um dos cônjuges, como bem ensina a Santa Palavra. Durou apenas quinze dias porque o SENHOR DEUS quis que fosse assim. E quem há de se opor a Sua perfeita vontade? “O vento sopra onde quer…” (João 3:8). É como a formosura de desconstruir um sonho hoje para construir milhares ali na frente. E eu creio que a sua história nem a minha terão dias minúsculos. DEUS nos convida, através da história de Renato e Daniela, a nos amarmos mais, a nos doarmos mais, a levarmos o casamento mais a sério e a termos coragem, humildade para consertarmos o que antes fora quebrado por nossas atitudes tão vis. Foi para isso que fomos chamados. Para amar, ser amados, e darmos em casamento: “Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma adjutora que lhe corresponda” (Gênesis 2:18). Creia, apesar dos espinhos, a família é a instituição mais segura e abençoada que existe. Infelizes são todas as pessoas que não vivem como família. Zelemos pela nossa enquanto a temos! Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é líder do Ministério Famílias para Cristo.
crédito da foto: Cecília de Sá Pereira/DP/ D A Press
A paz do Senhor,
Gostaria de dizer que realmente essa história de amor é muito linda.
Tenho visto os casamentos se deteriorando,os valores mudando,esposa manda no marido,filhos mandando nos pais e dai por diante.
Que Deus possa tocar nos corções através dessa linda mensagem.
Sem mais,
Vanilda