“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2)
Quem viveu a sua adolescência há, pelo menos, 30 anos, espanta-se ao ver o nível de degradação e corrupção a que chegou o mundo e, também, muitas instituições religiosas. A propagação do Evangelho cresceu; inúmeros templos religiosos foram abertos, o número de pessoas ditas evangélicas subiu abruptamente. O intuito inicial era o de anunciar o Amor de DEUS àqueles que estavam morrendo no mundo em sua condição espiritual; dar uma esperança às famílias, oferecer um plano de salvação às vidas que se encontravam destruídas.
A crise existencial humana fez com que salões de festas, agências bancárias, clubes, fossem transformados em locais de adoração a DEUS. As pessoas, em seus desesperos, de uma hora para outra, viram muitas portas com diferentes nomes se abrirem em sua frente. Com exceção das denominações mais antigas como Assembleia de Deus (não me refiro a muitas que utilizam esse nome com a finalidade de atrair pessoas, mas à centenária), Batista e Presbiteriana, infinidade de outras foram surgindo ao longo dos anos, a partir da dissidência dos seus membros. Eles brigavam entre si e os considerados deserdados logo abriam as suas próprias denominações e se tornavam concorrentes da primeira. Então, era natural que, com tantas dissensões, “olho grande”, muitas outras denominações surgissem com o passar do tempo. Até o nome Igreja Cristã Cuspe de Cristo surgiu nesse carnaval de nomenclaturas. Nesses locais, as pessoas necessitadas encontravam a cura para os seus dilemas interiores, suas angústias e frustrações. Trago ao conhecimento de todos as palavras muito lúcidas e coerentes que o Pastor Paulo Henrique Sales escreveu no prefácio do livro “Não mude de religião: mude de vida!”: “Afirmar, nos dias de hoje, que o ser humano busca a religião como suprimento de uma necessidade espiritual não é nenhuma novidade. Pois, a matéria, a lógica, os interesses pelo aqui e agora e as riquezas que esse momento podem proporcionar não completam o homem totalmente. Estamos vivendo na pós-modernidade que traz consigo não só a quebra dos absolutos, mas um verdadeiro leque de possibilidades religiosas para as pessoas. O Brasil, em especial, é a boa terra que ‘em se plantando tudo dá’: todas as seitas, religiões, igrejas, denominações que, ao chegarem aqui, logo conseguem se firmar e crescer. O povo, além de místico e emotivo em essência, está aberto para o novo, o diferente e os transcendente” (2003, pág.9). Os que trocam de religião, muitas vezes só trocam de endereço religioso, mas não aprendem que o essencial para DEUS é uma mudança radical de vida. Mudam de roupas, passam a se vestir melhor, mas o interior continua o mesmo. Por que geralmente isso acontece? Porque essas pessoas quase sempre são adestradas a cumprirem regras religiosas, como animais em circo, a fazerem tudo o que os líderes ensinam como verdade. Muitas vezes, eles próprios não conseguem enxergar o Evangelho de CRISTO em si e se tornam donos, proprietários, gerentes de empresas cuja missão primeira é gerar indivíduos e receita. Eles eram infinitamente melhores espiritualmente quando eram meros desconhecidos, congregavam em templos bem humildes, viviam de joelhos no chão e tinham fome e sede da justiça de DEUS. Depois que se tornaram grandes, poderosos, ganharam posição de destaque, o EU se agigantou e a condição espiritual definhou profundamente. O lugar que antes era ocupado pelo Espírito Santo agora é preenchido pelo egocentrismo. Curiosamente, esses homens que se fizeram líderes dessas instituições religiosas cresceram em ambição, astúcia, sentiram-se donos de tudo (muitos continuam sendo usados para curar, expulsar demônios, enfermidades), anunciar que CRISTO existe através da placa da igreja que está lá fora pendurada. Dava-se início a uma vida religiosa alienante e a uma igreja doente, que não consegue se firmar no propósito maior a que DEUS nos chamou: o de sermos santos em tudo.
No último domingo, ao sair do culto de uma denominação, fui a uma lanchonete próxima a minha casa. Lá encontrei um pastor amigo que não o via há muito tempo. No passado, DEUS usou poderosamente aquele homem para realizar um grande milagre em minha vida. Entre uma conversa e outra, ele me confidencia que foi traído pela esposa em uma cidade de interior de Pernambuco, bem pequena, onde, quando acontece alguma coisa, logo a cidade inteira fica sabendo. A esposa o traiu. O escândalo foi geral. Depois de muita vergonha e humilhação, o tal pastor decide então abandonar a esposa (divorciou-se dela), indo morar em Olinda, onde até a presente data exerce o ministério pastoral em uma denominação famosa e tenta recomeçar a vida sentimental com outra mulher. Leio para ele todos os versículos do Novo Testamento em que JESUS e o apóstolo Paulo denominam o segundo casamento de divorciados de adultério. Perguntei o que ele achava daqueles textos. Nesse momento, ele encosta a boca ao meu ouvido e me fala baixinho: “pastor Fernando, o senhor está absolutamente certo, mas me deixa voltar a minha mesa para dar atenção a minha namorada e aos meus amigos”. Para finalizar, ainda houve tempo de mostrar a ele o que está escrito em Mateus 7:21-23. Assim como esse pastor amigo, milhares de pastores estão envolvidos na prática de iniquidades e ensinando religiosidade a pessoas ingênuas na fé. Certa vez um pregador argentino muito famoso e usado por DEUS na área de salvação e grandes milagres afirmou no púlpito: “qualquer pessoa que fizer mais milagres do que eu, se não for santa, vai direto ao inferno. E aquele que não fizer cura alguma e estiver com a vida escondida em Cristo Jesus vai ao céu”. Verdade que deveria ser guardada no coração de todos os líderes religiosos atuais.
Assusto-me com a quantidade de templos religiosos abertos atualmente. Não apenas por isso. Mas pela condição espiritual de quem está à frente e por aquilo que e como está sendo ensinado, que alimento está sendo oferecido ao povo. A verdade é que abrir templos religiosos virou um excelente negócio, um comércio lucrativo e rentável. Pastores são pastores pelo simples fato de terem concluído um curso em um seminário ou faculdade de Teologia. O chamado de DEUS, o coração de Pastor que DEUS dá, são coisas que ficam em segundo plano (e quando ficam). Formado, receberá o diploma de teólogo e estará capacitado a cuidar de vidas sofridas e desesperadas. Aquele homem passará a ser o centro de tudo, a atenção maior. Aliás, não só homens, como, de forma absurda, mulheres também. Quem, em sã consciência, se atreveria a me dizer o número de mulheres pastoras há 40, 50 anos? Quando a mulher não se forma em Teologia, basta ser esposa de algum pastor e logo será chamada de pastora, comandar igrejas, como também, ter os mesmos direitos do marido: salário pomposo, décimo-terceiro, férias, ajuda de custo etc. Mulher pastora… Que absurdo! Hoje em dia se tornou algo tão comum que nem vimos o pecado da insubmissão e da rebeldia que se escondem por trás de tudo isso.
A igreja, que se propunha ser a representante de DEUS aqui na terra, se perdeu quando assistiu, “de braços cruzados”, à entrada do mundanismo e das heresias em seus átrios; quando os seus líderes passaram a ver como comuns certos absurdos, visando o crescimento populacional e das finanças. Afinal, mais pessoas significariam mais dízimos e mais ofertas. Uma igreja surgiu com uma forte intenção (estar longe do pecado da carne e do mundo, servir a DEUS), mas que logo foi tragada pelas suas próprias ambições. O “EU” do homem, do ser humano, passou a ser o seu maior inimigo, o seu real destruidor, o gigante que o lançaria para muito longe de DEUS. Para isso tiveram que criar um “novo evangelho”: o evangelho das facilidades. Nesse evangelho criado, propagado e ensinado nas igrejas, o livro de Gênesis começa assim: “No princípio era o homem. E o homem era feliz e tranquilo. De repente o homem pecou, ficou triste e amargurado e aí teve que criar Deus. Deus foi criado pelo homem para lhe tirar toda tristeza e dá-lhe felicidade, prosperidade, conforto…”. Depois, sublinham na Bíblia Sagrada apenas versículos que trazem conforto a si próprio, bênçãos, bênçãos e bênçãos. Eles só creem no DEUS que apenas criou o Éden, a terra que mana leite e mel e que fez promessas de grandes bênçãos para a vida de cada um. O DEUS que eles servem é o DEUS apenas das coisas acrescentadas, em Mateus 6:33. Fecham os olhos ao DEUS de justiça, que se ira, que mata, que destrói povos e cidades por conta do pecado, da desobediência, o DEUS que mandou fogo e enxofre para as cidades de Sodoma e Gomorra, o dilúvio nos tempos de Noé; e hoje manda terremotos e tsunamis. O DEUS que manda primeiramente os seus filhos obedecerem, renunciarem a si mesmos, a buscarem primeiramente o Seu Reino e a Sua Justiça. O deus a que eles servem foi criado por eles para o bel prazer de cada um. É por isso que muitos irmãos sabem de forma decorada o versículo que diz que “Deus não leva em conta os dias de ignorância”. Eles adaptam o texto para o que eles querem. O versículo na verdade diz: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (Atos 17:30) (grifo meu). Essas pessoas citam muito também que “não há mais nenhuma condenação sobre elas”, buscando uma autojustificação. O que esse texto diz na verdade? “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8:1) (grifo meu). JESUS também disse: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (João 14:21). Guardar e viver os mandamentos é a prova de que amamos a JESUS. Há algo complicado em entender esse versículo?
Infelizmente o que é ensinado na maioria dos templos religiosos se volta para o EU do homem, para a sua satisfação pessoal. Em um estudo anterior escrevi que DEUS não nos chamou para sermos felizes em nós mesmos, mas para sermos santos, obedientes a Palavra. Quando eu morava em Brasília, certo dia fui conhecer uma denominação religiosa muito famosa por lá, como também em Goiânia. Uma instituição grande em estrutura física, em logística, em bens materiais. As pessoas ali, na plateia, sequer eram ensinadas a cultuar a DEUS com reverência quanto mais a serem santas. Os líderes pareciam artistas no palco, sem temor, sem respeito algum a Palavra de DEUS, cuja atenção era voltada apenas para eles. Imaginei o tamanho da desgraça espiritual que esses líderes estavam causando em seus seguidores… Como uma casa sem alicerce pode se manter de pé quando vierem as tempestades?
“Esse povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15:8), disse JESUS referindo-se aos escribas e fariseus, que eram os maiores teólogos e religiosos do Seu tempo. Ao anjo da igreja de Sardes foi dito: “conheço as tuas obras; tens nome de que vives, mas estás morto” (Apocalipse 3:1). Assim também dirá JESUS a muitos líderes das igrejas atuais, mestres em hermenêutica e na exegese bíblicas quando chegar o Grande Dia. Eles não têm temor algum, são roubadores do Evangelho de CRISTO, viciados, usurpadores da fé alheia, e conduzem milhares ao tormento eterno. Os maiores inimigos e adversários de JESUS não eram os pagãos nem os gentios, mas os próprios fariseus, escribas, pessoas presas à lei judaica. A todo tempo, eles tentavam flagrar o Filho de DEUS em contradição. Foram eles, juntamente com os sacerdotes romanos da época, que incitaram o povo na derradeira decisão: “Crucifica-o!” (Marcos 15:13).
Em direção oposta a esse “evangelho de facilidades” que se oferece por aí em muitas igrejas, onde o objetivo maior é satisfazer os desejos humanos, está o Evangelho de JESUS CRISTO, o Evangelho puro, que leva o pecador a se arrepender, que faz com que a pessoa renuncie a si mesmo, abra mão de suas vontades, do seu querer, de sua felicidade pessoal, maravilhosamente para agradar a DEUS. O Evangelho dos santos que se incomodam com o pecado, que se entristecem profundamente quando desagradam a DEUS e logo dobram os joelhos em lágrimas de arrependimento. O Evangelho de CRISTO tem o caminho bem estreito, combate a avareza, a busca desenfreada pelas riquezas materiais, a soberba do homem, a mentira, a hipocrisia; é radicalmente contra a destituição familiar e a favor de sua restauração pelo Poder que há no Nome de JESUS. É por esse Evangelho que as verdadeiras ovelhas do SENHOR JESUS devem se guiar.
Quanto aos oportunistas de plantão, aos enganadores que estão por aí a solta nos púlpitos, os mentirosos, fariseus contemporâneos, eles têm um lugar especial na Bíblia Sagrada: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi abertamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mateus 7:21-23) (grifos meus). Alguém agora tem dúvida a quem pertencerá finalmente o Reino de DEUS? Será que a alguma denominação A, B ou C? De jeito nenhum! O Reino de DEUS está reservado essencialmente àqueles que nasceram de novo, produzem frutos de justiça e procuram obedecer a vontade de DEUS, que é a santificação dos Seus filhos em CRISTO JESUS. Que DEUS nos ajude!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
Bem verdade sim, este texto está muito atual, e extremamente preocupante. As pessoas menos avisadas, desesperadas e até mesmo algumas incautas são presas fáceis a cair neste tipo e modelo de (novas igrejas).
O comércio se instala a cada dia de uma maneira que chega a práticas de apelos tão incessantes que chega mesmo a causar espécie, infelizmente aquelas igrejinhas pequenas mas com pessoas verdadeiramente com compromisso em ouvir a PALAVRA de DEUS já são muito poucas.
Eu posso dizer que tive o previlégio de conhecer uma certa vez que acho que não mais vou esquecer.
Sabe aquele culto que te prende de tal maneira pelo poder da Palavra, sem muita passada de mão mas de chicotadas e lambadas que faz a gente se enxergue bem lá dentro de nosso coração e concluir ahhhhh meu Deus como preciso mudar, são tantas coisas feias que há dentro de mim, tantas misérias que certamente fossem apregoadas num alto falante ficaríamos mesmo com muita vergonha.
Certamente este modelo de Igreja está cada vez mais escasso, o o pior que estes novos ensinamentos realmente farão muitos a pegar atalhos que talvez nem possam mais voltar e encontrar o verdadeiro caminho pois já estão conhecendo o largo quando lhe for apresentado o estreito caminho de Jesus não suportarão.
E como diz na Bíblia que a ardente espectação da criatura aguarda a manifestação dos filhos de Deus, mas como, se lhes está sento apresentado uma vida com conforto e descomplicada…………..
Ai destes ministros mesmo, Deus é amor mas é justo , muito bem equilibrado, linha reta, sem desvios. Que Deus tenha misericórdia de nós e não nos deixe ser enganados em tempo algum.
Prossigamos para o alvo que é o Senhor Jesus Cristo e venhamos a experimentar genuinamente o novo nascimento pois sem o qual jamais veremos a Deus que dirá entrar em seu reino. Amém
A Graca e a Paz