Todos nós sabemos que o perdão é uma das principais plataformas do reino de DEUS; é algo indispensável para o exercício da vida cristã a ponto de JESUS afirmar que “se não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:15).
O perdão está presente na oração mais conhecida entre os cristãos no mundo (“Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”) e em uma das passagens mais populares do Novo Testamento, em que Pedro pergunta a JESUS “até quantas vezes pecará meu irmão contra mim e eu lhe perdoarei? Até sete?”, ao que o SENHOR lhe respondeu: “Não te digo que até sete, mas setenta vezes sete” (Mateus 18:21-22).
Então, o perdão é a chave; é o segredo para quem quer ter uma vida espiritual próspera com o SENHOR JESUS.
Apesar de desfrutar de um lugar privilegiado na memória popular, por que, para muitos, o ato de perdoar verdadeiramente alguém se torna algo demasiadamente difícil, quase beirando a impossibilidade? Vou explicar aqui.
Antes, quero contar uma história real que se passou com um irmão na fé, que reside em Minas Gerais. Ele me procurou intrigado com algo que lhe tinha acontecido recentemente. Ele é casado com uma mulher em primeiro casamento, da qual está separado há mais de 5 anos. Ambos possuem filhos.
No meio de uma crise conjugal, ela, à época, descobriu a infidelidade dele em mensagens pelo celular. O resultado foi a separação de fato. Ela seguiu a vida, namorando outros; ele descobriu a doutrina bíblica de casamento e decidiu lutar espiritualmente pela restauração do matrimônio.
O último relacionamento dela foi com um homem que havia conhecido há apenas 3 meses. Nesse curto espaço de tempo, nova traição: ele bem aconchegado com outra mulher em um lugar público. A mulher pôs fim ao namoro.
O Fulano traidor a procurou pedindo uma chance, dizendo-se arrependido pelo que tinha feito. E, para surpresa de todos, ela o perdoou. A pergunta que o marido me fez foi: “Por que ela perdoou a traição de um namoradinho que havia conhecido há apenas 3 meses; e nunca quis me perdoar como seu marido legítimo, lícito aos olhos de DEUS, pai dos seus filhos e com quem construí uma história no começo?”.
Eu me senti bastante motivado em escrever este texto, porque imaginei que essa também seja a dúvida de muitas outras pessoas que estão atravessando o mesmo deserto.
Antes de morrer numa cruz e durante o processo de agressão física que sofrera, JESUS fez a seguinte oração a DEUS: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes” (Lucas 23:34). JESUS, como o próprio DEUS encarnado, sabia que não podia morrer sem antes liberar o perdão para os seus ofensores.
Era imprescindível, necessário, que teria que ocorrer de todo jeito (e, por isso ELE o fez). Um primeiro ponto a se observar é que nenhum dos seus agressores foram até ELE arrependidos do que fizeram; ninguém LHE pediu perdão; mas, mesmo assim, JESUS orou a DEUS para que os perdoasse. Para perdoarmos, não é necessário que o agressor se dirija até nós arrependido.
Como cristãos, devemos ter o coração preparado para o perdão, independentemente se a outra parte envolvida vai ou não nos procurar arrependida. O perdão limpa a alma e abre todos os caminhos espirituais para as bênçãos de DEUS. Bem-aventurado é quem perdoa verdadeiramente; lança no mar do esquecimento todas as dívidas.
O segundo ponto é muitíssimo importante. Quando se tem uma aliança de casamento lícita e testemunhada por DEUS, o perdão mútuo entre os cônjuges deve ser acompanhado da restauração dessa aliança. É inútil apenas dizer que perdoou, que não sente mais mágoa ou ressentimentos, e não restaurar a convivência, depois de ambos terem sido tratados pelo SENHOR.
O primeiro casamento para DEUS é uma aliança quebrável somente na morte (1 Coríntios 7:39).
Daí a necessidade de perdoar com restituição (1 Coríntios 7:10-11). Não importa o tempo que tenha passado nem o que ocorreu ao longo desse período. Vejamos a verdade disso na Bíblia.
A aliança de casamento é comparada à aliança de DEUS com o seu Povo: “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, COMO AO SENHOR. Porque o marido é a cabeça da mulher COMO TAMBÉM CRISTO é a cabeça da igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo. De sorte que, ASSIM COMO A IGREJA ESTÁ SUJEITA A CRISTO, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, COMO TAMBÉM CRISTO amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra; para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:22-27).
Imagine, se o povo de DEUS, no primeiro pecado que cometesse após sua regeneração, pedisse perdão ao SENHOR e ouvisse DELE: “O tempo passou, já me esqueci do seu pecado; não sinto mágoa de você; te perdoo, mas você segue o seu caminho e Eu o meu”… Simplesmente não existiria igreja do SENHOR na face da terra e o mistério da morte de JESUS na cruz, com o Seu pedido de perdão, também não faria sentido algum.
DEUS estabeleceu o Seu próprio modelo de perdão. Não é o nosso nem o modelo estabelecido por líder nem denominação alguma. O único modelo válido é o de DEUS, o perdão que é seguido da restituição: “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, PERDOANDO-VOS UNS AOS OUTROS, COMO TAMBÉM DEUS VOS PERDOOU EM CRISTO” (Efésios 4:32).
Quando se lê COMO TAMBÉM DEUS VOS PERDOOU EM CRISTO, vê-se, imediatamente, a restituição cumprida: CRISTO NOS RESTITUIU A DEUS ATRAVÉS DE SUA MORTE. JESUS não estabeleceu uma cláusula de exceção para nos perdoar, tipo: SE VOCÊS ADULTERARAM, A MINHA MORTE NÃO É CAPAZ DE RESTITUIR A NOVA ALIANÇA A VOCÊS. O único pecado, que é imperdoável, é a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Você deve ter entendido bem que o perdão é algo condicional: só recebe o perdão vertical (o de DEUS), quem perdoa horizontalmente (entre os homens) (Releia Mateus 6:14-15). Só através da misericórdia do perdão, uma aliança matrimonial pode cumprir o objetivo de DEUS na terra.
Não existe perpetuação da aliança de casamento sem o amor, sem a misericórdia e sem o perdão. Perdoar um ofensor é cortar a própria carne do orgulho, reconhecer-se pecador diante de DEUS (e necessitado do perdão DELE diariamente) e restituir.
Quem perdoa, segundo o parâmetro bíblico, tem a oração atendida pelo SENHOR: “Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber; e tê-las-eis. E quando estiverdes orando, PERDOAI, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas” (Marcos 11:24-25).
Por que é tão difícil ou quase impossível para um marido ou uma esposa praticar o perdão de DEUS, ainda quando estão já divorciados? Porque uma pessoa assim está oprimida por demônios, com a mente cauterizada e, certamente, ainda não foi regenerada pelo SENHOR.
Os demônios não querem que ninguém caminhe na direção da vontade de DEUS. E, quando há brigas, traições, separações, mágoas e divórcio, um muro é erguido entre o coração de um cônjuge e o coração de DEUS. Uma imensa batalha espiritual acontece nesse momento.
O que o diabo não quer, de jeito nenhum, é que os casais em primeiro casamento se perdoem e restituam a aliança. Daí também entendemos porque foi mais fácil para aquela esposa, transcrita no início do nosso texto, perdoar um namorado (com quem desfruta de uma relação sexual ilícita), que a trai, que ambos só se conhecem há 3 meses e não há aliança lícita alguma; do que perdoar o marido e restituir a aliança que DEUS testemunhou. Isso explica também o alto número de segundos e terceiros casamentos no mundo após o divórcio.
Só os verdadeiramente regenerados por CRISTO, os nascidos de novo, podem alcançar a plenitude do perdão. Quem não rasga a sua própria carne do orgulho, jamais entenderá essas verdades e, por conseguinte, não conseguirá praticar o perdão bíblico (Porque o mundo já inventou a sua forma de perdoar: basta esquecer e não querer o mal do outro).
Esse é o tipo de perdão coxo, defeituoso, sem integridade, criado pelos demônios para enganar as pessoas. Inclusive, há muitas dentro dos templos denominacionais com essa mentira alojada no coração.
Que o Espírito Santo limpe o seu coração das mentiras e das meias verdades e estabeleça, dentro dele, a Verdade integral, toda, inteira, para que, assim, você possa caminhar para o reino glorioso do SENHOR!
No Amor de DEUS,
Pr. Fernando César – É líder do Ministério Restaurando Famílias para CRISTO, escritor, palestrante, um dos principais antidivorcistas do Brasil e defensor das famílias e dos casamentos lícitos aos olhos de DEUS.
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