“Aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos, dizia: se quiseres bem podes limpar-me. Jesus, com grande compaixão, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: Quero, sê limpo” (Marcos 1:40-41).
A lepra (Hanseníase ou mal de Hansen, nome de Gerhard Hansen, responsável por sua descoberta) é uma doença infecciosa muito antiga, causada por uma bactéria próxima do agente que dá origem à tuberculose. Hoje em dia, apesar de ser facilmente tratada com antibióticos, ainda atinge 700.000 mil pessoas por ano no mundo, sendo a Índia o país com maior incidência da doença. Afeta o sistema nervoso e a pele, ocasionando a supressão da dor. Como não sente dor alguma, o indivíduo leproso, ao fazer um grande esforço para manusear uma ferramenta, acaba por cortar parte de um membro (dedo, mão) sem perceber. Durante muito tempo esse mal permaneceu incurável. O pior, entretanto, não estava em ser vítima da doença, mas no forte preconceito social a que os leprosos eram subjugados. Na época da Lei (Antigo Testamento), por exemplo, era proibido o contato dos sãos com os infectados pela doença: “Disse o Senhor a Moisés: ordena aos filhos de Israel que lancem fora do arraial a todo leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todo imundo por causa do contato com algum morto” (Números 5: 1-2). O livro de 2 Reis nos apresenta a história de quatro leprosos que não podiam entrar na cidade de Samaria para se alimentar por causa da doença: “Quatro homens leprosos estavam à entrada da porta, os quais disseram uns aos outros: para que estaremos nós aqui assentados até morrermos? Se dissermos: entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos aí. Se ficarmos aqui, também morreremos. Portanto, vamo-nos ao arraial siro e nos rendamos. Se nos deixarem viver, viveremos; se nos matarem, tão-somente morreremos” (7:3-4). Em contraste com a separação a que era determinada no Antigo Testamento, JESUS CRISTO teve várias experiências de contato com leprosos; e os curou. O texto que abre a nossa reflexão da semana é apenas um exemplo de outros que poderiam ser citados, se essa fosse a investigação central de nosso estudo semanal. Não é especificamente sobre esse inimigo do físico que iremos tratar, mas dos inimigos de nossa alma, infinitamente piores do que a lepra, e que tem se alojado na vida de muitos filhos de DEUS.
Dou graças a DEUS porque vejo, nos dias de hoje, muitos templos evangélicos serem abertos em diversos lugares no mundo. Alegro-me quando sei que, em lugares de bares, bancos, casas de shows, uma Casa de DEUS será aberta. E não me importo muito com o nome que será dado. A minha verdadeira alegria reside na oportunidade do anúncio da Palavra de DEUS, o estreitamento dos espaços mundanos e a salvação espiritual de muitos perdidos. Porém, percebo, até por testemunhos que ouço, que as doenças espirituais em muitos servos de JESUS têm contribuído para o enfraquecimento da fé deles e de outras pessoas. Se pensarmos no versículo-chave (“(…) amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Mateus 19:19), veremos que não conseguimos amar nem a nós mesmos muito menos ao próximo, pois o amor pelo outro depende do que somos. Assim, por extensão, só teremos misericórdia do outro se compreendermos a misericórdia de DEUS por nós; só estaremos verdadeiramente preparados para receber perdão se antes esse dom foi plenamente exercitado por nós. Esse enfoque é que os psicólogos chamam de “pedagogia intrapessoal”, voltada para o resgate e o aperfeiçoamento interior do próprio indivíduo. Se CRISTO nos resgatou para sermos “Luz do mundo” e “Sal da terra”, se houve em nós verdadeira experiência de conversão (transformação interior), já deveríamos estar curados de alguns males que afligem as nossas almas e maculam o nosso testemunho cristão. Não digo, com isso, que não venhamos a cometer falhas e até a ferir os nossos irmãos; mas que devamos “expor” a DEUS as feridas que ainda nos atormentam (como fizeram os leprosos, tão discriminados, no tempo de JESUS na terra). Houve muitos que procuravam censurar a aproximação do Filho de DEUS dos doentes; porém, maior fora a humilhação pública dos contaminados pela lepra, e por isso foram curados. Nosso coração é um celeiro propício para que as doenças espirituais encontrem guarida. O próprio JESUS certa vez afirmou: “Mas o que sai da boca, procede do coração, e é isso o que contamina o homem. Pois do coração procedem maus pensamentos, assassínio, adultério, prostituição, furto, falso testemunho, blasfêmia” (Mateus 15:18-19) numa alusão clara de que devemos urgentemente cuidar desses males, que nos afastam do Reino dos céus (“Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” Mateus 5:8). Se tratarmos de “olhar” para o coração do próximo encontraremos muitos outros males: ciúme, inveja, cobiça, orgulho, rancor, fofoca (língua ferina), soberba, impiedade (sentir-se capaz de julgar o outro), lascívia… Mas da atitude daquele leproso, que há mais de 2000 mil anos procurou JESUS, vem, pelo menos, três soluções de como vencermos os inimigos da alma: 1) ele não teve vergonha nem timidez de expor o seu problema publicamente (por mais grave que parecesse); de abrir a ferida num estado de humilhação extrema (se pôs de joelhos reconhecendo aí a autoridade de JESUS) diante do Filho de DEUS. Assim devemos proceder. Se falamos mal, se pensamos mal, se ferimos ou se admitimos que temos um outro tipo de “lepra” em nosso coração, devemos urgentemente dizer a DEUS que não estamos conseguindo nos livrar desse mal; 2) aquele leproso mostrou que a fé dele estava em JESUS e não nas reações humanas. Por isso, não olhou para os lados nem se importou com o que iam falar dele, com as zombarias nem com os gritos preconceituosos. Ensinou-nos que, quando o alvo exclusivo é JESUS, nunca se desiste dos sonhos e das lutas. Ele olhou “firmemente para Jesus, autor e consumidor da nossa fé (…)” (Hebreus 12:2). Um dos maiores problemas de quem está nas igrejas atualmente é querer servir a DEUS olhando para os lados, ou agir como quem desejasse agradar a homens. Quando nos preocupamos com os homens deixamos de crescer espiritualmente, de receber do PAI as maravilhas que para nós estão reservadas; 3) depois agradecer pela cura recebida. No prosseguimento do texto, JESUS pediu ao leproso que ele se dirigisse ao templo, diante do sacerdote, para agradecê-lO mediante um sacrifício de um cordeiro, segundo as leis judaicas religiosas da época: “olha, não digas nada a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou para lhes servir de testemunho” (Marcos 1:44).
Quantas vezes eu estive com o meu testemunho reprovado diante de DEUS por conta de “lepras” que faziam morada em meu coração? Quantas vezes fui me deitar (muitas até com vergonha de orar) porque havia inimigos atormentando a minha alma e roubando a minha paz? Quantas vezes fui posto como motivo de julgamento por irmãos dentro e fora da igreja devido a condutas que eles consideravam erradas? Quantas vezes rejeitei os dízimos, ofertas e a Santa Ceia por me reconhecer impuro diante de DEUS, pois não queria viver numa hipocrisia religiosa? Mas quantas vezes derramei lágrimas, noites e mais noites, clamando socorro a JESUS, e ELE me atendeu, me estendeu as suas mãos de Amor e de Misericórdia e me curou imediatamente? Todas!! A condição dos leprosos era de completo isolamento àquela época e, com certeza, a sua voz nunca era ouvida; ou melhor, só era ouvida quando os outros tinham que responder: “Impuro! Impuro! Impuro!”… JESUS é aquele que ouve a nossa voz quando todos os ouvidos silenciam, quando todos os amigos se afastam, quando tudo parece sem vida e quando a nossa voz ecoa num deserto solitário. É ELE quem devemos procurar; porque em qualquer momento, eu, você ou qualquer outra pessoa que assim fizer, ouvirá em nosso coração a Sua sublime voz: “Quero, sê limpo!”
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça” e “Antes que a Luz do Sol escureça”. Também é líder do Ministério Interdenominacional Recuperando Famílias para Cristo.
Querido irmão graça e paz do Senhor esteja convosco
Li o texto os inimigos da alma e fiquei edificada com o seu dom das palavras concordo plenamente que o Senhor Jesus conhece o nosso íntimo mesmo quando não expressamos em oração,ele nos sonda e nos conhece.
Agradeço a Deus pela sua vida.
bjs Anacleid