“Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência, proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças” (1 Timóteo 4:2-3).
Desde a sua criação inicial, o homem (no sentido geral do termo) possui uma natureza relacional. DEUS o fez no meio das mais diferentes espécies de animais e, depois, criou a mulher da sua carne e dos seus ossos e a colocou em seu convívio (Gênesis 2:18-24). Assim teve origem o primeiro casamento.
Através da relação sexual, o mundo foi se povoando, as pessoas cada vez mais dadas ao relacionamento, de modo que não conseguiam mais viver sozinhas. É importante observar que o primeiro casamento fora estabelecido entre pessoas limpas, livres do pecado, como sinônimo da pureza e da perfeição do seu Criador (A igreja cristã, lavada e remida no Sangue de JESUS, encaixa-se perfeitamente nessa fase). Mas depois veio o pecado e, com ele, novos casamentos, desta feita, pecaminosos, formados por casais imperfeitos, entregues ao pecado que, pouco a pouco, adulteraram o projeto inicial de casamento criado pelo SENHOR.
No texto acima, o apóstolo Paulo faz uma revelação surpreendente ao irmão em CRISTO e líder da igreja primitiva Timóteo: DEUS CRIOU O CASAMENTO (ASSIM COMO TAMBÉM O JEJUM) EXCLUSIVAMENTE PARA OS FIÉIS E PARA OS QUE CONHECEM A VERDADE.
O diabo, astucioso como sempre foi, apropriou-se daquilo que DEUS criou para levar sofrimento, dor, angústia, ao coração daqueles que estariam aprisionados ao pecado. O desconfigurado casamento pincelado pelo diabo deixa os cônjuges livres para viverem de forma independente, para fazerem o que querem.
O casamento projetado por DEUS é impregnado de deveres tanto para os maridos quanto para as esposas; é um casamento em que os casais não ficam soltos, mas presos à doutrina do SENHOR. DEUS passou a ser testemunha principal dessa aliança entre um homem e uma mulher solteiros, mas também quer se fazer presente continuamente no cotidiano desse casal pela obediência a Sua Palavra.
Se formos verificar a condição dos casamentos desde a evolução da humanidade, observaremos que todos, sem exceção, foram afetados pelo egoísmo, infidelidade, desamor humanos, rebeldia, desobediência e outros tipos de pecados. O modelo de casamento no Antigo Testamento não pode ser referência para nenhum cristão em nossos dias.
Desde o princípio, o SENHOR proibiu, por exemplo, os hebreus de contraírem casamento com mulheres estrangeiras, pois correriam o risco de se desviarem os Mandamentos do SENHOR: “E o SENHOR teu Deus as tiver dado diante de ti para as ferir, totalmente as destruirás; NÃO FARÁS COM ELAS ALIANÇA, nem terás piedade delas. NEM TE APARENTARÁS COM ELAS; NÃO DARÁS TUAS FILHAS A SEUS FILHOS; E NÃO TOMARÁS SUAS FILHAS PARA TEUS FILHOS; pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós e depressa vos consumiria” (Deuteronômio 7:2-4). Mas os hebreus logo desobedeceram ao SENHOR e procuraram fazer da maneira deles.
Até os considerados grandes homens de DEUS também foram muito afetados por um modelo de casamento que fora desconfigurado pelo diabo: Abraão casou-se com Sara, sua irmã, que também passou a ser a sua esposa. Esse casamento sofreu uma interferência pecaminosa de uma terceira pessoa, que se deitou com o patriarca.
O casamento de Moisés, aquele que falava face a face com DEUS, com Zípora fora interrompido pela intromissão do pai dela. Adiante, e ainda casado, Moisés teve relação sexual com uma outra mulher. Davi tivera um casamento inicial com Mical arrumado pelas mãos do pai dela, um rei perverso aos olhos de DEUS, cujo Espírito do SENHOR já havia se afastado dele.
Casado, o homem que tivera um coração segundo o coração de DEUS ordenou que uma mulher casada tivesse relação adúltera com ele. Os israelitas, quando voltaram do cativeiro babilônico, a primeira atitude que tiveram foi abandonar as suas esposas lícitas para se juntarem com mulheres estrangeiras, o que despertou a ira do SENHOR contra eles.
Com o advento do CRISTO à terra, o casamento passou a ser reavaliado, reconsiderado, por JESUS e os apóstolos. JESUS trouxe a memória dos fariseus e escribas o modelo de casamento criado por DEUS e que este só poderia ser desfeito na morte: “E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? ASSIM NÃO SÃO MAIS DOIS, MAS UMA SÓ CARNE. PORTANTO, O QUE DEUS AJUNTOU NÃO SEPARE O HOMEM” (Mateus 19:5-6); assim como o ensinamento que todo aquele, após uma separação, que se casa novamente comete adultério (Lucas 16:18; Romanos 7:2-3).
Aliás, JESUS disse que bastaria ao homem casado cobiçar outra mulher que, no coração, já se tornaria adúltero (Mateus 5:28). Ao final do debate com os fariseus, era óbvio que os discípulos do SENHOR, conhecedores da responsabilidade e importância do casamento, chegassem à conclusão de que não deveriam se casar (Mateus 19:10).
O apóstolo Paulo foi muito zeloso com a condição espiritual das pessoas solteiras no meio da igreja, exortando-as, inclusive, a não se casarem (salvo para fugirem da prostituição) (1 Coríntios 7:1-2 e 8 e 9). Eu diria também que ele fora o maior conselheiro e doutrinador dos primeiros irmãos. Aos solteiros e aos viúvos, aconselhou que permanecessem assim, sozinhos, sem casamento (1 Coríntios 7:8).
Aos casados, pediu que não se separassem e que, se isso ocorresse, procurassem uma reconciliação (1 Coríntios 7:10-11). Aos cristãos que estivessem sendo ameaçados de separação pelos cônjuges ímpios, que aceitassem a separação (sem, no entanto, incentivá-los a um novo casamento) (1 Coríntios 7:15). A maior preocupação dele era com o estado espiritual dos irmãos, com a salvação de todos eles.
O casamento, no tempo do apóstolo, já estava muito conturbado, diferente e distante daquilo que DEUS sonhou para os Seus filhos. Paulo sabia que um mau casamento poderia naufragar as esperanças de um cristão caminhar para o Céu, em busca da salvação espiritual.
O inverso disso também seria a expressão da verdade: um bom casamento seria para louvor e graça ao Santo Nome do SENHOR e para a salvação do casal (Paulo chegou ao ponto de afirmar à igreja em Éfeso que maridos santos apresentariam as suas esposas santas a JESUS no Grande Dia – Efésios 5:25-28, com destaque para o versículo 27).
Do quinto século para os dias atuais, o casamento sofreu uma ação devastadora do diabo e uma deformação preocupante. O zelo de JESUS e dos apóstolos (até os Pais da Igreja) fora completamente deixado para trás; o casamento deixou de ser uma ALIANÇA DE SANGUE para se tornar um contrato entre um homem e uma mulher. Alianças somente são desfeitas pela morte de um dos cônjuges; contratos são desfeitos por divórcios.
Enquanto a doutrina bíblica da dissolubilidade do casamento apenas na morte era propagada entre as famílias e valorizada como elemento crucial na educação dos filhos, o casamento se manteve de pé, mesmo entre aqueles que ainda não haviam nascidos de novo.
Daí, a geração dos nossos avós e bisavós registrar casamentos que duraram 60, 70 e até 80 anos. Com o advento das ideias heréticas de Erasmo de Roterdã sobre casamento no século XVI e a assimilação dessas ideias por parte dos Reformadores Protestantes, a natureza original, divina, do casamento naufragou totalmente.
O que se vê hoje nos casamentos é apenas uma supervalorização da formalidade em detrimento da essência dele em si. A forma é supervalorizada (a celebração no templo, o vestido de noiva, a festa, os convidados); e a essência (doutrina, deveres), esquecida. Justifica-se essa verdade pelo grande anseio das pessoas pelo casamento formal, incentivadas pelas lideranças religiosas, como também o aumento preocupante do número de separações, divórcios e novos casamentos no mundo. Só nos anos 90, nos Estados Unidos, quase 3 mil crianças nasceram diariamente em lares de pais separados.
Nos dias atuais e nas gerações futuras, todos os ímpios ou religiosos, que se derem em casamento, terão que lidar também com a altíssima probabilidade da separação e do divórcio entre eles. As pessoas, no geral, ainda se dão em casamento ou por paixão, ou por amor-sentimento, ou por empolgação, ou porque entendem que chegou a hora de deixarem a vida de solteiros (quase nunca alicerçadas na Palavra e com o ensino sobre casamento projetados em seu coração).
E quando se casam, geralmente, estão com a mente corrompida e o copo contaminado pelo pecado da prostituição. Outro erro: muitas pessoas entendem, erroneamente, que o templo o qual frequentam é a casa de DEUS e que o novo nascimento, a conversão se dá quando “aceitam JESUS” e passam a fazer parte de um sistema religioso denominacional.
Os números de separação e do divórcio no meio daquela que chamam de igreja de CRISTO estão equiparados aos números mundanos. As traições conjugais masculinas e femininas e a insubmissão das esposas atestam esses altos índices entre os que se dizem cristãos.
Novo nascimento, diferentemente do que ensinam nos templos, é uma radical mudança no caráter de um homem e de uma mulher realizada pelo Espírito Santo e por meio do arrependimento profundo deles. O nascido de novo é aquele que busca conhecer a doutrina de CRISTO e produz frutos de Justiça e de santidade a partir desse conhecimento.
JESUS nunca vinculou a experiência espiritual do homem com DEUS a nenhum sistema religioso denominacional. Por isso, muitas são as pessoas que se rotulam cristãs hoje em dia, sem nunca terem nascido verdadeiramente de novo. E isso interfere diretamente na qualidade dos casamentos cristãos que se vê atualmente. Muitos são piores que os das pessoas taxadas como mundanas.
Depois de terem o casamento destruído, cabem as pessoas genuinamente cristãs, nascidas de novo, desejarem a restauração de suas famílias, com a orientação, na Palavra, por meio de um pastor capacitado pelo SENHOR. Mas o casamento só será agradável a DEUS, quando, tanto a esposa como o marido, tiverem sido transformados no deserto que atravessaram separados. Não adianta uma nova oportunidade para a convivência conjugal sem ter havido essa transformação e ambos forem fiéis a DEUS de verdade (não a um templo denominacional nem a um sistema religioso, mas a DEUS).
Como disse bem no princípio deste texto, há deveres para maridos e esposas estabelecidos pelo SENHOR. Sem a presença do Espírito Santo, qualquer tentativa de cumprimento desses deveres vai se transformar em um fardo pesadíssimo tanto para o homem como para a mulher. Daí, o Espírito Santo ser a presença mais importante no perfeito andamento do casamento.
Daí também agora compreendermos porque DEUS criou o casamento exclusivamente para os fiéis, para a igreja, para a realidade espiritual e humana daqueles que O amam de verdade e procuram guardar os Seus Mandamentos. Enquanto os ímpios se derem em casamento, mais o quadro do matrimônio será triste de se ver.
Que o SENHOR DEUS, antes de testemunhar casamentos e antes de restaurar famílias, esteja convertendo vidas para louvor exclusivo do Seu Santo Nome!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”; “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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