“O amor nunca acaba (…)” (1 Coríntios 13:8)
De repente a esposa chega para o marido e afirma: “meu amor por você acabou!” Uma notória frustração logo toma conta do companheiro, misto de desesperança e ilusão. Como lidar com tão grande terrível situação? Como compreender essa aparente contradição do “término do amor” se a Bíblia nos ensina que o amor nunca acaba?
Primeiro é preciso apresentar três significados diferentes relacionados à palavra amor presentes na Sagrada Escritura. O amor, no grego, pode ser “Adelphós”, “Eros” e “Ágape”. O primeiro se refere a um sentimento entre irmãos; não tão perfeito, pois leva em conta as falhas e as limitações do outro, mas completamente isento do desejo sexual. O segundo é um sentimento puramente carnal, libido; desejo que aflora a partir de um contato mais íntimo e que também não está isento das observações às falhas e limitações do companheiro. O terceiro significado é o mais amplo e mais perfeito porque é incondicional. Esse Amor não considera nenhuma circunstância, característica física, tendência religiosa, grau de aproximação ou afinidade. Ama-se sem qualquer interesse ou tempo. A esse tipo atribui-se o termo comportamento, pois é verificado nas atitudes, naquilo que se faz em benefício do outro, ainda que quem o exerceu não seja merecedor ou diretamente beneficiado por essa ação. É o caso do Amor de DEUS pela humanidade: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus (…)” (Efésios 2:4-6).
DEUS nos ensina que o Amor Ágape deve preencher e nortear todas as nossas atitudes no mundo; e não apenas quando estamos em comunhão nos templos, na hora do culto, quando andamos em caminho de concordância com o nosso amigo, quando recebemos algum elogio ou, repito, algum benefício. Somente esse Amor é capaz de livrar a humanidade do terrível mal que a leva ao caminho da destruição (entre nações, pessoas e a natureza exterior). Precisamos ver o outro (nos despir de qualquer raciocínio ou justificativa) igual a nós, para amá-lo. Outro detalhe interessante: a exclusiva prática das boas obras realizadas pelos homens (caridade, solidariedade, justiça social), por esforço próprio, é um exemplo do amor adelphós (amor entre irmãos – pessoas que reconhecem a necessidade de zelo e preservação de umas pelas outras), e não de amor Ágape. A plenitude do Amor de DEUS na vida dos homens se realiza quando eles reconhecem que a sua capacidade de amar é limitada; anula o seu “eu”, e acrescenta, pela Fé, esse ingrediente do Amor indispensável ao seu viver. É o Pilar principal do conjunto de ensinamentos deixados por JESUS CRISTO e por todos os apóstolos à humanidade: arrependam-se e se convertam para serem dignos de receber o Verdadeiro Amor (veja Mateus 3:2; Mateus 4:17; Marcos 1:15; Atos 2:38; Atos 3:19). Não sei se consegui ser claro, mas o amor adelphós e eros são expressões primordialmente da natureza humana e estão, numa escala hierárquica, um degrau logo abaixo do Amor Ágape (por isso são limitadas – admitindo, porém, que também são importantes). O Amor Ágape é aquele tipo de amor que o homem só compreende e o utiliza em sua vida quando permite que DEUS o entregue através de um novo nascimento (ação exclusiva do Espírito Santo). É muito comum vermos ações do amor adelphós e do amor eros sem a proteção do Amor Ágape. Esses dois primeiros tipos de amor, por mais eficientes e produtivos que pareçam, sozinhos não levam ninguém ao Reino de DEUS. Vou escrever agora um exemplo bem simples: um bandido entrou em uma residência e assassinou toda a família. Só uma pessoa restou com vida. Depois de um tempo, essa pessoa encontra casualmente o homicida na rua. Que reações mais comuns poderiam se manifestar nesse momento? 1) desejaria fazer justiça com as próprias mãos; 2) chamaria imediatamente a Polícia para prendê-lo; 3) defenderia a pena de morte para o assassino; 4) desculparia, mas queria vê-lo apodrecer na prisão; 5) liberaria perdão de todo o coração e profetizaria salvação. Está claro que o Amor Ágape só está contemplado na última alternativa, embora, alguém me justifique dizendo que, humanamente falando, esse exercício de Amor seja impossível de ser praticada. Lembra-se de JESUS? “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem (…)” (Lucas 23:34). Entenda: o Amor de DEUS é exatamente assim – INCONDICIONAL. A Palavra de DEUS adverte: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus (…)” (Mateus 5:44-45). E JESUS posteriormente indaga: “Se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os cobradores de impostos também o mesmo?” (vers. 46). Em João está escrito: “O meu mandamento é este: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (15:12). Quando certa vez um escriba perguntou a JESUS qual o maior dos mandamentos, recebeu por resposta: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. O segundo é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Marcos 12:30-31). Aprendeu?
Agora vamos voltar ao tema inicial, da esposa que alega que o seu “amor” pelo marido acabou. Muitas são as causas para um eventual fracasso num relacionamento entre maridos e esposas. A maior de todas, no meu ponto de vista, é o desconhecimento das responsabilidades que os cônjuges devem ter no matrimônio. Mas nada, absolutamente nada, justifica uma suposta “perda do amor”, se este estiver revestido do Amor de DEUS. Por outro lado, se o amor for essencialmente humano, carnal (eros) ou exclusivamente fraternal (adelphós), é natural e altamente provável que, com o passar do tempo, a chama do relacionamento se apague; porque não foi exercida na plenitude perfeita do amor Ágape. Não sejais como muitos casais mundanos, que após saciarem sua sede numa fonte de água, logo vão ao encontro de outros ribeiros, desprezando o primeiro. Compreende agora porque o número de divórcios cresce vertiginosamente a cada dia? Por que falta a presença do Amor Ágape na vida do marido e da mulher. Muitos também desejam casar-se, mas sem compreender os caminhos e descaminhos que o dia a dia pode proporcionar, imediatamente desaparecerão com seus sonhos. A Bíblia adverte: “(…) Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6). Até o divórcio, instituído por Moisés pela dureza dos corações humanos em caso de adultério, fora abominado por DEUS: “Eu detesto o divórcio, diz o Senhor DEUS de Israel, e aquele que cobre de violência as suas vestes. Portanto cuidai de vós mesmos, e não sejais desleais” (Malaquias 2:16).
Tanto o homem como a mulher, que decidiram um dia ser uma só carne e construir juntos uma história de vida, devem fazer uma sondagem de como anda a temperatura do amor no casamento, deixando para trás as falhas e os fracassos (sem querer descobrir os culpados), começar uma história nova e dar-lhes as mãos para uma Aliança renovada. Envergonhar satanás e os maus procedimentos, proclamando um ao outro, com fé, repetidas vezes se possível: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se alimenta entre os lírios” (Cantares 6:3); “Eu sou do meu amado, e ele me tem afeição” (Cantares 7:10). Saiba, marido, que você é o homem mais rico do mundo porque tem uma mulher cujo valor excede de muito o de rubis. Nenhuma outra mulher é constituída de grande valor. Saiba, esposa, que você foi separada para ser a coroa do seu marido, e por isso é cheia de graça e de virtudes. E juntos, se se purificarem a mente e passarem a seguir os conselhos de DEUS, verão que “as muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-los. Ainda que alguém desse todos os bens da sua casa por este amor, seria de todo desprezado” (Cantares 8:7) (grifo nosso). Amém, Senhor JESUS!!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça” e “Antes que a Luz do Sol escureça”. Também é líder do Ministério Interdenominacional Recuperando Famílias para Cristo.
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