“Se o casamento com divorciado é pecado, por que muitas igrejas aceitam?”, essa é a pergunta que dá título a uma pequena reflexão publicada pelo religioso Dennis Allan. Ele enumera 10 argumentos, os quais considera satisfatórios e suficientes para responder a pergunta acima.
A meu ver, a formulação do título não está de acordo com o pensamento neotestamentário. O mais correto seria “Se o recasamento de pessoa divorciada é pecado, por que muitas denominações protestantes aceitam?”.
Primeiramente, precisamos conceituar o que seria IGREJA. Segundo o Novo Testamento, IGREJA é toda pessoa renascida pelo Espírito Santo, O qual passa a fazer morada dentro dela; que persevera à luz da sã doutrina e observa todos os mandamentos de DEUS. Ser igreja é sinônimo de ser filho de DEUS. O termo IGREJA jamais pode ser relacionado com religião alguma nem com suas subdivisões denominacionais.
Há uma profunda diferença entre IR A UM TEMPLO RELIGIOSO PROTESTANTE E SER IGREJA DO SENHOR JESUS. A Bíblia é clara quando diz que “Deus não habita em templos erguidos por homens” (Atos 7:48 e 17:24) e que JESUS “não entrou em santuário feito por mãos humanas” (Hebreus 9:24).
Entendo que a verdadeira igreja precisa de um local para congregar, mas que seja muito distante de um templo físico religioso, pois a origem deste é abominável. Assim como a igreja primitiva, ela deve se reunir nas casas.
Essa informação passa a ser importante porque as denominações protestantes, embora se utilizem da Bíblia Sagrada e professem o nome do SENHOR JESUS, possuem os seus próprios estatutos pensados e delegados segundo a interpretação dos seus líderes e que nem sempre correspondem à realidade bíblica.
Daí a justificativa de muitas heresias se espalharem no meio delas. Certo tempo fui convidado a ministrar sobre o tema casamento, à luz da Palavra de DEUS, na denominação Wesleyana, em uma capital brasileira.
Ao final, o pastor-presidente cochichou em meus ouvidos que eu não poderia defender, no púlpito deles, a dissolubilidade do casamento apenas na morte porque isso ia de encontro ao estatuto da denominação, que ali havia muitos divorciados e recasados, que eram grandes dizimistas e que ajudavam ao pagamento do aluguel mensal de 4 mil Reais.
Por mais absurdo que pareça, mas essa é a preocupação comum de quase todos os pastores de templos. E, observem que estou me referindo a uma denominação centenária, histórica.
Uma vez perguntei: “Qual a diferença da religião católica romana e de uma denominação protestante?”. Respondo: muito pouca. A presença das imagens de escultura, o tipo de batismo, a reza para “santos” e alguns outros pontos, bem de perto passam pelo alto índice de pessoas, que se dizem filhas de DEUS, e que estão na prática do adultério, da mentira, da fornicação, presas às conversas tolas e chocarrices, tudo muito comum dentro dos templos protestantes.
E se DEUS não se preocupa tanto com o exterior como se preocupa com o interior da pessoa, a situação dos protestantes se complica muito mais. O apóstolo Paulo advertiu: “Nem idólatras nem adúlteros herdarão o Reino de DEUS” (1 Coríntios 6:9-10).
A outra questão equivocada do título dá-se com a expressão “casamento com divorciado”. Ora, para DEUS, um divorciado já é casado, pois a esposa dele está viva. Sendo assim, seria impossível se casar ou se casar de novo. As leis civis dos países não podem servir de parâmetro, especialmente se tratando desse tema, para a vida de nenhum cristão. Se a lei de determinado país diz que um divorciado pode se casar de novo, tal pensamento não pode ser expresso nem admitido pela IGREJA.
O mundo diz que pode; mas o SENHOR, Criador de tudo, diz que NÃO. Paulo escreveu, aconselhando aos casados, que se houver alguma separação que fiquem sem casar (novamente) (1 Coríntios 7:10-11). Por qual razão essa advertência “redundante”? Por que ele inicia o versículo dizendo “Todavia aos casados”. Ora, se são casados naturalmente não podem se casar outra vez.
E o que o SENHOR considera casamento? Toda e qualquer pessoa que deixou a casa do pai e da mãe (portanto eram solteiríssimos) e se uniu sexualmente a outra de sexo diferente, através de uma confissão mútua e com o testemunho de alguma autoridade. No princípio, no Éden, claro que não havia cartórios nem autoridade religiosa para testemunhar essa união.
Mas vamos à pergunta-título do artigo em questão: “Se o recasamento de pessoa divorciada é pecado, por que muitas denominações protestantes aceitam?”. Primeiramente porque cada denominação religiosa é regida por um estatuto próprio, embasado pela filosofia de algum líder e pelos seus vis interesses.
Daí cada uma estabelecer a sua forma própria de comportamento e de doutrina. Isso prova que ser seguidor da religião protestante não significa ser nascido de novo pelo Espírito de DEUS. Nem do protestantismo nem de alguma outra religião. A única religião que devemos ter é JESUS CRISTO, pois, pela acepção do termo, RELIGIÃO SIGNIFICA LIGAR ALGO QUE UM DIA FORA DESLIGADO. E esse novo ligamento só é possível através de JESUS CRISTO.
Um ponto do texto, o qual considerei herético, foi o que afirma que “cada congregação deve ser independente”. Nesse mesmo tópico, o autor afirma que JESUS “não autorizou nenhum tipo de governo centralizado para forçar a uniformidade de fé e prática”.
Para mim tais expressões representam heresia à sã doutrina. O Novo Testamento, em muitas passagens (especialmente nas Cartas de Paulo dirigidas às igrejas) exorta os cristãos a terem, sim, uma unidade doutrinária (o que não ocorre, repito, nas denominações religiosas). Em determinado momento o rigor em relação a essa unidade chega ao ápice quando Paulo escreve: “digais todos uma mesma coisa” (1 Coríntios 1:10).
Embora cada igreja primitiva, estabelecida em um lugar diferente, tivesse problemas comportamentais distintos, não significa que elas não tenham recebido a mesma doutrina nem que tais comportamentos tenham agradado a DEUS.
Paulo escreveu a mesma doutrina para todas as igrejas. Se os irmãos daquela época viveram-na, parcial ou totalmente, caberá a DEUS julgar cada um no Dia do Juízo, segundo o que fizeram ou que deixaram de fazer (pois a Graça não nos isenta de nossas responsabilidades humanas, especialmente na busca pela santidade). De todas as igrejas do Apocalipse citadas, apenas uma recebera aprovação total do Nosso SENHOR JESUS: a de Filadélfia; inclusive, sendo a única a receber uma declaração de amor do PAI.
A meu ver, e creio que tenho o Espírito do Senhor, no Reino Celestial há o Governo centralizador para toda a igreja. Não devemos viver de qualquer jeito aqui na terra. Os olhos do SENHOR estão sobre nossa vida e ELE há de julgar cada atitude e cada pensamento.
Por fim, tanto em Mateus 5:32 como em 19:9 não há autorização da parte de DEUS para um divorciado se casar de novo. O termo, ali traduzido na suposta cláusula de exceção presente, é FORNICAÇÃO e que em nenhum momento pode ser entendido e traduzido por adultério, visto que na mesma passagem há uma palavra grega específica para esse outro tipo de pecado.
Prefiro crer e defender que só a morte desfaz o primeiro casamento de um casal, como está em Romanos 7:2-3; 1 Coríntios 7:39.
Quando as pessoas verdadeiramente nascerem de novo, aprenderem a ser igreja, a negar-se a si mesmas, a tomarem a cruz e a seguirem a CRISTO, elas compreenderão que nada é como elas um dia imaginavam e quão estreito e prazeroso é o Caminho que conduz ao Reino do PAI. A maior questão é se ainda haverá tempo para isso.
Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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