O cristão não é anjo. Ainda não se desnaturalizou, nem perdeu a sua condição humana, carnal. O cristão tem a mesma estrutura humana que qualquer outra pessoa que ainda não seja cristã.
O cristão pode ficar doente, ser hospitalizado; sofrer qualquer tipo de acidente; ser vitimado por uma bala perdida. O cristão pode chorar, sofrer, sentir dor, ficar desempregado e até passar por grandes necessidades.
E embora a Bíblia afirme “não pequeis” (1 João 2:1), o autor do texto prossegue afirmando a possibilidade de pecarmos: “se alguém pecar, lembre-se que possui um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. O cristão pode e vai passar por qualquer dissabor na vida. Ele só não tem o direito de ser permanentemente triste.
É certo que a tristeza pode bater à porta do nosso coração a qualquer momento, mas isso não significa que sejamos pessoas tristes. Sobre a tristeza no coração do cristão, o apóstolo Paulo escreveu: “como entristecidos, porém sempre alegres” (2 Coríntios 6:10). Você pode se perguntar: como estar triste e ser sempre alegre?.
A tristeza pode ter duas origens no cristão: uma interna e outra externa. A interna, que parte dentro de nós, é de nossa responsabilidade e culpa; é quando pecamos e sabemos que desagradamos o Espírito Santo que habita em nós. Quem nunca se sentiu demasiadamente triste ao fazer algo que desagradou a DEUS? Essa é a tristeza que brota instantaneamente no coração do filho de DEUS.
A externa é quando somos injustiçados, não reconhecidos pelo Amor que sentimos; é o amar alguém e não ser amado por ele; é o sofrer por uma vida que não está nem aí para nós e, ainda, quando pode, acusa-nos, agride-nos; é olhar para um ente querido e vê-lo morrendo no pecado, sem CRISTO.
Mas Paulo também escreveu: “Por isso não desfalecemos. Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Pois a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2 Coríntios 4:16-17). Somos permanentemente alegres porque a alegria é resultado de quem possui o Espírito de DEUS.
A tristeza, na vida de um cristão, não pode ser permanente, mas passageira. Ela chega, mas não dura. O cristão, que se sente triste, ora, chora aos pés do SENHOR, louva, e logo a tristeza vai embora. Tristeza permanente é opressão maligna. Nada do que DEUS faça pela pessoa vai fazê-la reconhecer e se sentir alegre.
Por isso, há pessoas ricas, materialmente falando, impregnadas de luxo e de conforto, pessoas cheias de dinheiro e de muitas amizades, porém profundamente tristes e solitárias. Porque lhes falta a alegria que provém do Espírito de DEUS.
Nenhuma realidade, por mais dura que seja, pode tornar um cristão permanentemente triste. E o que seria isso? Trabalha o dia inteiro triste; chega a sua casa e se sente triste; vai para os cultos e logo um sentimento ruim se apresenta a ele. A tristeza é quase uma companhia dessa pessoa.
O verdadeiro cristão enfrenta os dissabores da vida glorificando e se enchendo de esperança a cada dia. O salmista escreveu: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30:5). Noite, nas Sagradas Escrituras, tem o sentido de trevas, de pecado, de injustiça.
O dia, a manhã, a luz, representam a presença de DEUS. A durabilidade de uma noite é curta se comparando com o restante do dia que apresenta luz. Se houver lágrimas, elas têm que ser mais curtas que a alegria.
Na vida do cristão, alegria quer dizer: “O SENHOR ME ABENÇOA E ESTÁ COMIGO”; e a tristeza significa: “O SENHOR É O MEU JUIZ; ELE PELEJERÁ POR MIM”. Ou seja, na alegria ou na tristeza, o SENHOR está sempre com ele.
A tristeza nunca pode culminar em murmuração de nossos lábios. Quem murmura é ingrato e não enxerga o que o SENHOR faz por sua vida. Ao invés de dizer “SE O SENHOR ESTÁ COMIGO, POR QUE PASSO POR ISSO?”, deveria afirmar: “APESAR DAS GRANDES LUTAS, SOU ALEGRE PORQUE TENHO JESUS”.
Qual o melhor opção? Sentir-se feliz no mundo, debaixo de muita prosperidade, mas sem CRISTO? Ou viver com JESUS em meio às lutas e às dificuldades?
O cristão é acordado pelo SENHOR todos os dias, contempla a luz do sol ou a chuva e agradece ao SENHOR por estar vivo. No transcorrer de todo o dia, ele vê as mãos do SENHOR sobre a vida dele, livrando-o e abençoando-o em todos os momentos.
Ao se deitar para dormir, agradece a DEUS por tudo o que ELE é e pelos benefícios concedidos. Quem sabe ser grato no pouco, na humildade e na simplicidade, recebe benefícios maiores do SENHOR.
Certa vez, ainda como professor secular, passei um breve tempo desempregado. Aproveitei esse tempo para ler a Palavra e louvar. Foi o tempo que o SENHOR me deu para eu me aproximar DELE. Nesse tempo, eu não tinha nem o que vestir direito; nem carro, nem sequer dinheiro para passagens de ônibus. Já adulto, mas na dependência financeira de parentes. Sem esperar, recebi uma proposta de trabalho de um amigo.
Era para ministrar aulas de Português em um cursinho recém-criado por ele. Mas as aulas seriam às noites e dentro de uma favela perigosíssima e o salário de apenas R$ 50 (cinquenta Reais) mensais. O único jeito era ir e voltar a pé. A primeira sensação que tive foi de agradecimento a DEUS por aquela oportunidade.
Eu havia aprendido com o irmão e apóstolo Paulo: “(…) Já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo, que me fortalece” (Filipenses 4:11-13).
Esse é o lema que carregarei em mim por toda a vida: definitivamente, aprendi a contentar-me com o que tenho. Ao receber o primeiro salário, levantei-o aos céus e agradeci a DEUS. Não tardou e eu fui chamado para trabalhar em duas grandes instituições de ensino com salário que ultrapassava os 4 mil Reais mensais. Minha mãe olhou para mim e disse, na época, que eu estava sendo abençoado por DEUS daquela forma porque fui grato no pouco.
No momento de grande aflição, de um espinho na carne e um mensageiro de satanás o esbofeteando a todo instante, Paulo escreveu: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” (2 Coríntios 12:10).
Sentir prazer nas necessidades é sentir a alegria do Espírito Santo na alma. Ser grato a DEUS em situações completamente adversas era algo natural na vida do apóstolo. Lembremo-nos de sua atitude narrada no livro de Atos, capítulo 16. Depois de ser torturado fisicamente, com o corpo banhado de sangue, preso, amarrado, a sua alma despertou para a adoração a DEUS.
Há pessoas que não falta o que comer, o que vestir, onde dormir, a passagem de ônibus, e mesmo assim vivem a reclamar. Há outras que, embora vivam uma vida de luxo, ainda sentem-se tristes e murmuram bastante contra o SENHOR.
Quando a reclamação não vem em palavras, ela vem em silêncio, no fundo da alma. DEUS a ouve do mesmo jeito. Tais pessoas nem mereciam estar vivas, mas, ainda assim, sentem-se no direito de reclamar. Meu DEUS, como o ser humano é ingrato contigo!
A palavra REGOZIJO é uma mistura de alegria com gratidão. Paulo exortou aos nossos irmãos em Filipo que eles permanecessem firmes no SENHOR, mas que essa firmeza só poderia existir através de um coração alegre e grato: “Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no SENHOR, amados. (…) Regozijai-vos sempre no SENHOR; outra vez digo, regozijai-vos” (Filipenses 4: 1 e 4).
Paulo está ensinando que, independentemente do que estejam atravessando, sejam alegres e gratos, porque esse regozijo se transformará em força do SENHOR para que vocês superem qualquer adversidade e alcancem as promessas de DEUS.
Estamos vivos e recebemos a promessa de salvação eterna. Essa é a graça de DEUS que nos é suficiente. Obrigado, DEUS, por tua presença em minha vida, por todos os benefícios que o SENHOR tem me contemplado todos os dias:
“Que darei eu ao SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?” (Salmo 116:12); “Nós nos alegraremos pela tua salvação, e em nome do nosso Deus arvoraremos pendões; cumpra o SENHOR todas as tuas petições. Agora sei que o SENHOR salva o seu ungido; Ele o ouvirá desde o seu santo céu, com a força salvadora da sua mão direita. Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus” (Salmo 20:5-7); “(…) a alegria do SENHOR é a nossa força” (Neemias 8:10).
Que o nosso coração seja cheio de alegria e gratidão ao SENHOR!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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