Existe uma grande diferença entre aquele que diz as coisas carinhosamente, com a finalidade de massagear o EGO do ouvinte, da pessoa que fala a Verdade de maneira seca, direta, objetiva, independentemente se o outro irá gostar ou não. Eu prefiro a segunda maneira.
Exemplos: JESUS chamou os fariseus de “raça de víbora” (Mateus 12:34), “sepulcros caiados” (Mateus 23:27) sem ser estúpido e sem negar a Verdade. O apóstolo Paulo chamou alguns irmãos em Corinto de carnais (1 Coríntios 3:1), contenciosos (1 Coríntios 3:3), sem expor ira ou coisa parecida.
Nem toda exortação e correção significam falta de amor e de misericórdia. Como nem toda palavra carinhosa vai nos conduzir à verdade e às mudanças necessárias.
É claro que há a forma como se diz algo faz uma enorme diferença. Não adianta ser verdadeiro sem externar o Amor e as misericórdias de DEUS na maneira de dizer. Como não adianta querer ser bonzinho, atrair a simpatia de uma multidão, escondendo dela ensinamentos verdadeiros e profundos.
Os mais inexperientes espiritualmente se doem profundamente quando recebem uma palavra dura, de exortação e de disciplina. O autor aos Hebreus chama a esse tipo de pessoas de meninos: “Porque devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido alimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra de justiça, porque é menino” (Hebreus 5:12-13).
Paulo se dirigiu a alguns irmãos da igreja em Corinto da seguinte maneira: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com alimento sólido, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis” (1 Coríntios 3:1-2).
Até se chateiam e terminam indo por um caminho que lhes apraz. Os maduros já preferem o caldo de mocotó ao invés da papa de aveia, o concreto sobre suas almas ao invés de melzinho na chupeta. Estes sabem que a Palavra tem que confrontar, cortar o coração, rasgar a alma ao meio, até que eles se tornam melhores aos olhos de DEUS.
O menino, espiritualmente falando, não gosta de ser corrigido, exortado, advertido, disciplinado. Quando tiram a chupeta de sua boca, ele derrama um mar de lágrimas. Não suporta a sã doutrina, pois ela causa incômodo aos seus ouvidos.
Ele prefere aqueles cultos em que a palavra é de bênção material, familiar; de cura, de prosperidade, uma verdadeira massagem no EGO. Ele sai do templo cantando que a vitória dele “tem sabor de mel”.
A verdade é que o povo, que se diz de DEUS, foi muito mal ensinado e acostumado pelas religiões: quer ser eternamente mimado, como uma criança que nunca cortou o cordão umbilical da mãe. Esse povo anda em um deserto espiritual terrível e ainda chora por chupeta e por mamadeira.
Não sentiram a temperatura alta do lugar nem os espinhos que castigam seus pés. Daí, sentam como crianças mamadas no “bebê conforto” e começam a expressar todo tipo de choro:
“Foi por não haver sepulcros no Egito que nos tiraste de lá para que morramos neste deserto?” (Êxodo 14:11); “Quer havemos de beber?” (Êxodo 15:24); “Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão a fartar! Tu nos trouxestes a este deserto para matardes de fome a toda esta multidão” (Êxodo 16:3). Certa vez, Moisés, exausto de tanta imaturidade espiritual daquela gente, perguntou a DEUS: “Que farei a este povo? Daqui a pouco me apedrejarão” (Êxodo 17:4).
O povo não compreendia os propósitos de DEUS em levá-lo por aquele deserto. E o pior: saiu fisicamente do Egito, mas o Egito não saíra dos seus corações. Eram pessoas como crianças mamadas, como diria no Nordeste: “paparicadas” em todo tempo.
Parece que não perceberam que já deixaram a casa dos pais há tempo; que cresceram, casaram-se e até que já foram repudiadas pelos cônjuges. Foram levadas a um deserto, mas o amadurecimento espiritual nunca alcançou as suas vidas.
Recordo-me que acompanhei, durante um bom tempo, uma mulher repudiada pelo seu marido. Sabia de forma decorada os hinos da Harpa Cristã, deliciava-se quando a pregação era exortativa. Eu ensinava princípios bíblicos de submissão e obediência, posicionamento correto, mas ela nunca aprendia.
Fazia diferente do que eu ensinava. E, assim, era permanentemente corrigida, admoestada. Chegou um tempo em que cansou. Nosso diálogo já estava deveras comprometido. Transbordou o saco de mim, foi embora e hoje deve estar frequentando algum templo religioso.
Retrocedeu na fé e na caminhada rumo à Terra Prometida. Um dia, certamente, se arrependerá dos bons tempos em que era corrigida, disciplinada, do pastor que cuidava dela e da família 24 horas por dia.
Crianças mamadas não curtem nada pais duros, rigorosos. Tenho um parente que, na época em que os pais eram vivos, recebia todo tipo de mimo. Só depois que os pais morreram que ela veio conhecer o lado duro da vida. Foi morar com uma sogra super dura e rigorosa.
Vez por outra, viviam intrigadas por discordarem uma da outra. E não adiantava mais espernear pedindo a presença dos pais. Eles não voltarão mais. Ou amadurece com as circunstâncias cortantes para a vida, ou eternamente vai viver como aquele povo na época de Moisés no deserto: murmurando para a morte.
Paulo escreveu: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Coríntios 13:11).
Quem quiser o Reino, terá que deixar as coisas de menino para trás, sem, no entanto, deixar de ter um coração convertido como criança: sincero, puro, sem malícia. Não se pode é ser adulto com um comportamento de menino (imaturo espiritualmente), fugindo das regras de conduta cristã, da exortação e da correção.
No Novo Testamento está escrito: “Já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do SENHOR, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o SENHOR corrige o que ama; e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois bastardos, e não filhos” (Hebreus 12:5-8).
Quantos, hoje em dia, fogem do relacionamento com a autoridade para que a correção e a disciplina não os alcancem? Preferem se esconder em algum lugar do templo e, dali, correrem para casa.
O tempo das chupetas e mamadeiras já passou, ficou para trás. Hoje temos responsabilidade com a salvação do nosso espírito assim como a salvação da nossa família. Precisamos ter o prazer pelo crescimento espiritual, amadurecimento, para sabermos enfrentar de pé os obstáculos da vida e, assim, obtermos a vitória final.
Eu só me tornei homem e pastor, quando, depois de ter feito muito mal as pessoas que estavam ao meu redor, conheci os lados mais obscuros da vida; e o SENHOR me fez passar por tudo, mas me resgatou com mãos poderosas e me preparou para conduzir um povo para o Seu Reino… . E, por isso, hoje O agradeço por tudo o que passei…
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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