A tal modernidade acabou de fundar a “Igreja Virtual do Nosso SENHOR JESUS CRISTO” (Igreja Virtual do NSJC). O endereço dela é universal: Facebooks, grupos de WhatsApp, Instagram e outras redes sociais que ainda desconheço.
Só nos primeiros anos de vida, atraiu milhares (ou quem sabe bilhares) de fiéis seguidores. Tem uma aparência esplendorosa, apesar de não ter templo físico, de concreto. O seu templo, como o próprio nome diz, é virtual, onde cada um o molda a seu jeito.
Também não há padres nem pastores cantando, pregando, preparando o povo para o fatídico momento da cobrança dos dízimos e das ofertas, com um discurso e um fundo musical, que fazem até defunto se emocionar. A ajuda ao necessitado vem somente através de imagens postadas nas páginas ou grupos.
A maior expressão de amor também é publicar imagens lindas de amor, com versículos que falam de amor. É tanto amor de um verdadeiro AMOR tão distante…
Quando, de repente, aparece um padre ou um pastor pregando, é em uma das ministrações que foram gravadas pelos pobres remanescentes frequentadores de templos, que ainda guardam no coração a esperança de verem os “cristãos virtuais” de volta aos lugares deles.
Ou, aqueles pregadores que aparecem repentinamente diante das câmeras, ao vivo, vestidos elegantemente e com um perfume que só eles conseguem sentir.
Na Igreja Virtual do NSJC ninguém se abraça calorosamente, ninguém se cumprimenta com ósculo santo, ninguém visita as portas, nem as dores, nem os sofrimentos do outro. Não há o colo quente, nem a divisão do pão, das propriedades; muito menos o momento de oração diária onde todos se abraçam.
São pessoas que se encontram todos os dias sem se veem. Comunicam-se sem o exercício oral da língua. Tudo é feito por imagens, códigos, mensagens decifradas, digitadas e imagens previamente criadas sabe-se lá por quem.
Na Igreja Virtual do NSJC todos se cumprimentam com a frieza de um cadáver, apesar das flores coloridas que estampam as imagens de bom dia, boa tarde e boa noite.
Os irmãos na fé mal sabem o endereço exato dos outros. E a Paz de CRISTO muitas vezes é ofuscada por publicações desenfreadas de rostinhos bonitinhos, seios, bumbuns, músculos, corpos quase perfeitos a espera de elogios para massagear o EGO e, quem sabe, diminuir as dores de uma realidade tão difícil de suportar.
O envolvimento com essa “igreja” é tanta que muitas vezes se esquece de preparar a comida dos filhos, a arrumação da casa e tirar a poeira da Bíblia de papel, aberta incansavelmente no Salmo 23 sobre a cabeceira.
Na Igreja Virtual do NSJC, aos olhos de cada um, todos são santos, puros, anjos, e quase perto do céu. Padre e pastor não pecam porque se apresentam com suas imagens digitadas de verdadeiros super-heróis. Ninguém nunca sentiu desejo sexual avassalador pelo seu semelhante; nem mentiu, nem traiu; muito menos pensou algo impróprio sobre ele.
E, se isso ou qualquer outro tipo de pecado tivesse ocorrido e sido descoberto pelos irmãos virtuais, logo o pecador seria vituperado, escarnecido, maltratado, motivo de zombaria, fofocas, apedrejado, deletado, excluído e coisa parecida. Basta uma teclada e está resolvido o problema desse “irmão”.
Porque a Igreja Virtual de NSJC quando quer, é Graça de DEUS, mas também quando quer, vive na lei, no “olho por olho, dente por dente”. Nesse aspecto ela é igualzinha à igreja-templo físico. Tudo vai depender de como está a temperatura do coração e do computador.
Por ser perfeita aos seus próprios olhos, ninguém vê os defeitos dela, assim como não pode desfrutar do momento único e ímpar de cair e poder se levantar com o semelhante (momento este que só o verdadeiro relacionamento produz); de contemplar as lágrimas de arrependimento no rosto daquele a quem se chama de irmão; de amadurecer como pessoa e espiritualmente.
Na Igreja Virtual do NSJC ninguém se relaciona verdadeiramente (como cabe a quem é irmão na fé de verdade). E nisto, ela e a igreja-templo físico são iguais: guardam a marca da frieza e do distanciamento (Porque se ver e se abraçar uma, duas ou três vezes na semana não é se relacionar como DEUS quer).
E se DEUS não habita em templos reais, físicos, de concreto, feitos por mãos de homens, como disseram os escritores bíblicos (Atos 7:48 e 17:24), quanto mais em templos virtuais….
A Igreja de Nosso SENHOR JESUS CRISTO precisa muito mais de abraços físicos uma ou duas vezes por semana. Ela precisa de abraços diários na alma, de lágrimas que escorrem em um rosto e vão se alojar no coração alheio.
Essa Igreja não precisa de debates doutrinários, recheados de filosofias e teologias, que em nada acrescentam. Ela só precisa do Espírito Santo de DEUS, que vai ajudá-la a discernir o que é do Céu e o que não é.
A Igreja Virtual de NSJC usa tanto o Nome de DEUS que, se isso fosse verdade em suas vidas, estariam todos já no Céu.
Se pararmos para analisar friamente, a Igreja Virtual do NSJC é a maior destruidora da verdadeira IGREJA, porque rouba o tempo desta de estar em comunhão diária com o Seu Salvador e os seus irmãos.
Ah, como sinto inveja dos irmãos da igreja de Atos, e dos demais residentes em Roma, Corinto, Galácia, Éfeso, Filipo, Colosso e Tessalônica, quando leio sobre eles no Novo Testamento! A completa falta do virtualismo tecnológico e dos templos físicos os tornavam irmãos na essência e na acepção da palavra.
E mesmo com os seus defeitos, rugas e descontentamentos, nenhum desistia do outro e se aprendia a amar na pureza e na simplicidade de como JESUS os ensinara.
Que o SENHOR DEUS tenha misericórdia de mim e me ajude a caminhar para o Reino de Sua Glória!
No AMOR DE DEUS,
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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