Esse fora o primeiro conselho profissional que recebi do meu primeiro patrão. Transcorria o ano de 1994. José Moura Barbosa. Esse era o seu nome. Um homem sábio, empresário bem-sucedido na área de educação, que ajudou muita gente, enquanto vida teve.
Já se passaram muitos anos, mas essa sua frase, até hoje, incomoda a minha mente. E, se refletirmos, com bastante cuidado, veremos que é bíblica.
Quem foi chamado e resgatado por DEUS para ser cristão, ou seja, andar na contramão do mundo e das filosofias comuns, passa por muitas provas, lutas e perseguições. O apóstolo Paulo, talvez, seja o maior exemplo que a Bíblia nos ofereça, depois do Nosso SENHOR e SALVADOR JESUS CRISTO.
Gostaria de enfatizar uma área específica dessas perseguições: a área profissional e compará-la com uma situação familiar específica.
A relação patrão e empregado nem sempre é recheada de comunhão e de paz; especialmente quando ambos têm situação espiritual bem distinta: o primeiro é ímpio (ou religioso) e o segundo, cristão verdadeiro. Costumo dizer que essa relação é igual à relação entre esposas e maridos de jugo desigual. Muitas vezes a esposa cristã não dá motivo algum para a estupidez do seu companheiro. Mas ele vê defeito em tudo. Nada do que ela faz o agrada. Isso começa a trazer grandes perturbações no seu dia-a-dia. Ela tenta, a todo custo, encontrar saídas, orientações e procedimentos que venham a agradá-lo. Em vão. Ele continua irredutível na visão e nos conceitos que nutre de sua companheira. A esposa não imagina, mas tudo o que está sucedendo dentro do casamento nada mais é que uma batalha espiritual, uma perseguição por parte dos nossos inimigos invisíveis.
O mesmo acontece no ambiente de trabalho. A funcionária cristã chega cedo, executa um trabalho com zelo e competência; não oferece motivos ao chefe, quase não falta, mas, mesmo assim, ele (ou ela) a critica, vê defeitos, humilha-a, forçando-a a perder a compostura, a classe.
É exatamente aí que entra o conselho do velho amigo. Manter a classe não significa apenas preservar a educação e a compostura, a elegância, a fineza, quando no momento de confraternização com amigos ou parentes. Isso nos parece muito fácil. Nosso desafio é manter a sobriedade, o equilíbrio, o bom testemunho cristão, frente a uma metralhadora descontrolada, agressiva e injusta. Certa vez fui duramente agredido por um marido ímpio, porque cuidava da família dele e a ensinava a não desistir do casamento. Ao final, a esposa olhou para mim e me perguntou: “Pastor Fernando, como o senhor conseguiu manter o silêncio, a cabeça baixa e o equilíbrio diante de uma situação adversa como essa?”. Disse para ela que a minha luta não era contra a carne nem contra o sangue e que eu não podia agir mais como o velho homem, de natureza humana rancorosa. Eu passara a andar com o Espírito de DEUS, então meus procedimentos teriam que ser bem diferentes. Você, caro leitor, acredita que aquele homem passou a ser leitor assíduo dos nossos sites? O SENHOR está trabalhando na vida dele.
Há pouco estava comentando com uma ovelhinha minha amada, que está atravessando uma realidade parecida na empresa em que ela trabalha, que fomos resgatados por DEUS para darmos um nó na cabeça dos nossos perseguidores. Desde que entendi isso e pus em prática, só tenho levado vantagens sobre os meus adversários espirituais.
Como dá um nó na cabeça do meu opositor? Vejamos. Quando alguém, sem motivo, acusa-nos, agride-nos, ofende-nos, tenta, de alguma maneira, nos atingir, essa pessoa espera uma reação similar de nossa parte. Ou não é assim? A tendência natural e humana entre duas pessoas de ânimo acirrado é que a munição disparada contra você volte imediatamente (e até mais poderosa) contra aquele (ou aquela) que fez o primeiro disparo. Mas se você age diferentemente às expectativas do seu opositor, essa atitude causará um bom embaraço no coração dele, o que eu chamo de nó. Quando o objetivo é te fazer chorar, você sorrir verdadeiramente. Se for a de despertar ira ou raiva, você entoa cânticos de louvor e de gratidão a DEUS, demonstra imparcialidade, força, segurança, e ainda diz: “O SENHOR te abençoe!”, “O SENHOR tem um lindo plano na sua vida”. Foi isso que Moura, mesmo na ignorância espiritual dele, tentou me ensinar. Ele sabia que, como eu estava iniciando a minha carreira como professor, muitas perseguições viriam até mim.
Nunca revidar com a mesma moeda! Nunca realizar os objetivos dos meus adversários, mas, antes, contrariá-los com procedimentos de amor, de justiça e de misericórdia.
Essa sabedoria concorda com o que JESUS nos ensinou: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelo que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:43-44). Observe que JESUS nos chama para sermos diferentes e fazermos a diferença onde quer que estejamos.
Tanto no ambiente familiar como no profissional, a classe e a esperança precisam ser preservadas. Um marido, que só vê defeitos na esposa virtuosa, é porque está com o coração contaminado e a alma oprimida pelos demônios. Nada do que a esposa faz o agrada. O objetivo dele é que a esposa deixe explodir o pavio, o incêndio cubra todo o lar e termine buscando a separação e o divórcio. Com essas atitudes estranhas, esse marido começa a cavar o buraco da separação. Na relação profissional, a mesma coisa. De tanta humilhação, a funcionária cristã, um dia, não vai aguentar e vai terminar pedindo demissão, imagina o patrão opressor. E, assim, como diz a Bíblia em 1 Coríntios 7:15, tanto a demissão como o repúdio familiar devem partir do ímpio, jamais do cristão.
Se o patrão ímpio der a demissão, o cristão deve entender que o seu ciclo naquela empresa terminou e que o SENHOR está fechando aquela porta para abrir outra melhor. Nada de tristeza, nem murmuração, muito menos de desesperança. Se o marido quiser se apartar, a esposa cristã deve aceitar a separação, mas nunca desistir do seu cônjuge opresso com quem tem uma aliança divina. O fato de ele sair de casa não significa que já está condenado ao inferno nem que DEUS não possa transformá-lo em um marido diferente. Em ambos os casos, as últimas palavras devem ser: “O SENHOR TE ABENÇOE E TE GUARDE. MUITO OBRIGADO (A) POR TUDO”. Isso é o que eu chamo de manter a classe, como também dar um nó na cabeça do outro.
Existe uma canção secular cujo refrão enfatiza: “É preciso saber viver”. Sabedoria divina. Nada mais que isso precisamos para viver uma vida exemplar e obtermos vitória diante de tantos adversários.
Em minha vida já vi muitas situações de perseguições serem revertidas pelo procedimento correto das pessoas perseguidas. O perseguidor, ao final de tudo, fora liberto e terminou conhecendo o SENHOR que a pessoa perseguida serve. É o poder e o impacto que um testemunho correto causa na vida do outro. O que não devemos é querer ser senhor de nós mesmos, agindo com a força do nosso braço ou fazendo a nossa justiça. Lembre-se: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:20).
Temos um SENHOR, que também é o JUIZ dos juízes. É ELE quem tapa a boca dos leões e não deixa que a fornalha atinja a vida dos Seus servos fiéis. Se um dia entregamos a nossa vida a JESUS, foi para que ELE se tornasse SENHOR. Pensando assim, manteremos sempre acesas as chamas da classe e da esperança dentro de nós.
Que o SENHOR nos abençoe!!
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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