O título acima dá nome ao mais novo livro que acabo de escrever. É uma demonstração clara e inequívoca de que o divórcio e a religião protestante sempre estiveram intimamente ligados e possuem um casamento desde as suas origens.
Recentemente, nas redes sociais, uma famosa rede de fast-food divulgou um comercial onde se fazia uma doutrinação favorável do homossexualismo junto a crianças. É claro que houve uma manifestação contrária em massa por parte dos religiosos protestantes, visto que as Sagradas Escrituras, segundo eles, são claras quanto à reprovação de tal prática sexual.
Dentre as manifestações de repúdio, houve a de uma instituição de ensino protestante, que saiu em defesa das crianças e condenando tal doutrinação, o que resultou em críticas ferozes e ameaças de denúncias por parte da sociedade em geral. Na época, inclusive, orei bastante por aqueles da escola que estavam à frente dessa batalha e passei a segui-la nas redes sociais.
Passado algum tempo, depois que tudo esfriou e caiu no esquecimento, participei de uma publicação, onde a dona da escola pedia para os seus seguidores fazerem perguntas e comentários aleatórios, sobre qualquer tema. É claro e natural (e ninguém deveria esperar outra coisa), fiz uma indagação sobre o divórcio e o recasamento de pessoas divorciadas (que tal estado constitui adultério aos olhos de DEUS) na postagem da escola.
Para minha surpresa, a resposta veio no campo privado de diálogos: “Deus odeia o divórcio e não é plano dEle para o homem. Mas, existem situações em que é permitido que a mulher ou o homem se case de novo. Você encontra alguns (sic) em 1 Coríntios 7”. De imediato, retruquei essa informação, apresentando-me humildemente como um pastor evangélico e um estudioso do tema há mais de 20 anos.
A pessoa do outro lado (um homem), muito incomodada com aquilo, gravou 4 vídeos seguidos e me enviou, afirmando que a dona da escola havia se divorciado do primeiro marido dela, pelas exceções delegadas pela Bíblia, que havia sofrido muito no primeiro casamento e que agora estava casada com ele (o cidadão do vídeo), que ambos estavam felizes e glorificando a JESUS aqui na terra.
Confesso que minha intenção não foi a de escancarar a incoerência da fé de ninguém, pois nem eu mesmo sabia que a dona da escola havia se divorciado do primeiro marido e se casado novamente com outro homem. Porém, algo me deixou muito preocupado (vou compartilhar agora com vocês):
O divórcio, nos anos 50, 60 e meados dos anos 70, foi um tema amplamente debatido e combatido por aqueles que se diziam defensores da família tradicional, especialmente nos templos denominacionais protestantes. Como exemplo, tenho em mãos dois cadernos da EBD (Escola Bíblica Dominical) da famigerada instituição religiosa Assembleia de DEUS datados de épocas distintas.
O primeiro, do primeiro trimestre de 1973, na página 8, abre o capítulo ensinando que “O CASAMENTO DEVE SER INDISSOLÚVEL; que os cônjuges devem evitar tudo o que possa perturbar a união conjugal”. Duas páginas após, está escrito que “o divórcio, os desquites, as separações, os lares desfeitos, as desarmonias conjugais, são todas coisas erradas. A nossa responsabilidade como filhos de DEUS é de lutar pela harmonia do lar. (…) O matrimônio representa uma sociedade.
O marido e a mulher são cooperadores com DEUS”. Nenhuma passagem do livreto defende o recasamento em caso de adultério de um dos cônjuges, abandono do lar ou situação parecida. O segundo caderno, que compreende o 2º trimestre de 2004, já apresenta uma posição relativista: “Embora o divórcio seja uma tragédia, a infidelidade conjugal é um pecado tão cruel contra o cônjuge inocente, que este tem o justo direito de pôr termo ao casamento mediante o divórcio. Neste caso, ele ou ela está livre para casar-se de novo com um crente (Mateus 19:9)”.
O que teria causado a mudança de pensamento e de fé de muitos protestantes? O Dr. Albert Mohier, Presidente do Seminário Teológico Batista do Sul, nos EUA, afirma que “os protestantes começaram a mudar de opinião acerca do divórcio quando o mesmo ficou comum e tinha chegado com força às proximidades de seus lares”.
Já Mark Smith, professor de Ciência Política na Universidade de Washington, complementa: “As igrejas protestantes simplesmente permitiram que a cultura secular decidisse que o divórcio não é uma questão importante, e que é um assunto puramente particular”.
Ou seja, ou a fé protestante absorveria a cultura mundana, ou não subsistiria financeiramente devido à escassez de membros, já que um número grande de seguidores teria adentrado às portas do divórcio e de um novo casamento. Entre as duas alternativas, pela realidade atual, é fácil saber qual o caminho escolhido.
Conforme ainda argumenta o Professor Smith, “a Bíblia condena o divórcio de modo bastante energético. Por esse motivo, o natural seria vermos evangélicos reivindicando a inclusão do divórcio numa lista de preocupações e objetivos centrais. Mas isso não ocorreu.
Os evangélicos têm toda razão e merecimento quando reivindicam leis que defendem a santidade da vida humana. Mas isso não ocorre quando a questão é o casamento. Os evangélicos permitiram que a cultura secular da sociedade prevalecesse sobre a Palavra de DEUS”.
Enquanto a prática homossexual não se tornar algo comum entre os membros protestantes, ela estará sendo combatida com veemência e fazendo parte dos discursos mais calorosos entre os seus líderes. Mas se faz necessário saber que, se fôssemos pesar as consequências de um e de outro pecado, o divórcio se apresenta muito mais nocivo e prejudicial.
Crianças ficam sem pais, esposas sem maridos, lares são destroçados e o casamento, primeira instituição criada por DEUS, é irreparavelmente arruinado quando o divórcio é aceito sem resistência alguma.
JESUS e o apóstolo Paulo, pelo Espírito de DEUS, foram consensuais, enfáticos e categóricos ao afirmarem que segundo casamento de pessoa divorciada é adultério continuado, que produz a morte espiritual dos envolvidos.
A separação de corpos é até aceita em casos extremos (1 Coríntios 7:15), porém, um novo casamento jamais (Marcos 10:11-12; Lucas 16:18; Romanos 7:2-3; 1 Coríntios 7:39).
Um estudioso mundano disse recentemente que é de morrer de rir quando assiste os protestantes defendendo a família tradicional, quando, no meio delas, o índice de divorciados é equiparado ao do mundo. De uma forma geral, é flagrante a incoerência da fé dos protestantes quando, de um lado, o divórcio é adotado, privatizado e suavizado (segundo as conveniências de cada um), enquanto que a prática homossexual é algo público e duramente reprovado (lembrando que há um número muito maior de passagens bíblicas que condenam o divórcio e um novo casamento do que mesmo o homossexualismo).
Agora compreendo porque aquela jovem empresária do ramo educacional condenou com tanta veemência o comercial de uma rede de lanchonete (que fazia apologia ao homossexualismo; mas que, no entanto, afirmou que o divórcio e o recasamento dela não são da conta de ninguém (porque é um assunto que só interessa a ela). São os acasos da incoerência…
Ora vem, SENHOR JESUS.
Pr. Fernando César – É líder do Ministério Restaurando Famílias para CRISTO, escritor, palestrante, um dos principais antidivorcistas do Brasil e defensor das famílias e dos casamentos lícitos aos olhos de DEUS.
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