Quando se fala na palavra divórcio, automaticamente vem à tona a ideia de que um casamento fora desfeito. De fato, esse é o sentido onde o termo está mais associado e é mais empregado. Mas, é óbvio que uma pessoa pode se divorciar de uma roupa, de um carro ou até mesmo de um sentimento ruim.
Em todos esses exemplos, a palavra é utilizada no sentido de se separar, de não querer mais, de quebra de vínculo com alguém ou alguma coisa.
Divórcio, nos tempos remotos da Bíblia, era um termo usado no mesmo sentido de repúdio, ou seja, de separação apenas. Daí, muitos tradutores do Livro Sagrada dos cristãos misturarem uma e outra palavra quando na transcrição do famoso versículo de Malaquias 2:16: “Porque o SENHOR, o DEUS de Israel diz que odeia (ou abomina) o… REPÚDIO”.
Divórcio, como instituto do Direito Civil, que promove a abertura do fim do casamento civil e a consequente possibilidade de um cônjuge divorciado vir a se casar de novo, só surgiu em meados do século XVIII, ou seja, a partir de 1789, com a Revolução Francesa, com os seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Antes, em meados do século XVI, essa ideia de recasamento de pessoa divorciada só fora trazida à discussão, em primeira ordem, pelo humanista católico Erasmo de Rotterdam, que deu toda sustentação ao tema e influenciou os reformadores protestantes.
Erasmo de Rotterdam é, digamos assim, o pai do recasamento de pessoa divorciada; e todos os demais protestantes compraram e venderam essa ideia nos quatro cantos do mundo.
Antes, o universo dos cristãos só conhecera o ensinamento da indissolubilidade do casamento, ou do fim deste só por meio da morte, que antes de ser adotado pela religião católica romana, é bíblico (Romanos 7:2-3 e 1 Coríntios 7:39).
No Brasil, um político abraçou a ideia do divórcio e do novo casamento e passou mais de duas décadas para que a mesma fosse aprovada no Congresso e virasse lei. Trata-se do Senador Nelson Carneiro que, também por razões pessoais (era viúvo e queria se casar com uma divorciada peruana), promoveu um verdadeiro enfrentamento à igreja católica romana, mesmo explicando para os seus opositores da época que a Lei do Divórcio (6.515/77) não atingiria o sacramento do casamento religioso, que este permaneceria intacto.
Hoje, em 2017, lá se vão 40 anos da aprovação de uma lei que causou o maior rebuliço na sociedade brasileira, mudando o perfil das famílias. De 1977 para cá, muitas adaptações já foram realizadas, especialmente no sentido de facilitar o trâmite para as pessoas interessadas.
Mas, existem aqueles que são radicalmente contra esse instituto civil, que o veem como um câncer nas famílias e um grande mal para a sociedade como um todo, como esse humilde escritor que lhes escreve estas páginas.
Os verdadeiros cristãos, discípulos do SENHOR JESUS, são contra o divórcio, e nem poderia ser diferente; embora muitos ainda se sintam desesperados e perdidos quando são obrigados a enfrentarem e a aceitarem o “fim” do casamento (o maior problema que observo não é com o divórcio em si no meio cristão, mas na falta de orientações corretas a partir dele).
Uma verdade precisa ser estabelecida definitivamente no coração dos cristãos que enfrentaram e estão a enfrentar o divórcio contra as suas vontades: DEUS IGNORA COMPLETAMENTE O DIVÓRCIO. PARA DEUS, O DIVÓRCIO NÃO EXISTE; NÃO AFETA O CASAMENTO LÍCITO UNIDO E TESTEMUNHADO POR ELE (QUANDO É REALIZADO ENTRE UM HOMEM E UMA MULHER QUE NUNCA FORAM CASADOS ANTES, OU VIÚVOS; QUANDO SE DECLARAM PUBLICAMENTE E ESPONTANEAMENTE UM PARA O OUTRO; QUANDO HÁ TESTEMUNHAS – NÃO NECESSARIAMENTE UM SACERDOTE -; QUANDO HÁ, POR FIM, A CONJUNÇÃO CARNAL), ainda que os homens da lei e muitos religiosos tentem dar uma compreensão diferente.
E se DEUS ignora o divórcio, você também precisa ignorá-lo. Porque o controle da existência de um casamento lícito aos olhos de DEUS (o primeiro de ambos) não está ao alcance de homem nenhum, mas do SENHOR. Em linhas gerais, o casamento está ligado a duas vidas, de sexo oposto, que se unem com a finalidade de terem relação sexual.
Usando de uma redundância para se entender melhor: enquanto uma dessas vidas estiver viva, o casamento estará de pé. O homem natural só tem controle sobre aquilo que ele cria. Por exemplo: um artista passou horas construindo um castelo com a areia da praia. Mediu todo o espaço e fez da forma que queria. O enorme castelo de areia logo despertou a atenção de muitos.
Saiu lindo e majestoso. Porém, em determinado momento, cansado da obra que tinha feito e que tinha controle absoluto sobre ela, o artista decidiu destruí-la. Mas com o casamento é bem diferente. Não foi o homem quem o criou. Não está no poder de suas mãos nem de sua vontade a capacidade de desfazer (a não ser que ele cometa suicídio, liberando a vida do outro).
Porque antes do nível físico, visível, material e social, o verdadeiro casamento é uma instituição espiritual, testemunhada por um SER espiritual. No máximo, as pessoas se tornam apenas peças importantes, elementos fundamentais do casamento, mas sem o poder de desfazê-lo.
Já li muitos livros que falam sobre anulações de um casamento católico, por exemplo. Ora, se a liderança católica entende que um casamento, realizado por um padre católico, pode ser anulado (consideremos um casamento lícito para DEUS), isso nos leva ao entendimento que este casamento não pertenceu ao plano de DEUS; que ela, a instituição religiosa, tem soberania total sobre o evento que fora apenas realizado por ela, o que não é verdade. É claro que estou considerando um casamento que fora lícito aos olhos de DEUS e que passou por problemas adiante.
Os casamentos protestantes são os mais possíveis de serem destruídos, porque a raiz doutrinária do tema casamento é errada, mal elaborada, antibíblica; e também porque as pessoas recebem o aval de suas lideranças para um novo casamento, quando ocorrem, por exemplo, o adultério de um dos cônjuges, a deserção familiar ou mesmo quando os dois dizem não querer mais a vida de casados. Daí também o número de pessoas divorciadas e recasadas nos templos protestantes ser gigantesco.
Por último, a visão equivocada do casamento civil, que é visto como um mero contrato, um mero estabelecimento de obrigações civis. Se é civil, é totalmente controlado pelo homem da lei, e é puramente do mundo.
Foi esse homem quem fez e o estabeleceu; ele se sente soberano sobre a coisa criada. E se uma das peças do casamento quiser e motivar a Justiça pelo fim desse contrato, existe um instituto, também criado pelo homem, que dá respaldo, chamado DIVÓRCIO.
O divórcio nada mais é que um instituto civil, que põe fim ao casamento enquanto contrato. Mas, ainda que o casamento tenha sido realizado só no Civil, sob a égide de um Juiz de Paz, se estiver dentro das exigências de um casamento feitas por DEUS, nem a lei nem homem nenhum poderão desfazer, porque a principal testemunha dele foi DEUS, e não o homem. Uma pessoa pode estar divorciada para a lei civil, para a sociedade, mas casada para DEUS. E é geralmente isso que acontece.
O maior erro, portanto, está nas três visões equivocadas que os doutrinadores da lei e as lideranças religiosas lançam sobre o casamento. A grande pergunta que deveria ser pensada e feita antes de qualquer casamento a ser realizado é: ESSE CASAMENTO É OU NÃO LÍCITO AOS OLHOS DE DEUS? Se a resposta for SIM, esqueça automaticamente o instituto civil do divórcio; ele simplesmente inexistirá para esse casamento enquanto os cônjuges viverem.
O grave problema que vejo em um divórcio se estabelece no seguinte aspecto: se uma pessoa, que o busca pelo fim do seu casamento (seja esse casamento católico, protestante ou simplesmente civil, se esse casamento for lícito aos olhos de DEUS), desconhecer essa verdade sobre o casamento dela, facilmente ela incorrerá em um novo casamento, ou seja, um adultério continuado aos olhos de DEUS, porque, para o SENHOR, o único motivo que pode pôr fim a um casamento testemunhado por ELE é a morte (porque na morte cessa a total possibilidade e esperança de os cônjuges terem conjunção carnal entre si).
Muitas pessoas cristãs se aterrorizam mais com a simples pronúncia da palavra divórcio do que necessariamente com o suposto fim do casamento. A palavra divórcio se torna um fantasma que acompanha a pessoa durante as 24 horas do seu dia, impedindo-a de comer, de dormir e de viver.
Na verdade, até a ideia de que um casamento lícito para DEUS fora desfeito é totalmente vazia, não tendo respaldo bíblico nem a anuência do SENHOR DEUS.
O problema das pessoas repudiadas, especialmente as mais jovens e as verdadeiramente cristãs, é o medo da possibilidade de passarem o resto da vida sozinhas. Mas até esse medo deixa de fazer sentido, quando se está com a vida no controle de DEUS.
Quem crer em DEUS não pode incutir na cabeça que a separação física e o divórcio são o fim de um casamento. Cremos em um DEUS que, quando lançamos a fé verdadeira NELE, imbuídos da verdadeira doutrina e conhecimento em nosso coração, nos tornamos testemunhas dos Seus gigantescos milagres.
A vida e consequentemente o casamento estão apenas sob o controle absoluto de DEUS. O fim deles só ELE pode dizer e estabelecer. Não há lei nem homens que possam fazer diferente. Graças a DEUS por isso!
No Amor de JESUS,
FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é pastor e líder do Ministério Restaurando Famílias para Cristo.
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